Brasileiros apelam a autoridades de Israel para poder receber parentes
Brasil está na lista vermelha de Israel desde abril, por conta do número de casos de Covid no país
atualizado
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Com mais de 20 milhões de casos registrados de Covid-19 desde o início da pandemia, o Brasil está na lista de países cujos cidadãos estão proibidos de entrar em Israel. Somam-se aos brasileiros viajantes de Reino Unido, Turquia, Chipre, Geórgia, Argentina, Bielo-Rússia, Índia, Quirguistão, México, Rússia, Espanha, África do Sul e Uzbequistão., Reino Unido, Turquia, Chipre, Geórgia, Argentina, Bielo-Rússia, Índia, Quirguistão, México, Rússia, Espanha, África do Sul e Uzbequistão.
Entre os critérios que o governo israelense usa para decidir qual país entra na lista de alto risco para Covid-19 está o nível de mortalidade da doença. No Brasil, quase 575 mil pessoas já morreram em decorrência de complicações por coronavírus.
Um comitê de exceções, chefiado por funcionários da Autoridade de População e do Ministério da Saúde de Israel, pode autorizar, excepcionalmente, a entrada de algumas pessoas em casos de natureza oficial ou em caráter humanitário, que incluam familiares de primeiro grau de brasileiros residentes em Israel ou estudantes matriculados em instituições israelenses de ensino superior.
O problema é que muitas dessas autorizações não ficam prontas a tempo.
É o caso da analista de dados Taliah Waksman, que mora em Jerusalém com o marido, Netanel, o filho Biniamin, de 3 anos, e um bebê, que nasceu na semana passada. Para ter um parto mais tranquilo, ela pediu com antecedência às autoridades israelenses para que sua mãe, que mora no Brasil, pudesse acompanhar o parto. “Como eu não tenho nenhum familiar em Israel, eu não tinha ninguém para ficar com o Biniamin enquanto eu fosse ao hospital. Por isso queria tanto que a minha mãe viesse”, conta.
Mas ela não teve qualquer resposta e a mãe precisou cancelar as passagens em cima da hora. Por sorte, uma amiga passou a madrugada na casa da Taliah com o filho pequeno, enquanto ela dava à luz. Mesmo assim, a analista de dados diz que no parto do filho mais velho a presença da mãe fez toda a diferença. “Ela acabou chegando uma semana depois de o Biniamin nascer, mas ficou 30 dias cuidando de mim”, recorda.
Quem também aguarda resposta é a engenheira civil Priscilla Troib. Há 40 dias ela ligou para o Consulado de Israel no Brasil e encaminhou a documentação solicitada, mas, até o momento, não obteve retorno. “Não tenho família aqui para me apoiar, e, como tenho filhos mais velhos, preciso que minha mãe venha me ajudar”, diz a engenheira, que deve ter bebê em outubro.
De Israel para o Brasil
Quem está em Israel, mesmo que seja cidadão, não pode viajar nem para o Brasil nem para os demais países da lista vermelha, exceto quem tenha uma autorização emitida pelo Comitê de Exceções. Quem descumpre a norma precisa pagar uma multa de 5 mil shekels na volta, o equivalente a R$ 8,3 mil.
Mas nem todo mundo consegue essa permissão. Por isso, brasileiras que vivem em Israel fizeram um abaixo-assinado contestando o fato de os imigrantes brasileiros não poderem viajar à sua terra natal para visitar parentes de primeiro grau. O documento, que conta com pouco mais de duas mil assinaturas, afirma que esse é um direito básico e diz que a situação atual representa uma discriminação injustificada com base no país de origem. O abaixo-assinado aguarda mais três mil assinaturas antes de ser encaminhado às autoridades.
Pedidos
Os pedidos de entrada de parentes estrangeiros de cidadãos israelenses no país são feitos por meio de formulários on-line, nas páginas do Ministério das Relações Exteriores ou da Autoridade de População e Imigração do Ministério do Interior.
No documento, é necessário informar a data programada do voo. Também é necessário anexar uma cópia legível do passaporte do requerente, do certificado de vacinação ou comprovação médica de recuperação de Covid-19, além de documentos adicionais que expliquem o motivo da solicitação de entrada em Israel.
Um Comitê de Casos Excepcionais é responsável pela análise de caso a caso e, segundo a imprensa local, está sobrecarregado de pedidos.
Justificativa israelense
Em entrevista recente publicada pelo jornal The Jerusalem Post, o diretor-geral do Ministério da Saúde, Chezy Levy, afirmou que a entrada no aeroporto, mesmo para os vacinados, pode ser um porto para variantes, o que é mortalmente perigoso. “Você não pode permitir que as pessoas entrem e saiam e não tenha nenhuma barreira, nenhum porteiro do mundo faz isso”, afirmou Levy.
Ele disse ainda que Israel teme que o vírus volte a se espalhar pelo país. “Estamos realmente nervosos de que a abertura dos céus possa nos trazer de volta ao ponto em que estávamos”, disse o diretor-geral.