Argentina: governo e sindicatos divergem sobre total de manifestantes
Greve na Argentina reuniu 1,5 milhão de pessoas, segundo Central Geral do Trabalho. Polícia fala em 130 mil manifestantes
atualizado
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Convocada pela Central Geral do Trabalho (CTG), a greve geral que tomou a Argentina nesta quarta-feira (24/1), de acordo com os organizadores do ato, reuniu mais de 1,5 mihão de pessoas nas ruas da capital. Porém, segundo a polícia de Buenos Aires, foram cerca de 130 mil manifestantes mobilizados na Praça do Congresso.
Durante o dia, os manifestantes fizeram diversas passeatas, com gritos de ordem contra o governo Milei e as medidas anunciadas em dezembro. À tarde, Pablo Moyano, líder do Sindicato dos Caminhoneiros, em discurso, questionou o novo conjunto de leis e criticou outro projeto que pretende rever os impostos sobre os trabalhadores.
“Não deixem que pensem em cobrar novamente o imposto sobre os trabalhadores! Coloquem o imposto sobre as grandes fortunas, não sobre os trabalhadores! Aumentem as retenções”, bradou Moyano.
Além disso, ele ainda pediu aos legisladores “que não traiam os trabalhadores”, fazendo referência à Lei Omnibus, projeto que prevê superpoderes a Milei e a privatização de empresas estatais.
“Eles estão diante de uma decisão histórica de [dizer], se estão com os trabalhadores ou com as corporações que estão com esse modelo econômico que o presidente Milei está executando”, afirmou o dirigente sindical.
O Ministério da Segurança tinha anunciado, mais cedo, que manteria o “protocolo de manutenção da ordem pública em caso de fechamento de ruas”, também conhecido como lei antipiquetes, em que consiste em multar e cortar benefícios públicos para pessoas que participarem da greve. No entanto, isso não impediu a organização popular nas ruas.
“Lado errado da história”, diz governo
Nessa terça-feira (23/1), o porta-voz da Presidência argentina, Manuel Adorni, afirmou que os sindicalistas, “claramente, estão do lado da história”. Ele reclamou pela greve ter sido anunciada dias após a posse de Milei.
“De fato, acredito que foi o anúncio de greve mais rápido da história da Argentina”, pontuou Adorni, alegando que a marcha “não tem sentido” e que os sindicalistas estão “contra as pessoas que trabalham”.
Representantes de centrais sindicais alegam, no entanto, que não realizaram as paralisações antes devido à pandemia e à seca forte que atingiu a Argentina, gerando perdas econômicas.