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“Beirute é o inferno na terra”, diz funcionário de embaixada no Líbano

O servidor fez as afirmações sobre o Líbano em um áudio enviado a um grupo de WhatsApp de diplomatas e servidores públicos

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Murat Sengul/Anadolu via Getty Images
Ataque do exército israelense ao bairro de Dahiye em Beirute, sul do Líbano Metropoles
1 de 1 Ataque do exército israelense ao bairro de Dahiye em Beirute, sul do Líbano Metropoles - Foto: Murat Sengul/Anadolu via Getty Images

Um servidor do Itamaraty no Líbano encaminhou um áudio a um grupo de WhatsApp de diplomatas e servidores públicos fazendo um desabafo sobre a situação que ele está vivendo em Beirute. O funcionário disse que esta preocupado com todos os que trabalham na embaixada brasileira no país. As informações são do jornal O Globo.

“Precisamos de algum prognóstico de que haverá um momento de segurança e paz, porque senão ninguém vai aguentar isso”, disse o funcionário.

O funcionário descreveu as circustâncias que estão vivendo no Líbano como “o inferno na terra”.

O Itamaraty afirmou, ao Globo, que “está reforçando a equipe [em Beirute] com três funcionários que já estão em Lisboa e chegarão no voo da FAB. Se necessários, novos reforços serão providenciados. Demandas de funcionários em postos nessa situação serão atendidas, como sempre foram, pelo MRE”.

O servidor contou que os bombardeios israelenses em Beirute “acontecem a noite inteira, são dezenas de explosões”. Ele ainda diz que os ataques acontecem muito perto de onde os servidores brasileiros, diplomatas e não diplomatas, moram.

Ele destaca que o voo de evacuação de brasileiros “será pior do que a Covid-19, porque é o desespero de ser bombardeado, de estar morando na rua porque tudo o que você tinha foi destruído”.

Previsto inicialmente para o sábado (5/10), o voo de repatriação da FAB está em suspenso por causa dos bombardeios na capital do Líbano.

Diante da situação “crítica”, o funcionário solicitou uma definição do governo brasileiro do que acontecerá com os funcionários da embaixada.

“Não é falta de empenho, nem de vontade, mas queremos um plano, não queremos improviso, queremos decisão. Estamos fazendo o melhor possível, apesar da dificuldade enorme que estamos tendo”, pede o funcionário.

Ainda no áudio, o brasileiro descreve detalhadamente as estratégias de ataque usadas por Israel no Líbano.

“Usam bomba com fósforo, não é uma bomba qualquer. Fósforo é usado para destruir as árvores para ter uma linha de tiro aberta…para não ter onde o pessoal do Hezbollah se esconder… Usaram numa área urbana que fica a um quilômetro de onde estou, a 500 metros da escola do filho de um dos colegas. Não dá mais pra dizer que a área cristã em Beirute está segura e não será bombardeada. A regra que os israelenses estão usando, que é antiética e amoral, é um pra 100… se tiver um líder do Hezbollah estão dispostos a pagar 100 vidas de dano colateral para pegar aquele cara. Não sei se tem alguém no prédio onde moro. É uma situação desconhecida”, conta o funcionário.

O autor do áudio afirma que a demanda dos funcionários brasileiros já foi repassada ao sindicato de servidores do Ministério das Relações Exteriores e que, no momento, a prioridade é evacuar todos os brasileiros que quiserem sair do Líbano que, em muitos casos, segundo o funcionário, são mulheres sozinhas com quatro ou até cinco filhos, cujos maridos estão trabalhando no Brasil.

“Tem muita gente morrendo, crianças na rua. Beirute está pior do que Kiev [capital da Ucränia]. Kiev tem defesa antiaérea, tem abrigos. Aqui, você sabe que explodiu uma bomba porque fez barulho, ou porque explodiu de tal forma que o prédio balança. Israel é uma potência militar, contra um país [o Líbano] que não tem nada”, concluiu o funcionário.

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