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Após aceno russo para acordo, Zelensky fala em diálogo “até o fim”

“Estamos abertos a qualquer formato de diálogo. Quer eu goste ou não, estou pronto para falar”, frisou

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President of the European Council Charles Michel in Kyiv
1 de 1 President of the European Council Charles Michel in Kyiv - Foto: EUROPEAN COUNCIL / POOL/Anadolu Agency via Getty Images

Após a proposta russa de acordo de paz, o presidente da Ucrânia,Volodymyr Zelensky, demonstrou disponibilidade para dialogar “até o fim da guerra” com Moscou.

“Estamos abertos a qualquer formato de diálogo. Quer eu goste ou não, estou pronto para falar. Estive nos últimos três anos e continuo pronto, até o fim da guerra, para dialogar com a Federação Russa e o seu presidente”, disse Zelensky numa conferência de imprensa ao lado do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Nesta quarta-feira (20/4), o presidente ucraniano respondeu ao chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, que declarou que os resultados das negociações de paz dependerão da vontade de Kiev de ter em conta as exigências de Moscou.

“No que diz respeito às perspectivas do processo de negociação russo-ucraniano, confirma-se a posição imutável da Rússia: os resultados das conversações dependerão inteiramente da vontade de Kiev de ter em conta as nossas legítimas exigências”, afirmou o ministro, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Antes, a Rússia entregou uma proposta de acordo de paz à Ucrânia. O aceno, até então inédito, é a investida mais forte do Kremlin para pôr fim aos bombardeios, iniciados em 24 de fevereiro.

Kremlin espera resposta

Segundo informações divulgadas nesta quarta por agências internacionais de notícias, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que aguarda a resposta de Kiev sobre a proposta. Até então, os dois países haviam apresentado somente condições para negociar.

“O documento que hoje apresentamos é o nosso projeto e inclui reformulações absolutamente claras e desenvolvidas. A bola está do lado deles [Ucrânia]. Estamos à espera de uma resposta”, frisou Peskov.

O porta-voz russo completou: “Reitero mais uma vez: a dinâmica do trabalho do lado ucraniano deixa muito a desejar. Os ucranianos não mostram uma grande vontade de intensificar o processo de conversações”.

Em março, a Ucrânia apresentou à Rússia o seu projeto de acordo em Istambul, onde as duas partes negociaram um hipotético fim do conflito.

Os dois países vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar coordenada pelos Estados Unidos.

Na prática, Moscou vê essa possibilidade como uma ameaça à sua segurança. Sob essa alegação, invadiu o país liderado por Zelensky, em 24 de fevereiro. A guerra completa, nesta quarta-feira, 56 dias.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

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