Brasileiro morto em incêndio florestal vivia em Portugal havia 5 anos
Carlos Eduardo Neves, 28 anos, morreu carbonizado ao tentar salvar as máquinas da empresa onde trabalhava, em Albergaria-a-Velha
atualizado
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O brasileiro que morreu durante um incêndio florestal em Portugal, na segunda-feira (16/9), foi identificado como Carlos Eduardo Neves, de 28 anos. Ele tentava salvar as máquinas da empresa onde trabalhava quando foi atingido pelas chamas.
Em Portugal, especialistas informaram que, em apenas dois dias, houve mais áreas queimadas na região do que no restante do ano. O tempo seco e os ventos contribuíram para a propagação dos incêndios, que, só na segunda-feira, somaram mais de 100 focos, a maioria na parte central do país.
Carlos encontrou esse cenário de filme quando saiu para trabalhar naquela segunda em Albergaria-a-Velha, na região de Aveiro.
“Por volta das 7h20, ele me mandou alguns vídeos, com o fogo já próximo das máquinas de onde ele deveria ir trabalhar. Eu fiquei um bocado preocupada”, contou Juliana Almeida, namorada dele, em entrevista ao Fantástico.
Anny Justino, irmã de Carlos Eduardo, mora na Suíça e teve de ir de carro até Portugal devido aos incêndios. Ela viajou um dia após saber da morte do irmão. “O avião não podia decolar por causa da fumaça intensa e do fogo”, explicou ela à reportagem da TV Globo.
Carlos era funcionário de uma empresa de exploração florestal e foi ao local com outros colegas para recuperar alguns equipamentos que corriam o risco de serem atingidos pelas chamas.
O corpo dele foi encontrado perto da caminhonete que ele usava para ir ao trabalho. “Deixaram essa pessoa ir de encontro à morte, ao perigo. Não o protegeram. Deram a chave da caminhonete e o deixaram ir”, lamentou a namorada.
A empresa onde Carlos trabalhava tinha autorização para retirar madeira na área onde ocorreu o incêndio. A polícia portuguesa investiga se o brasileiro e os colegas foram forçados pelos patrões a irem até lá — os responsáveis da empresa negam essa versão.
Sonho de ser comediante
Carlos era do Recife e, desde que chegou a Portugal, havia cinco anos, teve várias ocupações antes de ser contratado pela empresa de exploração florestal.
Bastante ativo nas redes sociais, o pernambucano, que usava o apelido de “Chantilly Papai”, costumava mostrar a rotina para os seguidores.
No verão, dedicou-se à venda de bolas de Berlim nas praias da região de Aveiro. O último post do feed do Instagram, e, 28 de agosto, Carlos mostrava o trabalho na praia. “Olha a bolinha, olha, olha a bolinha aqui na praia, ainda tem com creme e tem sem creme”, cantava.
“Ele era muito alegre. Ninguém ficava triste ao seu lado. O sonho dele era gravar umas canções em Portugal e conseguir fazer espetáculos na área de comédia, que era aquilo no que ele era muito engraçado, muito bom”, destacou a irmã.
No Brasil, Carlos tinha uma filha, de 1 ano. Com frequência também publicava fotos da bebê e demonstrava a saudade da criança.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil lamentou a morte de Carlos Eduardo e das outras pessoas atingidas pelos incêndios em Portugal.