1 de 1 Moeda russa teve nova queda histórica. Em foto, uma mão segura algumas cédulas da moeda - Metrópoles
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A presidente do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, afirmou, nessa segunda-feira (28/2), que a situação da economia russa se “alterou dramaticamente”, após mais um dia de sanções contra o país.
A declaração foi feita depois de uma reunião emergencial entre autoridades monetárias para discutir novas medidas de proteção da economia. O rublo terminou a segunda-feira cotado a 101,40 unidades por dólar, após queda de 20%, e a Bolsa de Moscou permaneceu fechada para impedir um dia ainda mais desastroso para a economia. Nesta terça-feira (1º/3), a bolsa continuará fechada.
Ainda na segunda-feira, o BC russo dobrou a taxa de juros de 9,5% para 20% e ordenou que as empresas vendessem 80% de suas reservas em moedas estrangeiras. Também liberou US$ 7 bilhões em reservas separadas como garantia para empréstimos. A economia, no entanto, não respondeu conforme o esperado.
O Sberbank Europe, subsidiária austríaca do maior banco da Rússia, “está falindo ou deve falir” por causa de saques em massa, de acordo com um comunicado do Banco Central Europeu.
Elvira Nabiullina voltou a frisar que vai “usar as ferramentas necessárias com muita flexibilidade” para lidar com “a situação totalmente anormal”. Segundo ela, o BC russo está em comunicação constante com as instituições financeiras e pronto para “tomar todas as medidas necessárias” no sentido de dar suporte aos bancos.
“Em particular, nós já acionamos uma série de flexibilizações regulatórias e monitoraremos mais necessidades dos bancos em mecanismos que suportariam suas operações dentro das novas condições”, disse a presidente do BC russo.
Para evitar impacto ainda maior em bancos e empresas nacionais, o Kremlin ainda proibiu pagamentos em moeda estrangeira em contratos de empréstimo a não residentes no país. Além disso, pagamentos para instituições financeiras estrangeiras foram barrados.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Banimento do Swift
Elvira Nabiullina ainda comentou o recente banimento de bancos russos do principal sistema bancário global, conhecido pela sigla Swift, dizendo que a Rússia tem como usar sistemas alternativos.
Sem essa tecnologia, os russos ficam impossibilitados de receber dinheiro de fora do país, bem como enviar para o exterior. Isso dificulta negociações internacionais, como de importação e exportação.
Além de instituições financeiras privadas, o Banco Central da Rússia ficou proibido de acessar suas reservas internacionais e de liquidar ativos, anunciou a Comissão Europeia.
Por enquanto, o país ainda contará com a venda das principais exportações russas, energia e grãos, que não sofreram sanções. Em janeiro, a Rússia teve superávit de US$ 21,4 bilhões, na maior parte do lucro com a venda de petróleo, gás, grãos e minérios.
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