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Atletas imigrantes que jogam pelos EUA reacendem debate migratório

Para alguns desses atletas, representar o EUA é representar um país onde, muitas vezes, não são bem-vindos

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Abdihamid Nur e Weini Kelati, do atletismo, Maria Laborde, do judô, Steffen Peters, do hipismo e Beiwen Zhang, do badminton - Metrópoles
1 de 1 Abdihamid Nur e Weini Kelati, do atletismo, Maria Laborde, do judô, Steffen Peters, do hipismo e Beiwen Zhang, do badminton - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Guardian Picture Desk

Abdihamid Nur e Weini Kelati, do atletismo, Maria Laborde, do judô, Steffen Peters, do hipismo, e Beiwen Zhang, do badminton, possuem algo em comum. Todos eles são atletas que nasceram em países estrangeiros, mas escolheram representar os Estados Unidos durante as Olimpíadas de Paris.

Dos 594 atletas classificados para a equipe olímpica norte-americana, 21 são imigrantes e 41 são filhos de imigrantes, segundo análise do Instituto de Pesquisa de Imigração da Universidade George Mason.

Alguns atletas foram para os EUA especificamente para praticar esportes e depois se tornaram cidadãos, mas também há aqueles que se juntaram à equipe norte-americana depois que seus familiares pediram asilo no país. Para alguns desses atletas, representar o EUA é representar um país onde, muitas vezes, não são bem-vindos e estão vulneráveis ao preconceito.

De acordo com um levantamento do Instituto Gallup, após o número de pedidos de asilo e entrada de imigrantes ilegais baterem recorde no país – mais de 9 milhões de pessoas tentaram entrar no território durante o governo Joe Biden – , o tema se tornou preocupação principal de 28% do eleitorado norte-americano e pode mudar os rumos das eleições presidencias no embate entre Trump e Kamala. Nas pesquisas, economia e guerras são outros temas que se destacam como centrais no debate eleitoral dos EUA.

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Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA
Família de migrantes atravessa a cerca da fronteira para os EUA em 26 de junho de 2024 em Ruby, Arizona
Imigrante mexicana Mariana, 38, segura sua filha Liani enquanto era detida pelos oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA após cruzar para os EUA
Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA após cruzarem para os EUA vindos do México através de uma ferrovia abandonada
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Uma criança imigrante está sentada na traseira de um veículo de patrulha de fronteira após ser detida por oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA

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Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA

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Família de migrantes atravessa a cerca da fronteira para os EUA em 26 de junho de 2024 em Ruby, Arizona

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Imigrante mexicana Mariana, 38, segura sua filha Liani enquanto era detida pelos oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA após cruzar para os EUA

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Imigrantes são processados ​​​​por agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA após cruzarem para os EUA vindos do México através de uma ferrovia abandonada

Qian Weizhong/VCG via Getty Images

Para o doutor em ciências sociais Danilo Porfírio, apesar de existirem diferenças reais no posicionamento dos candidatos em relação à questão imigratória, elas não são tantas quanto a maioria das pessoas acreditam.

“Donald Trump é declaradamente hostil ao fluxo imigratório, vindo, principalmente de países latino-americanos e de países ou regiões que ele considera ‘perigosas à segurança dos EUA’, como Oriente Médio. Ele tem uma política de portas fechadas. Em, tese Kamala Harris, como Biden, defende uma ideia de regularização da imigração, a ideia de uma entrada controlada, ‘legal’. Entretanto, na prática, o que parece, pela experiência dos dois governos [Trump e Biden], é que não existem muitas diferenças entre eles”, explica. “Inclusive, um dos problemas que se manteve no governo Biden foi o trato dado aos imigrantes ilegais apreendidos. Levantaram-se questões de violação de direitos humanos, de maus-tratos e de separação de crianças de seus pais.”

Danilo faz referência a, por exemplo, uma política de regras para pedidos de asilo proposta por Biden, em 2023. Nela, imigrantes passaram a ter que se cadastrar em um aplicativo antes de entrar no país. Assim, apenas com o cadastro os pedidos poderiam ser feitos.

Além disso, imigrantes que haviam passado por outros países no trajeto rumo aos EUA passaram a não poder solicitar asilo no país. Na época, defensores dos direitos dos imigrantes se opuseram às medidas, já que pareciam muito com outra apresentada pelo governo Trump, que declarou, enquanto governava, que imigrantes teriam que tentar asilo em todos os países por onde passassem no caminho aos EUA. Só com as negativas anteriores que o pedido poderia ser feito em território estadunidense.

Qual o posicionamento de Kamala?

Durante seu mandato como vice-presidente, Kamala Harris seguiu o posicionamento democrata e, em 2021, passou a atuar, de forma diplomática, para solucionar as “causas profundas” da imigração. Dessa forma, ao invés de solucionar apenas problemas internos da imigração nos EUA, a abordagem era  entender e atacar fatores que levam as pessoas a emigrar. Apesar disso, Kamala parece reconhecer a necessidade de reformas no sistema de imigração dos país.

Com a escolha de Tim Walz como companheiro de chapa na corrida pela Casa Branca, Kamala Harris tenta moderar sua imagem com os eleitores, que podem ver o aumento da entrada de imigrantes ilegais no país como uma falha de gestão. Ela tenta, ainda, ressaltar o conceito de liberdade, focando não apenas em colocar as ideias de Trump como ameaça à democracia, mas também na liberdade do corpo feminino e segurança pública – temas carência do rival.

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