Brics atrai interesse de países e deve crescer na próxima cúpula
Próxima cúpula dos Brics acontece em outubro, na Rússia, e movimentação indica que bloco pode se expandir novamente após reunião
atualizado
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Faltando mais de um mês para a próxima cúpula dos Brics, a movimentação em torno da reunião mostra que o bloco – originalmente composto por Brasil, Rússia, India, China e África do Sul – pode ganhar novos membros e expandir sua influência global.
Segundo Moscou, mais de 30 líderes internacionais foram convidados para a reunião, que acontece entre 22 e 24 de outubro em Kazan, na Rússia. Deste número, 18 já confirmaram presença.
O porta-voz do Kremlin, Dmistry Peskov, revelou que a adesão de novos países será pauta no encontro de lideranças do bloco de economias emergentes, mas alertou que a possível expansão deve ser analisada com cuidado e limites.
“Naturalmente, há limites para a expansão do Brics. Existem propostas sobre as nações parceiras do Brics. Portanto, todos nós teremos que decidir juntos quantos parceiros podemos ter e quem são eles”, revelou Peskov, nessa quarta-feira (4/9).
Os Brics já se expandiram no último ano, com a entrada de cinco novos membros. Após a cúpula de Joanesburgo, na África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã se uniram ao bloco. A Argentina chegou a ser convidada, mas recuou por decisão de Javier Milei.
Até o momento, Turquia, Palestina, Argelia, Azerbeijão, Venezuela, Bolívia e Malásia já sinalizaram o interesse em ingressar nos Brics.
A possível adesão da Bolívia no bloco, inclusive, já foi vista como “muito positiva” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A questão da ampliação do grupo continuará a ser discutida na Cúpula de Kazan, na Rússia, em outubro. O Brasil vê como muito positiva a inclusão da Bolívia e de outros países de nossa região”, disse Lula durante encontro com o presidente do país, Luis Arce, em julho.
Turquia se distancia da Europa e aliados
Em um movimento surpreendente, a Turquia oficializou o pedido de adesão ao Brics, segundo informações do Kremlin.
O presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, mantém bom diálogo com Vladimir Putin, e chegou a costurar o acordo de grãos entre Rússia e Ucrânia, em 2022. O pacto permitiu o escoamento de grãos, fertilizantes e outros alimentos em meio à guerra na Ucrânia, mas foi suspenso em julho de 2023.
Com o aceno de Erdogan ao bloco de economias emergentes, a Turquia pode se afastar ainda mais de uma adesão na União Europeia (UE), travada desde a década de 90, e ser o primeiro país da Organização do Tratato do Atlântico Norte (Otan) a fazer parte dos Brics.
Venezuela
Em meio ao caos político na Venezuela, Nicolás Maduro é um dos convidados para a cúpula prevista para acontecer em outubro, e pode usar o bloco como forma de retaliar a crescente pressão internacional sobre seu governo.
No início de agosto, o líder chavista afirmou que poderia colocar blocos de petróleo de gás, operados pelos Estados Unidos e aliados, nas mãos dos Brics por conta do não reconhecimento de sua vitória nas últimas eleições presidenciais venezuelanas.
Caracas ainda não informou se o líder chavista irá comparecer ao encontro. O chanceler Yvan Gil Pinto, no entanto, afirmou em uma entrevista no fim de agosto que o governo venezuelano já trabalha nos bastidores para ingressar no bloco.
“Podemos dizer que a Venezuela está de fato se juntando aos Brics”, declarou o diplomata em entrevista à LaIguanaTV.
“Portanto, estamos na órbita dos Brics, enquanto as formalidades e a forma de adesão dependerão do que a organização decidir”, declarou Gil Pinto.