Após três dias sob ataque, Ucrânia quer fechar fronteiras
Medida ocorre após três dias de intensos bombardeios. Antes, ucranianos acusaram a Bielorrússia de traição ao facilitar invasão russa
atualizado
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A Ucrânia declarou que pretende fechar as fronteiras com a Rússia e a Bielorrússia. O país faz o anúncio após três dias sob ataque russo. Antes, ucranianos acusaram a Bielorrússia de traição por supostamente facilitar a ação da Rússia.
O governo do país admitiu que os confrontos estão ocorrendo em todo o território.
O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, afirmou que apenas cidadãos do país poderão cruzar as fronteiras. No entanto, não informou como isso será feito nem quando o fechamento entra em vigor.
Os primeiros ataques russos ocorreram da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. Após a investida, os ucranianos acusaram o país vizinho de traição por terem supostamente facilitado a invasão militar.
Na tarde deste sábado (26/2), em pronunciamento transmitido ao vivo, a embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos, Oksana Makarova, comentou a situação dos embates.
“Ainda temos controle de Kiev”, frisou diversas vezes. Ela completou. “Estamos lutando pelo nosso falar. Então é uma luta que vale a pena”, acrescentou ao comentar o esforço das tropas ucranianas em controlar a situação.
Makarova detalhou: “Vimos um ataque intenso desde o início. Todas as grandes cidades e pequenos vilarejos estão sob ataque. Lamentamos que isto está acontecendo. Nós temos grupos lutando contra isso”.
Makarova fez mais um apelo pela busca de uma solução pacífica. “Todas as forças diplomáticas estão unidas. Vamos impedir o senhor Putin. Vamos fazer isso”, encerrou.
O pronunciamento ocorreu horas após uma fala firme do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, garantir que as tropas sob seu comando não irão recuar. Em novo declaração na tarde deste sábado, ele apelou para “todos os amigos da Ucrânia” ajudarem a combater invasão russa.
Zelensky reafirmou. “Lutaremos o tempo que for preciso para libertar a Ucrânia”, afirmou. Kiev, capital ucraniana e coração do poder, passou a ter como alvo russo áreas urbanas e com grande presença de civis. Três milhões de habitantes vivem na cidade.
A fala de Zelensky foi uma reação ao presidente Vladimir Putin, que determinou que as tropas militares façam “ofensivas em todas as direções”. Além disso, o governo russo aumentou em 50% a presença de soldados ao redor da Ucrânia. A ordem é intensificar a invasão.
O Kremlin disse que Putin ordenou que as tropas não fossem adiante na sexta-feira (25/2), mas que voltaram a avançar neste sábado, depois de supostas negativas para uma negociação. O governo ucraniano nega.
Bombardeios
A Ucrânia vive o terceiro dia de bombardeios e assiste à presença de militares russos aumentar em seu território. Ao todo, 100 mil soldados estão no país.
Um bombardeio russo matou 19 civis e feriu 73 pessoas neste sábado, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, informou a agência de notícias Interfax.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que “grupos sabotadores” estão ativos em Kiev. Ele anunciou que o sistema de metrô está servindo apenas como abrigo para os cidadãos e pontuou que os trens pararam de funcionar.
Os conflitos
Em três dias, ao menos 198 pessoas morreram nos confrontos, segundo o governo ucraniano. Outras 1.115 ficaram feridas. Russos sitiaram a cidade e tentam tomar o poder.
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos. Na prática, Moscou vê o possível ingresso como uma ameaça à sua segurança.
República Tcheca, Polônia, França, Estados Unidos, Holanda, Alemanha e Bélgica anunciaram o envio de ajuda estrutural de armas e dinheiro, apesar de não ordenarem apoio militar para os confrontos.
Madrugada de horror
Os confrontos em Kiev atingiram o mais alto nível de tensão na madrugada deste sábado. Rússia e Ucrânia disputam o controle da capital.
Mísseis foram disparados até mesmo em áreas urbanas, o que antes estava restrito a bases militares ucranianas. As sirenes de alerta voltaram a tocar.
Nas áreas atingidas estão hospitais, orfanatos e prédios residenciais, além de escolas e creches.