Bolsonaro discute situação na Venezuela com secretário-geral da OEA
Presidente brasileiro está no último dia de visita aos Estados Unidos, onde se encontra com o norte-americano Donald Trump
atualizado
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Enviada especial a Washington (EUA) – Em encontro com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tratou nesta terça-feira (19/3) da situação na Venezuela. Segundo uma fonte, Bolsonaro disse que “a fraqueza de Nicolás Maduro [presidente do país] é sua fortaleza para manter-se”. Isso quer dizer, segundo a fonte, que por estar numa situação de instabilidade política, Maduro consegue o apoio dos militares venezuelanos de alta patente porque eles também têm interesse em se manter no poder.
Confira fotos da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos:
A Venezuela tem sido assunto constante na visita de Bolsonaro aos Estados Unidos. Em entrevista à Fox News nessa segunda-feira (18), o presidente disse que “o país mais interessado em acabar com o tráfico de drogas e com a ditadura de Nicolás Maduro é o Brasil. Temos uma nova ideologia e vamos procurar a alternativa mais apropriada para a Venezuela voltar a ter paz, democracia e liberdade”.
Em conversas de bastidores com assessores do presidente brasileiro, o que se percebe é que ninguém tem a fórmula para resolver a situação do país com o qual o Brasil compartilha mais de dois mil quilômetros de fronteira. Um desses assessores disse que pode ocorrer na Venezuela uma espécie de “assadização”. Com isso, ele quis dizer que pode acontecer o que ocorre com o presidente da Síria, Bashar Al Assad. Desde 2011, o país enfrenta uma sangrenta guerra civil, sem sinais de queda de Assad. Outros dois cenários mencionados são uma “saddanização” e uma “kaddafização”, em alusão a Saddam Hussein, do Iraque, e Muamar Kaddafi, na Líbia.
Isso revela como nem Brasil nem Estados Unidos sabem qual caminho seguir para alcançar o objetivo declarado de derrubar Nicolás Maduro. Os dois países contavam com um grande número de deserções de militares de alta patente no recente episódio da ajuda humanitária, que seria enviada pela fronteira, comandada pelo líder da oposição a Maduro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional venezuelana. O líder oposicionista se autodeclarou presidente interino e foi reconhecido por vários países, entre eles Estados Unidos e Brasil.
Segundo avaliações de assessores militares do Brasil, Maduro teria o apoio de cerca de dois mil generais das três forças, sendo que muitos deles estariam envolvidos com atividades criminosas, daí a manutenção do suporte deles a Maduro. “As deserções não foram impactantes”, avaliou uma fonte. Sem essas deserções, permanece o impasse na Venezuela. O assunto será tratado também no encontro entre Bolsonaro e o presidente americano, Donald Trump, na tarde desta terça-feira.