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Boatos de que muçulmano matou crianças provocam atos no Reino Unido

A revolta teve início após participantes da Liga de Defesa Inglesa (EDL), movimento da extrema direita, convocarem atos no Reino Unido

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Imagem colorida de protesto nos arredores do Big Ben, em Londres, no Reino Unido - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de protesto nos arredores do Big Ben, em Londres, no Reino Unido - Metrópoles - Foto: Jordan Pettitt/PA Images via Getty Images

As forças de segurança britânicas estão mobilizadas para novas manifestações que ocorrem neste sábado (3/8), após distúrbios ocorridos na véspera na cidade de Sunderland, no nordeste da Inglaterra. A revolta teve início após boatos de que o autor do ataque em que morreram três meninas, na segunda-feira (29), seria muçulmano.

Pelo menos três policiais ficaram feridos e oito manifestantes foram detidos na noite de sexta em Sunderland. Os confrontos com a polícia ocorreram principalmente em frente a uma mesquita da cidade, onde dezenas de moradores se reuniram exibindo bandeiras da Inglaterra e cantando músicas islamofóbicas.

A onda de violência teve início no começo da semana, quando centenas de participantes da Liga de Defesa Inglesa (EDL) — um movimento da extrema direita — convocou protestos após o surgimento de rumores sobre a religião e a identidade do autor do ataque.

Axel Rudakubana, de 17 anos, foi acusado na quinta-feira (1°/8) do assassinato de três crianças e tentativa de assassinato de outras 10 pessoas durante uma aula de dança em Southport, no noroeste, na segunda-feira.

Mais de 30 atos foram convocados em todo o Reino Unido, a maior parte deles respondendo ao lema anti-imigração “Enough is enough” (Já basta), que ganha cada vez mais adeptos nas redes sociais. As manifestações começam a se espalhar para além da Inglaterra: protestos serão realizados também em Cardiff, no País de Gales, e em Belfast, na Irlanda do Norte.

Em Londres, um ato está previsto para este sábado nas proximidades de uma marcha pró-Palestina no centro da capital. A polícia local indicou que reforçou o efetivo e advertiu que “não vai tolerar indivíduos que usam o direito de manifestar como um meio de cometer atos de violência ou de incitar o ódio racial e religioso”.

Em Manchester, no norte, centenas de pessoas se reuniram no centro da cidade após a convocação de grupos antirracistas, em resposta a um ato convocados por militantes da extrema direita.

Segurança reforçada nas mesquitas

Em Londres e em outras cidades do Reino Unido, a polícia reforçou a segurança nos arredores de mesquitas. “A comunidade muçulmana está profundamente preocupada”, declarou Zara Mohammed, secretária-geral do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha.

Na noite de quinta-feira, a organização realizou uma reunião com autoridades de locais de culto para se preparar ao fim de semana de manifestações. Um dos responsáveis presentes “contou que recebeu ligações com ameaças de ataques”, disse Mohammed.

A empresa Mosque Security, que trabalha com segurança das mesquitas, foi requisitada por mais de 100 estabelecimentos muçulmanos dos cerca de dois mil do país. As pessoas que trabalham nas mesquitas “expressam sua vulnerabilidade e medo” e nos pedem “conselhos técnicos”, afirma seu diretor, Shaukat Warraich.

Autoridades e políticos prometem reagir

Autoridades e vários políticos britânicos condenaram as violências, “claramente” alimentadas pelo “ódio da extrema direita”, segundo o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Já a ministra do Interior, Yvette Cooper, assegurou que os responsáveis dos distúrbios “pagarão o preço por sua violência e vandalismo”. O governo pediu à polícia que tomasse “as ações mais firmes possíveis” para controlá-los, reiterou.

A ministra da Educação, Bridget Phillipson, denunciou as violências “imperdoáveis”, acrescentando que os “criminosos implícitos (…) foram identificados, suscetíveis e punidos”. a prefeita da região nordeste, Kim McGuinness, prometeu que a polícia dará uma resposta “forte” aos grupos da extrema direita.

A ex-ministra do Interior, a conservadora Priti Patel, classificou as violências de “totalmente inaceitáveis”. Ela pediu que o atual governo convoque novamente o Parlamento, que encerrou suas atividades na terça-feira para as férias de verão.

Com informações da AFP

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