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Nos próximos cinco anos, o Parlamento Europeu será dominado por todas as matizes da direita. As duas famílias da extrema direita vão ocupar quase um terço dos 720 assentos no legislativo do bloco, podendo, em princípio, obstruir a legislação do Parlamento. No entanto, o Partido Popular Europeu (EPP) vai continuar sendo o maior grupo, com 184 eurodeputados, um ganho de 8% em relação às últimas eleições de 2019.
Os Conservadores e Reformistas (ECR), que reúnem forças da ultradireita — como os Irmãos da Itália, da primeira-ministra Georgia Meloni; o espanhol Vox; o polonês Lei e Justiça; e o belga Nova Aliança Flamenga; entre outros —, terão uma bancada com 73 representantes.
Já a extrema direita mais radical, o Identidade e Democracia (ID) — que conta com o francês Reunião Nacional; o Chega, de Portugal; a Liga Norte, da Itália; o belga Vlaams Belang; e o Partido da Liberdade, da Áustria — conquistou 58 assentos, um aumento de 9% comparado ao último pleito.
Os grupos progressistas, como os Socialistas e Democratas (S&D), elegeram 139 eurodeputados, a segunda bancada do Parlamento Europeu, mas perderam 4% dos votos. Os Verdes (Vert/ALE) não tiveram bom desempenho, obtendo apenas 52 cadeiras, 19% a menos do que nas eleições de 2019. Os liberais do Renovar a Europa (RE) também passaram de 102 para 80 cadeiras. O grupo A Esquerda (The Left) caiu de 37 para 36 eurodeputados.
O novo Parlamento Europeu terá 53 deputados recém-eleitos ainda não filiados a nenhum partido, e 45 cadeiras para os sem filiação partidária, como o Alternativa para a Alemanha que foi excluído do grupo ID após fala polêmica de um de seus líderes.
Extrema direita avança em vários países
França, Alemanha, Áustria, Holanda e Itália foram os países onde os partidos de extrema direita tiveram ganhos expressivos nas eleições europeias. A vitória da ultradireita já está desestabilizando o equilíbrio de poder nos atuais governos. Na França, em particular, onde a vitória do partido de extrema direita Rassemblement National (RN, Reunião Nacional), com 31,5% dos votos provocou um terremoto.
O presidente francês, Emmanuel Macron, cujo partido Renassaince (Renascença) obteve 14,6%, duas vezes menos do que a ultradireita de Marine Le Pen e Jordan Bardella (RN), surpreendeu a nação ao dissolver a Assembleia Nacional. Em uma manobra arriscada, Macron convocou novas eleições legislativas, que serão realizadas em dois turnos: 30 de junho e 7 de julho, pouco antes dos Jogos Olímpicos na França.
Na Alemanha, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com discurso anti-imigração e simpático ao nazismo, se torna a segunda maior força do país. É um desastre para o chanceler alemão Olaf Scholz, cujo partido SPD teve o pior resultado de sua trajetória política.
Os partidos da ultradireita também tiveram um bom desempenho na Holanda e na Áustria. O austríaco Partido da Liberdade venceu as eleições e deve ficar com seis cadeiras no Parlamento Europeu.
Na Bélgica, após uma grande derrota eleitoral, o primeiro-ministro Alexandre De Croo anunciou sua demissão. Já na Itália, a sigla ultraconservadora Irmãos da Itália da primeira-ministra Giorgia Meloni vence com folga as eleições obtendo 28.5% dos votos do eleitorado.
O futuro em suspenso de Ursula von der Leyen
Apesar de ser a candidata favorita a ocupar por mais cinco anos a presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen terá de garantir 361 votos a seu favor para permanecer no cargo.
O Partido Popular Europeu continuará sendo a maior bancada do Parlamento Europeu na próxima legislatura, além de conquistar o voto de todos os deputados democratas-cristãos, Von der Leyer vai precisar do suporte dos socialistas e dos liberais. Juntos, estes três grupos – que a apoiaram durante o mandato atual — terão 407 votos no próximo hemiciclo. Ursula von der Leyen também vai precisar da aprovação de todos os líderes europeus.