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Brasil se une a 8 países para denunciar presidente da Nicarágua na ONU

Os países acusam a Nicarágua de violação dos direitos humanos, tortura e repressão. Ação ocorre após expulsão de embaixador brasileiro

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1 de 1 Imagem colorida de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua - Metrópoles - Foto: Jesus Vargas/Getty Images

Depois de enfrentar tensões diplomáticas com a Nicarágua, o Brasil decidiu se unir a um grupo de oito países para denunciar o governo de Daniel Ortega na Organização das Nações Unidas (ONU).

A ação ocorre após a expulsão do embaixador brasileiro da Nicarágua, em 7 de agosto.

Nesta terça-feira (10/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve aderir a uma declaração conjunta com Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Paraguai e Peru. As informações são de Jamil Chade, colunista do Uol.

A declaração que será enviada a ONU acusa o governo Ortega de tortura, desaparecimento forçado e repressão contra opositores.

Mudança de postura

A iniciativa marca uma mudança na postura do Brasil, que até então se mantinha mais reservado nas críticas ao governo de Ortega.

Em reuniões anteriores na ONU, o Brasil havia expressado preocupações, mas evitava declarações conjuntas para preservar canais de diálogo.

No entanto, o clima de tensão se intensificou após o fechamento de uma câmara de comércio brasileira em Manágua, capital da Nicarágua, e os ataques verbais de Ortega contra o governo Lula.

Em resposta às ações de Ortega, o Brasil também expulsou a embaixadora nicaraguense em Brasília, elevando o tom da crise diplomática.

A adesão à declaração conjunta é vista como um movimento estratégico para alinhar o Brasil com outros países que buscam responsabilizar o regime de Ortega por abusos e repressão.

Denúncia da ONU

O gesto do Brasil foi motivado por novos dados apresentados pela ONU sobre a deterioração dos direitos humanos na Nicarágua.

Um relatório do Escritório de Direitos Humanos destacou o aumento de detenções arbitrárias, intimidações e maus-tratos contra opositores e minorias, especialmente povos indígenas.

“A situação dos direitos humanos na Nicarágua tem se deteriorado seriamente desde o ano passado, com o aumento dos casos de detenções arbitrárias, intimidação de opositores, maus-tratos sob custódia e ataques contra povos indígenas”, aponta o documento.

Segundo o relatório, a perseguição tem se ampliado para qualquer voz dissidente, incluindo defensores dos direitos humanos, jornalistas independentes e organizações não governamentais.

“As autoridades continuam a perseguir não apenas aqueles que expressam opiniões divergentes, mas também qualquer indivíduo ou organização que opere de forma independente ou que não esteja diretamente sob seu controle”, afirma o documento.

Uma das denúncias mais graves refere-se à aprovação de leis que permitem acusações contra indivíduos no exterior por crimes como lavagem de dinheiro, terrorismo e crimes cibernéticos. A questão gera temores de que essas legislações sejam usadas para intimidar exilados e cidadãos estrangeiros críticos ao regime de Ortega.

O relatório também denuncia casos específicos de violações, incluindo 131 opositores presos arbitrariamente em maio de 2024, um aumento significativo em comparação com os 54 casos registrados em junho do ano anterior. Além disso, foram relatadas 10 novas detenções arbitrárias entre junho e julho deste ano.

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