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Ataque a campo de refugiados em Gaza deixa 70 mortos na noite de Natal

Hamas chama bombardeio israelense na noite de Natal de “massacre”. Israel afirma que vai “investigar o incidente”

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1 de 1 imagem colorida mostra pessoas retirando corpos de escombros após bombardeio na faixa de gaza - Metrópoles - Foto: Mohammed Talatene/picture alliance via Getty Images

Ao menos 70 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na noite de Natal (24/12), após um ataque aéreo israelense ao campo de refugiados de Al Maghazi, no centro da Faixa de Gaza, segundo o grupo fundamentalista islâmico Hamas. A informação ainda não pôde ser checada de forma independente, segundo a DW.

Militares israelenses disseram à agência de notícias AFP que “investiga o incidente”. “Trata-se de um novo massacre cometido pelo exército de ocupação israelense no campo de Al Maghazi, onde bombardearam quatro casas de famílias muçulmanas”, informou Ashraf al Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

A pasta comunicou que o sistema de saúde do sul do enclave palestino, onde Israel agora concentra a ofensiva, “está em colapso”, enquanto, na metade norte, não existem mais hospitais em funcionamento.

Ashraf al Qudra ainda acusou as tropas israelenses de bombardearem a estrada principal que liga vários campos de refugiados na zona central do enclave “para dificultar o acesso de ambulâncias e da defesa civil”.

Sobre o ataque a Maghazi, fontes médicas do Hospital dos Mártires de Al Aqsa comunicaram que alguns corpos chegaram fragmentados à unidade de saúde, em consequência da artilharia e dos ataques que atingiram várias casas.

O hospital acrescentou que recebeu dezenas de mortos e feridos em ataques aos campos de refugiados de Bureij e Nuseirat, também no centro do enclave, onde as tropas israelense ordenaram o esvaziamento na sexta-feira (22/12) e forçaram o deslocamento de milhares de pessoas sob bombas.

Ao menos 30 mortos em outros campos

O Hamas divulgou, ainda, que os bombardeios continuaram nesta segunda-feira (25/12) e deixaram ao menos 18 mortos na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, e provocaram 12 óbitos, após um ataque à aldeia de Al-Sawaida, no centro do território palestino.

O diretor do Hospital Nasser, o principal da cidade de Khan Yunis, informou que as pessoas chegaram com ferimentos graves, que poderiam ser causados ​​por “armas proibidas internacionalmente”, segundo reportou a Wafa, agência de notícias oficial da Autoridade Nacional Palestina.

No norte do enclave, os ataques seguem, principalmente, nas cidades de Beit Hanun e Jabalia – nesta última, o Hamas afirmou terem morrido 10 pessoas após a ofensiva mais recente. As equipes da defesa civil de Gaza relataram que, na mesma área, praticamente devastada pelos bombardeios, há centenas de corpos em decomposição, devido ao difícil acesso, especialmente no campo de refugiados de Jabalia.

Os intensos ataques israelenses em dois meses e meio de ofensiva mataram ao menos 20,4 mil habitantes de Gaza – 70% civis, dos quais mais de 8 mil eram crianças – e feriram mais de 54 mil, segundo o Hamas. Os números também não puderam ser confirmados de forma independente pela DW.

Guerra será longa, segundo Netanyahu

O exército israelense afirmou ter desmantelado um quartel militar subterrâneo no campo de Jabalia, de onde também partia uma extensa rede de túneis do Hamas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, no domingo (24/12), que a nação paga “um alto preço pela guerra”, mas que “não há escolha a não ser continuar lutando”. “A guerra será longa”, declarou.

Nesta segunda-feira (25/12), o exército israelense reportou a morte de dois soldados, o que elevou para 17 o número de vítimas desde sexta-feira (22/12).

No total, 156 soldados israelenses foram mortos desde o início da ofensiva terrestre de Israel na Faixa de Gaza, no fim de outubro – ao menos 20 deles por fogo-amigo ou acidentes.

Os militares de Israel disseram ter recuperado os corpos de cinco reféns – três soldados e dois civis – em uma rede de túneis no norte da Faixa de Gaza.

Na declaração, porém, o exército israelense deixou em aberto a forma como os reféns morreram, e o porta-voz militar Daniel Hagari afirmou que as autópsias estavam pendentes.

O Hamas comunicou, recentemente, que alguns reféns foram mortos em ataques israelenses contra alvos na Faixa de Gaza. Por outro lado, também ocorreram ameaças de execução dos presos.

Abbas pede “fim de rio de sangue”

No domingo (24/12), em mensagem de saudação de Natal, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu o fim do “rio de sangue” e dos “imensos sacrifícios” do povo palestino.

“O rio de sangue, os imensos sacrifícios, as dificuldades e a heroica resiliência de nosso povo em sua terra são o caminho para a liberdade e a dignidade”, destacou o presidente da ANP, que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada.

A área também teve o ano mais mortal desde 2002, o auge da violência na Segunda Intifada, com cerca de 510 mortos mais da metade deles desde 7 de outubro.

Em Belém, na Cisjordânia ocupada, onde, segundo a tradição cristã, nasceu Jesus, a prefeitura suspendeu a maior parte das festividades. As ruas, que costumam ficar lotadas nesta época, estavam quase desertas.

Abbas disse ter esperança de este Natal marcasse o fim da guerra israelense contra o povo palestino na Faixa de Gaza e no restante dos territórios ocupados. Além disso, desejou prosperidade e estabilidade para a população e todas as nações. “O sol da liberdade e do nosso Estado independente com Jerusalém como capital está inevitavelmente nascendo, quase ao nosso alcance”, disse o presidente, durante o discurso natalino.

“O povo palestino está determinado a continuar a luta para conquistar direitos legítimos, sendo o principal deles o de um Estado independente e totalmente soberano, onde possam viver com dignidade na terra natal”, acrescentou.

Reinício

O estopim do atual conflito foi um ataque do Hamas contra Israel, em 7 de outubro último, quando o grupo terrorista matou mais de 1,2 mil pessoas e fez 240 reféns, segundo números de autoridades israelenses.

Os ataques à Faixa de Gaza começaram por ar e, no fim de outubro, Israel iniciou uma ofensiva por terra, primeiro ao norte e, depois, estendeu-a para o sul do território.

Desde então, a Faixa de Gaza tem sido devastada. Os 2,4 milhões de habitantes da região sofrem com escassez de água, alimentos, combustível e medicamentos, devido a um cerco imposto por Israel. Para sobreviver, a população depende do influxo de ajuda humanitária. Cerca de 80% da população precisou se deslocar devido ao conflito, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Os militares israelenses calcular ter matado cerca de 7.860 terroristas desde o início da guerra – o que corresponderia a quase 40% do número de mais de 20,4 mil mortes declarado pelo Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. As informações fornecidas por ambas as partes não puderam ser verificadas pela DW de forma independente.

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