Argentina: peritos perdem conteúdo de celular do autor de atentado
“É gravíssima a responsabilidade da juíza, do promotor e daqueles que manipularam o celular do acusado”, diz o advogado de Kirchner
atualizado
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As investigações sobre do atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, quando o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel tentou assassiná-la, na última quinta-feira (1º/9), podem sofrer um duro revés. Segundo a imprensa local, os peritos encarregados de desbloquear o celular de Sabag Montiel para acessar seu conteúdo fizeram, “por um erro”, com que o telefone reiniciasse e voltasse para as “configurações de fábrica”. As informações são do Estadão.
Ou seja: nenhuma informação que existia no celular poderá servir prova em um futuro julgamento. O conteúdo era considerado fundamental para a averiguação da participação de mais pessoas no atentado e se o ato teria sido premeditado.
“É gravíssima a responsabilidade da juíza, do promotor e daqueles que manipularam o celular do acusado”, escreveu nas redes sociais o advogado de Kirchner, Gregorio Dalbón.
“Se for confirmada a informação de alguns jornalistas, iniciaremos outro processo contra todos os responsáveis por esse grande ‘erro’ judicial e/ou o possível acobertamento agravado”, completou.
Nesse sábado (3/9), Dalbón anunciou que estuda a possibilidade de qualificar o atentado como uma tentativa de feminicídio e de ampliar a investigação para buscar cúmplices, o que seria possível com a análise dos aparelhos eletrônicos de Sabag Montiel.
Arma falhou
A tentativa de assassinato ocorreu na noite de quinta, quando Cristina acenava para simpatizantes na frente de sua casa no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. Neste momento, Sabag Montiel levanta a mão esquerda com a arma, engatilha e tenta disparar o tiro. O dispositivo, no entanto, falhou.
A ação do homem, que usava uma touca preta e uma máscara facial, chamou a atenção dos apoiadores da ex-presidente, que o agarraram no meio da multidão.
Sabag Montiel haviaa sido detido em março de 2021, após ser abordado por policiais por estar em um carro sem placa. Enquanto conversava com os agentes de segurança, uma faca de 35 centímetros caiu no chão. O brasileiro alegou que portava a arma para defesa pessoal; na ocasião, o objeto foi apreendido.
O homem nasceu em São Paulo, mas os pais dele não são brasileiros. Segundo informações preliminares, a mãe do suspeito é argentina; já o pai de Fernando é chileno – e inclusive teria sido expulso do Brasil no ano passado.