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Ataque russo a porto da Ucrânia pode prejudicar acordo sobre grãos

Porta-voz do Ministério de Relações Exteriores ucraniano afirma que o ataque é sinal de que Putin “cuspiu na cara” da ONU e da Turquia

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1 de 1 bombardeio - Foto: Reprodução

A Ucrânia acusou os russos de atacarem a cidade portuária de Odessa, em território ucraniano, menos de 24 horas após os dois países terem firmado um acordo para retomar as exportações de grãos pelo Mar Negro, bloqueadas pela guerra. Kiev defende que, após o ataque, o Kremlin deveria assumir “toda a responsabilidade se o pacto falhar”.

Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, a decisão de Vladmir Putin de disparar mísseis contra o porto significa que o presidente russo “cuspiu na cara do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e do presidente turco, Recep (Tayyip) Erdogan, que fizeram enormes esforços para chegar a esse acordo”.

Nikolenko complementou que a Rússia deve responder, também, caso o descumprimento do trato acabe resultando no aprofundamento “da crise alimentar mundial”.

Segundo o porta-voz da força aérea ucraniana, Yuriy Ignat, o porto da cidade estratégica foi atacado quando cargas de cereais estavam sendo processadas. Ele também afirmou que outros dois mísseis foram interceptados.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky se pronunciou sobre o caso, e acusou a Rússia de “quebrar promessas”.

“Isso prova que não importa o que a Rússia diga ou prometa, sempre vai encontrar uma maneira de não cumprir os acordos”, disse em vídeo divulgado no Telegram.

O Kremlin não se pronunciou oficialmente sobre a acusação, porém, segundo o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, as forças russas negam ter atingido o porto, de acordo com informações da Reuters.

O ataque atingiu duas infraestruturas portuárias de Odessa. Ainda não está claro qual o tamanho do prejuízo para o envio de cereais. Estima-se que mais de 20 milhões de toneladas de grãos estejam prontos para serem exportados.

Acordo entre nações

Rússia e Ucrânia assinaram, nessa sexta-feira (22/7), acordo para a reabertura dos postos ucranianos com o objetivo de amenizar a grave situação de falta de alimentos como uma consequência do conflito entre os países.

Apesar do passo, Zelensky ainda demonstra descrença quanto as intenções russas. “As concessões diplomáticas a Moscou podem estabilizar um pouco os mercados, mas só proporcionarão uma pausa temporária e um bumerangue no futuro”, disse o líder ucraniano.

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