Israel x Hezbollah: brasileiro no Líbano relata tensão cada vez maior
Temor é de que novas agressões entre Irã, Hezbollah e Israel mergulhem o Líbano em uma nova guerra
atualizado
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A possibilidade de uma guerra no Líbano entre Israel e Hezbollah aumentou nas últimas semanas, após diversos episódios colocarem ainda mais gasolina no já inflamado Oriente Médio. Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, o clima no país é de preocupação e tensão generalizada.
“A situação no Líbano não está bem. Estão acontecendo ataques todos os dias, e as pessoas estão morrendo”, relata o líbano-brasileiro Hussein Ezzddein. “Eu vim do Brasil para o Líbano há duas semanas para visitar a minha família, e a situação está muito delicada”, revela.
O temor da explosão de um conflito no Líbano não é recente. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, o Hezbollah disse estar em “estado de guerra” e iniciou uma série de ataques contra posições israelenses na fronteira em apoio ao Hamas, abrindo uma nova frente de batalha na região.
Israel passou a responder os ataques com bombardeios e chegou a ameaçar uma nova invasão ao Líbano, como em 2006, quando o país foi palco de um conflito de 34 dias com o Hezbollah.
Novo cenário
Apesar da retórica agressiva entre os dois lados durante os últimos nove meses, foram eventos recentes na região que acenderam o alerta vermelho em países vizinhos e no restante da comunidade internacional, com diversos países recomendando que seus cidadãos saiam do Líbano.
“Agora parece que vai acontecer uma guerra de verdade, pois vários países estão pedindo a retirada de cidadãos do Líbano”, diz Hussein em tom preocupado.
A ordem de representações diplomáticas no Líbano para que seus cidadãos deixem o país surgiu após a morte de dois nomes importantes do Hamas e do Hezbollah, na última semana.
O primeiro deles foi um golpe contra o grupo libanês, após o assassinato do comandante Fuad Shukr, em Beirute. Dias depois, o ex-líder político do Hamas Ismail Haniyeh foi morto na capital do Irã, Teerã. Ambas as mortes foram reivindicadas por Israel, que começou a ser alvo de ameaças do chamado “eixo da resistência”.
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que Israel cruzou uma linha vermelha ao assassinar Shukr, considerado o número dois do grupo, e chamou de “inevitável” uma resposta contra o país liderado por Netanyahu.
Após o assassinato de Ismail Haniyeh, foi a vez do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, jurar vingança pela morte do líder político do Hamas na capital iraniana, elevando ainda mais as chances de uma guerra em grande escala na região.
Drama pessoal
Em meio à incerteza de uma escalada na violência no Líbano, Hussein ainda enfrenta um drama pessoal, provocado pelos bombardeios no país.
Morador de São Paulo, Hussein é um dos primos de Fatima Boustani, atingida por um ataque aéreo de Israel no sul do Líbano junto de dois de seus quatro filhos, no início de junho.
A brasileira, de 30 anos, passou por três cirurgias e chegou a ficar internada por dez dias antes de receber alta, mas não sem sequelas do ataque.
“A Fatima está em casa, mas está com a perna muito afetada”, revela Houssein. “Ela não consegue andar, está de cama e vai precisar fazer mais quatro cirurgias”.
Apesar do risco de uma guerra explodir no Líbano, e do pedido do Itamaraty para que brasileiros saiam do país, Houssein diz não ter uma data definida para voltar a São Paulo, onde mora com o marido de Fatima, Ahmad Aidibi.