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Bombardeios miram lavouras e põem em risco oferta global de alimentos

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirma que, se nada for feito para frear a guerra, a fome afetará diferentes partes do mundo

atualizado

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Satellite image (c) 2022 Maxar Technologies
magens de satélite Maxar aproximam a imagem multiespectral de tanques de armazenamento de óleo em chamas e área industrial Chernihiv, Ucrâniamagens de satélite Maxar aproximam a imagem multiespectral de tanques de armazenamento de óleo em chamas e área industrial Chernihiv, Ucrânia
1 de 1 magens de satélite Maxar aproximam a imagem multiespectral de tanques de armazenamento de óleo em chamas e área industrial Chernihiv, Ucrâniamagens de satélite Maxar aproximam a imagem multiespectral de tanques de armazenamento de óleo em chamas e área industrial Chernihiv, Ucrânia - Foto: Satellite image (c) 2022 Maxar Technologies

As tropas russas, segundo o governo da Ucrânia, intensificaram os bombardeios em áreas rurais e estão atacando lavouras. A tática impactará diretamente na oferta global de alimentos, sobretudo de grãos, como o trigo. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirma que, se nada for feito pra frear a guerra, a fome afetará diferentes partes do mundo.

Zelensky usou seu discurso no Parlamento italiano, nessa terça-feira (22/3), para reforçar o alerta. “Os ataques russos estão minando a agricultura ucraniana”, frisou.

O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), tem feito alertas para o risco de faltar comida. E isso não somente os cereais, mas toda a cadeia de derivados.

“Um quarto das exportações mundiais de trigo é proveniente da Rússia e da Ucrânia, e 40% do trigo e do milho ucranianos são destinados ao Oriente Médio e à África, que já se debatem com problemas de fome, e onde a escassez de alimentos, ou o aumento dos preços, corre o risco de empurrar milhões de pessoas para a pobreza”, frisa relatório do Fida.

A guerra, segundo informações de agências internacionais de notícias, já faz os preços do cereal dispararem no mundo, subindo 50% no último mês.

Efeito trigo

A Rússia é o principal exportador de trigo do mundo, e a Ucrânia está na lista entre os 10 maiores. Juntos, eles representam 30% do comércio mundial de cereais.

Nações como Líbano, Egito e Iêmen passaram a depender do trigo ucraniano nos últimos anos. Armênia, Mongólia, Cazaquistão e Eritreia importaram praticamente todo o seu produto dos países em conflito.

Com uma possível crise no mercado de trigo, produtos como o pão francês podem encarecer, mesmo em países distantes geograficamente do conflito ou que não estão envolvidos na crise político-diplomática.

Alertas

O G7, grupo que reúne os países mais ricos do mundo, estima que o número de famintos vai aumentar e que a comida pode ficar até 20% mais cara no mundo todo.

Na França, o presidente Emmanuel Macron trabalha com a “desestabilização” da oferta de alimentos na Europa e na África. O problema, para ele, pode se prolongar pelos próximos 18 meses.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Brasil

Em supermercados e padarias, o brasileiro pode esperar o encarecimento de produtos devido à guerra. Como parte significativa do trigo brasileiro é importada, por exemplo, o recrudescimento do conflito e a falta de um cessar-fogo afetam diretamente o preço do pão.

Apesar de o Brasil estar à frente da Ucrânia no ranking de produção, o país europeu ainda tem papel relevante, e os efeitos da quebra da safra afetam o mundo todo.

O milho também sofrerá reajuste. A Rússia vende 17% do milho do mundo inteiro. As sanções econômicas contra o país farão aumentar o preço de carne bovina, suína e frango. Todos esses animais se alimentam de ração que contém soja e milho.

A dependência brasileira do fertilizante russo é outro problema que pode afetar o agronegócio brasileiro. Em 2021, o Brasil foi o sexto maior destino das exportações russas.

Os fertilizantes e adubos foram os produtos mais importados. Com os bloqueios econômicos, a compra desses itens se tornará mais difícil no país.

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