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Brasileiros buscam filha de barriga de aluguel e ficam presos em Kiev

Kelly Muller e Fabio Wilkes chegaram a Kiev ainda em janeiro, mas ficaram presos na capital em razão da invasão russa à Ucrânia

atualizado

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Reprodução/Arquivo pessoal
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1 de 1 familiabrasileira-kiev - Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

O casal de brasileiros Kelly Lisiane Muller e Fabio Wilkes chegou a Kiev, capital da Ucrânia, antes das tropas russas invadirem o país. Eles foram ao Leste Europeu, ainda no início de janeiro, para buscar a filha, Mikaela, gerada em uma barrida de aluguel, mas não conseguem retornar ao Brasil desde a invasão russa.

Em entrevista ao portal G1, a família conta que está presa no que se tornou um abrigo improvisado. Cerca de 40 pessoas, entre adultos, crianças e recém nascidos também estão em uma sala de 40 m², que antes era um refeitório que atendida estrangeiros que vão ao país para buscar as crianças geradas em barriga de aluguel.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

“Escutamos explosões, olhamos pela janela e tem filas de carros parados. É cenário de filme. Quando a minha filha sorri e esqueço que tem uma guerra lá fora. Estamos de mãos atadas, não tem o que fazer com uma bebê recém nascida nos braços”, relatou Kelly.

No local estão estrangeiros da Itália, Alemanha, Noruega, Turquia e outros do Brasil. Todos que estão no abrigo foram para Ucrânia para buscar os filhos que foram gerados por reprodução assistida.

“Enquanto tem criança que brinca, criança que dorme e adultos ligados o tempo todo ao celular tentando falar com as embaixadas. É uma mistura de sensações. Como vou explicar? Enquanto as crianças são ingênuas, os adultos estão preocupados”, contou, preocupada.

Há quase dois meses em Kiev, Kelly disse que não esperava que o conflito pudesse realmente ocorrer.

“Por aqui todos estavam calmos e tentando levar a vida, até que na madrugada de quarta-feira, acordei para ver minha bebê de madrugada e depois vieram as explosões”, afirmou.

“Não tem como eu pegar um ônibus e ir embora”

A ideia inicial do casal era deixar a Ucrânia logo após o nascimento da filha, que ocorreu em 27 de janeiro, mas os dois foram diagnosticados com Covid e precisaram fazer uma quarentena, o que atrasou a burocracia relacionada à documentação da recém-nascida e fez com que a família estivesse no país durante a guerra.

A brasileira relatou que, para ela, a melhor opção no momento é permanecer no abrigo. “A Rússia está invadindo o país, não tem como pegar um ônibus ir embora. Em horas, tudo mudou. A gente tenta passar tranquilidade, mas é muito assustador”, contou.

“Tenho medo de acontecer no trajeto, esse é o motivo para não sairmos. Essa é nossa preocupação: nossa segurança. Agora não é hora de se expor, sair na rua, ficar preso num carro, correr o risco de ficar em um fogo cruzado ou correr o risco de ficar de frente com um grupo. Esse é o motivo que faz a gente permanecer”, prosseguiu Kelly.

Conflito entre Rússia e Ucrânia

A Rússia, com autorização do presidente, Vladimir Putin, iniciou na madrugada de quinta-feira (24) uma ampla operação militar para invadir a Ucrânia. Em pronunciamento, ele fez ameaças e disse que quem tentar interferir no conflito sofrerá consequências nunca vistas na história.

Veja um resumo de como foi a última madrugada:

Na sexta (25/2), em pronunciamento gravado, o presidente do país, Volodymyr Zelensky, alertou que a capital Kiev estava sob perigo de tomada pelos russos e fez um apelo: “Não podemos perder a capital”. O presidente ucraniano ainda afirmou que acredita que os conflitos irão se acentuar.

“O destino do país será decidido agora. Esta noite será mais difícil do que o dia. Muitas cidades do nosso estado estão sob ataque. Chernihiv, Sumy, Kharkiv, nossos meninos e meninas em Donbass, as cidades do sul, atenção especial a Kiev”, ponderou.

Ele repetiu: “Esta noite será a mais difícil. O inimigo vai com tudo. Devemos resistir. A noite será muito difícil, mas o pôr do sol virá”.

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