Banco Mundial: concorrência é a saída para economia da América Latina
Relatório inédito do Banco Mundial mostra que concorrência é peça fundamental para economias da América Latina e Caribe se revitalizarem
atualizado
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De acordo com um relatório inédito do Banco Mundial, a concorrência pode ser o ingrediente que falta para as economias da América latina e do Caribe (ALC) voltarem a crescer depois de uma estabilização nas últimas décadas.
Para o vice-presidente do órgão para a região, Carlos Felipe Jaramillo, é preciso buscar estratégias para contornar essa situação, já que o baixo crescimento se torna, com o tempo, uma barreira para o desenvolvimento.
“Isso [baixo crescimento econômico] se traduz em serviços públicos reduzidos, menos oportunidades de emprego, salários baixos e mais pobreza e desigualdade. Quando as economias ficam estagnadas, o potencial de sua população é limitado. Precisamos agir de forma decisiva para ajudar a América Latina e o Caribe a sair desse ciclo”, disse o vice-presidente.
De acordo com a instituição, vários pontos impactaram o crescimento econômico da região:
- baixos níveis de investimento e consumo interno
- taxas de juros elevadas e altos déficits fiscais
- queda nos preços das commodities e incerteza nas relações com parceiros internacionais importantes
- cenário global adverso, marcado por tensões geopolíticas, com interrupções de embarques através do Canal de Suez
- fenômeno El Niño
O texto afirma ainda que as razões por detrás da estagnação econômica na América Latina e no Caribe perpassam um ciclo em que “um punhado de grandes empresas domina e influencia os mercados e as demais empresas têm pouco incentivo para inovar”.
O economista-chefe do órgão para a região, William Maloney, afirma que, com o recuo do choque da pandemia, fica visível que a região não evoluiu nos níveis de educação, infraestrutura e custos de investimento, que se tornaram obstáculos “persistentes” em seu potencial.
“Uma agenda que impulsiona o crescimento é aquela que aborda essas lacunas com seriedade. Caso contrário, a região permanecerá estagnada e não será capaz de atrair investimentos ou aproveitar novas oportunidades, como o ‘nearshoring’ ou a economia de baixo carbono. A melhoria dos sistemas de concorrência deve fazer parte dessas estratégias, beneficiando consumidores e empresas”, explicou Maloney.
As sugestões do Banco Mundial
No relatório “Concorrência: o ingrediente que falta para crescer?”, a competição foi revelada como peça fundamental para que as economias da América Latina e do Caribe sejam revitalizadas. Isso porque a concorrência é capaz de estimular inovação e produtividade e, com isso, fazer com que empresas se tornem mais eficientes e proporcionem avanços tecnológicos.
O relatório sugere três principais áreas de ação para a melhoria da estrutura de concorrência na região:
1) Fortalecer os órgãos de concorrência: O relatório é pioneiro em evidências de que órgãos de concorrência nacionais eficazes têm um impacto positivo sobre a produtividade, as vendas e os salários.
2) Apoio a políticas de inovação: As empresas precisam estar preparadas para o aumento da concorrência, tanto nacional quanto internacional. Para isso, são necessárias políticas complementares que estimulem as empresas a inovar e a subir na escala tecnológica, para que possam competir, adotar novas técnicas e crescer.
3) Aumento das habilidades gerenciais: A atualização do conhecimento gerencial ajudará as empresas a responder aos mercados, identificar novas oportunidades, desenvolver planos de negócios e estimular os trabalhadores. Isso deve acontecer juntamente com uma agenda para melhorar a educação em todos os níveis, preparando os alunos e a força de trabalho para prosperar em ambientes competitivos