Após adiamento, russos e ucranianos voltam a discutir acordo de paz
O encontro começará às 4h30, pelo horário de Brasília. É a segunda vez que a Turquia, integrante da Otan, recebe esse tipo de reunião
atualizado
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Negociadores russos e ucranianos têm nova reunião agendada para discutir um possível acordo de cessar-fogo no Leste Europeu. A quinta rodada de negociação sofreu atraso devido ao fato de a delegação do Kremlin não ter chegado em Istambul, na Turquia, local do encontro.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, confirmou que o encontro ocorrerá nesta terça-feira (29/3). “Antes do início das negociações, teremos uma breve reunião com as delegações”, resumiu. O encontro começará às 4h30, pelo horário de Brasília.
É a segunda vez que a Turquia abriga esse tipo de reunião diplomática, desde o início do conflito, em 24 de fevereiro. O primeiro, e considerado até então o encontro mais emblemático, reuniu pela única vez os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e ucraniana, Dmytro Kuleba. Terminou sem acordo e com troca de acusações.
O país comandado por Erdogan tem defendido uma solução pacífica para o conflito e se oferecido para mediar a construção de uma alternativa à guerra. Os turcos tentam se equilibrar entre seus compromissos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual fazem parte, e a amizade com o presidente russo Vladimir Putin (foto em destaque).
A possibilidade de entrada da Ucrânia na Otan foi justamente o que desagradou a Rússia e desencadeou a invasão. Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança.
Na semana passada, Dmytro Kuleba pressionou os russos e afirmou que as conversas estão “muito difíceis”. O negociador russo, Vladimir Medinsky, admitiu que o diálogo não está fluindo.
Zelensky recua
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou atrás e negou a possibilidade de negociar parte do território do país para obter um cessar-fogo.
Em entrevista à revista britânica The Economist, Zelensky defendeu a soberania ucraniana. Na semana passada, ele admitiu que poderia entregar o controle de regiões separatistas, como Donbass e Crimeia, já anexada ao território da Rússia em 2014, na tentativa de uma reunião com Putin.
“É possível que alguns compromissos, que não arrisquem nossa soberania, sejam feitos para salvar vidas. Mas compromissos que provoquem a desintegração do país, como os que Putin propõe, ou melhor, exige, nunca serão feitos”, frisou.
ONU faz apelo
A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo para um cessar-fogo humanitário na Ucrânia. O secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, pediu, nessa segunda-feira (28/3), ao coordenador de Ajuda Emergencial e subsecretário para Questões Humanitárias da ONU, Martin Griffiths, para que busque informações sobre as negociações entre os dois países.
“Converse imediatamente com as partes envolvidas sobre os possíveis acordos e arranjos para um cessar-fogo humanitário na Ucrânia”, recomendou.
Negociações sérias
Guterres acredita que o contato promoverá “negociações sérias” entre as partes e será uma forma de evitar novos bombardeios.
O secretário-geral da ONU disse estar preocupado com a oferta de alimentos aos países mais pobres. A Ucrânia é um importante exportador de trigo e a guerra impactou na inflação global.
Questionado sobre o risco de uso de armas nucleares ou biológicas, o secretário-geral da ONU disse que “não poderia imaginar algo nesse cenário”. “Acredito que isso será evitado e precisa ser evitado”, enfatizou.