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Brasileiro conta por que decidiu largar tudo e ir ao front da guerra na Ucrânia

Em entrevista ao Metrópoles, brasileiro que luta na guerra dá detalhes sobre decisão de ir para o front de batalha ao lado dos ucranianos

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Os gastos militares de Rússia e Ucrânia antes do início da guerra tiveram reflexo direto no campo de batalha. Em 2021, a Rússia investiu mais de US$ 65 bilhões na área militar, enquanto a Ucrânia desembolsou cerca de US$ 5,9 bilhões, segundo dados do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo. Com isso, as tropas russas largaram com vantagem de cerca de 500 mil militares a mais do que as forças ucranianas, de acordo com número da empresa de análise militar Janes.

Para se igualar ao adversário, Volodymyr Zelensky decidiu apelar à comunidade internacional. Sete dias após a invasão, o presidente da Ucrânia pediu que soldados ao redor do mundo se juntassem à Legião Internacional Ucraniana para combater ao lado das tropas ucranianas.

O chamado de Zelensky chegou até o Brasil e mudou os rumos da vida de um ex-policial militar do estado de São Paulo.

 

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Em entrevista ao Metrópoles, Maxuel Vukapanavo, 32 anos, revela o que o motivou a largar os planos e decidir ir para o front de batalha na Ucrânia, em março de 2022. Ele também detalha como funciona o treinamento e a rotina dos membros da Legião Internacional Ucraniana.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

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Qual caminho você trilhou até chegar aos fronts de batalha da Ucrânia? 

Antes da guerra, eu fui policial militar em São Paulo por 10 anos. Estava de malas prontas para a Califórnia quando ouvi meu chamado, e então embarquei para a Ucrânia para lutar por democracia, liberdade e libertar o oprimido. Cheguei na Polônia e fui recrutado em uma cidade polonesa na fronteira. No mesmo dia me apresentei em um batalhão da Legião Internacional Ucraniana. Fui treinado por instrutores das Forças Especiais da Ucrânia. Conseguimos formar um grupo muito sólido, com mais da metade sendo oriunda de exércitos da Otan. Então, rumamos para Kharkiv. Desde então, estamos lutando, resistindo e vencendo o invasor terrorista.

O que te motivou a tomar essa decisão?

Sou amante da liberdade e da democracia. Quando ficou claro que a Rússia estava tentando escravizar uma nação soberana, não tive dúvidas, esta era a coisa certa a se fazer. Vladimir Putin está tentando reestabelecer uma União Soviética 2.0. Não podemos permitir que a tirania vença.

Os membros da Legião Internacional Ucraniana recebem suporte do governo?

Temos os mesmo deveres e direitos de um soldado ucraniano. Recebemos salários e equipamentos avançados da Otan. Somos parte integrante do Exército da Ucrânia. Temos contrato assinado com o Ministério da Defesa.

Quantas nacionalidades compõem o grupo?

Na minha unidade temos mais de 20 nacionalidades. A maioria é de europeus e latinos. Também temos muitos americanos.

Você mencionou a presença de soldados vindos da Otan nas tropas da Legião Internacional Ucraniana. São militares ainda em atividade? 

Os soldados que aqui estão já não têm qualquer vínculo com seus exércitos de origens. Porém, vários deles vieram com experiência da Guerra do Afeganistão e Iraque. Existem também aqueles que não estiveram em guerras, porém serviram em exércitos europeus, americanos e canadense.

Quem lidera a Legião Internacional Ucraniana?

No nível estratégico e gerencial, somos liderados por comandantes ucranianos que falam inglês. No nível operacional, nós estrangeiros é que lideramos. Eu, por exemplo, já fui Comandante de Pelotão em algumas ocasiões.

Qual a sua missão?

Sou responsável pela guerra antitanque no front que a minha unidade atua. Opero mísseis antitanques, como Javelin e Nlaw, além dos foguetes tradicionais. No front, minha unidade, que é de infantaria mecanizada, assalta posições inimigas com o apoio da artilharia e da cavalaria. Esses assaltos visam libertar vilarejos, florestas e pontos estratégicos. Também guarnecemos linhas defensivas, ou seja, ocupamos trincheiras quando não estamos avançando.

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