Bolsonaro sobre Previdência: “Responsabilidade está com o Parlamento”
Em visita ao Chile, o presidente disse que reforma “é o único caminho para alavancar o Brasil para o lugar de destaque que merece”
atualizado
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Enviada especial a Santiago (Chile) — No café da manhã com empresários chilenos, neste sábado (23/3), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) falou da desregulamentação da legislação trabalhista e de mudanças no mercado de trabalho. Segundo o chefe do Executivo nacional, no Brasil, deve-se chegar a uma situação que ele definiu como “beirar à informalidade”.
Bolsonaro falou sobre o assunto ao explicar que a equipe do ministro Paulo Guedes pretende “desburocratizar” a economia. “Tenho dito que, na questão trabalhista, nós devemos beirar à informalidade, porque a nossa mão de obra talvez seja uma das mais caras do mundo. A Consolidação das Leis Trabalhistas não se adéqua mais à realidade”, ressaltou o presidente.
A reforma da Previdência também foi um dos temas discutidos. Bolsonaro destacou a dificuldade de aprovar as mudanças, que reconheceu como “traumática”, e a crise com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ).
O presidente não mencionou nominalmente Maia, mas deixou claro que se referia aos problemas que vem enfrentando no decorrer da visita ao Chile. “Os atritos que acontecem no momento, mesmo eu estando calado, fora do Brasil, ocorrem lá dentro porque alguns, não são todos, não querem largar a velha politica, que infelizmente nos colocou numa situação bastante crítica em que nos encontramos”, disse Bolsonaro, mais uma vez associando as dificuldades de tramitação da reforma à permanência da política do “toma lá dá cá”.
Bolsonaro frisou que ainda acredita na aprovação das mudanças constitucionais e diz esperar alterações na proposta, a serem feitas pelos parlamentares. “Nós acreditamos que o Parlamento vai aprovar as reformas, obviamente, com algumas alterações. Mas, no meu entender, serão suficientes para nós sairmos da situação em que nos encontramos”, assinalou.
O tema da Previdência tomou boa parte do discurso aos empresários, com o presidente mostrando-se empenhado na implantação das mudanças para que o país saia da crise. “Nós temos que dar certo. Tenho dito que não é um plano meu, do presidente, do meu governo. É do Brasil. Nós não temos outra alternativa a não ser fazer as reformas. Não é apenas o governo federal que tem uma dívida bastante grande. A maioria dos estados e dos municípios está no mesmo caminho”, avaliou Bolsonaro.
Depois do café com os empresários, Bolsonaro foi recebido pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, no Palácio de La Moneda, para uma visita de Estado. Ao discursar sobre os acordos assinados entre os dois países, Bolsonaro voltou a falar da Previdência.
“Queremos aprová-la. É o único caminho para alavancar o Brasil para o lugar de destaque que merecemos. A responsabilidade está com o Parlamento brasileiro. Essa não é uma questão de governo. É uma questão de Estado, para que não aconteça com o Brasil o que houve em outros países, como alguns da Europa”, disse o presidente.