Autoridades dizem que atirador planejava ataque em Munique há um ano
Não há até agora evidências de que o atirador conhecia alguma de suas vítimas ou que havia qualquer motivação política por trás do ataque, disse Thomas Steinkraus-Koch, de escritório da Promotoria de Munique
atualizado
Compartilhar notícia
O jovem responsável pelo ataque a tiros em um shopping de Munique, na Alemanha, havia planejado o ataque por um ano e escolheu suas vítimas por acaso, disseram investigadores neste domingo.
O investidor do Estado da Bavária Robert Heimberger disse que o atirador, um germano-iraniano de 18 anos, identificado apenas como David S., visitou o local de um ataque a tiros anterior, realizado em uma escola na cidade alemã de Winnenden e tirou fotografias no ano passado e, em seguida, começou a planejar o ataque de sexta-feira, no qual ele matou nove pessoas e feriu dezenas de outras antes de tirar a própria vida. “Ele estava planejando este crime desde o verão (do Hemisfério Norte) passado”, disse Heimberger a repórteres.Não há até agora evidências de que o atirador conhecia alguma de suas vítimas ou que havia qualquer motivação política por trás do ataque, disse Thomas Steinkraus-Koch, de escritório da Promotoria de Munique.
O suspeito recebeu tratamento psiquiátrico com e sem internação no ano passado para ajudá-lo a lidar com “temores de contato com outras pessoas”, acrescentou Steinkraus-Koch. Ele disse que remédios foram encontrados em sua casa, mas que os investigadores precisavam falar com a família do jovem para determinar se ele estava tomando-os. Heimberger disse que havia ainda “muitos terabytes” de informações para avaliar e que o irmão e os pais do adolescente ainda não estavam emocionalmente prontos para serem interrogados pela polícia.
O investigador disse que o restaurante do McDonald’s onde a maioria das vítimas morreu era um ponto de encontro para jovens de origem imigrante. Ele identificou as vítimas como de origem húngara, turca, grega e albanesa de Kosovo e disse que uma das vítimas era apátrida. Testemunhas disseram que o agressor gritava slogans antiestrangeiros, ainda que seus pais tenham vindo para a Alemanha em busca de asilo décadas atrás.
Heimberger disse ainda que parece “muito provável” que o jovem tenha comprado a arma ilegalmente online. Era uma pistola que tinha sido inutilizada e vendida como acessório, mas foi restaurada até ficar em pleno funcionamento. Os seus números de série foram apagados. David S. não tinha autorização para comprar armas, segundo as autoridades.
Ainda que se trate de uma arma ilegal, o vice-chanceler da Alemanha Sigmar Gabriel sugeriu no domingo que um controle ainda mais rigoroso sobre o acesso legal a armas é necessário, dizendo ao grupo de mídia Funke que é preciso fazer todo o possível “para conter o acesso a armas mortais e controlá-las estritamente”.
Forças Armadas
No rescaldo do ataque de sexta-feira, o ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, pediu uma mudança constitucional para permitir que as Forças Armadas do país possam ser usadas em apoio à polícia durante ataques. Por causa dos excessos da era nazista, a Constituição pós-guerra da Alemanha só permite que as Forças Armadas, conhecidas como Bundeswehr, sejam usadas internamente em casos de emergência nacional.
Herrmann disse ao jornal Welt am Sonntag que essas regulações são agora obsoletas e que os alemães têm o “direito à segurança” “Nós temos uma democracia absolutamente estável em nosso país”, assinalou. “Seria completamente incompreensível… se tivéssemos uma situação terrorista como a de Bruxelas em Frankfurt, Stuttgart ou Munique e não fôssemos autorizados a chamar as forças bem treinadas do Bundeswehr, mesmo que elas estejam prontas.”