Apoiadores levam outdoor para Bolsonaro – e terão almoço privado
Eles garantem que fazem a propaganda de “coração” para o presidente brasileiro. Para Trump, porém, eles cobram
atualizado
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Enviado especial a Miami – No meio da rodovia, os carros buzinam. Na cidade, não passam 15 minutos sem que alguém pare para tirar uma “selfie”. As frases de impacto são conhecidas: contra o STF, eu apoio a Lava Jato, mito.
Trata-se de um pequeno caminhão transformado. Toda a carroceria foi revestida de telas de led que reproduzem imagens e vídeos de propaganda. A visita de Bolsonaro foi anunciada com um grande “Bem-vindo, presidente”, seguido da foto de Bolsonaro. Ele também é retratado ao lado de Donald Trump.
Responsáveis pelo empreendimento, Arno e Josias Zitta, pai e filho, garantem que não tem dinheiro envolvido. Mas dizem ter sido convidados pelo consulado para recepcionarem o presidente. O ministério das Relações Exteriores, porém, nega a informação.
“Fazemos essa propaganda porque temos orgulho do presidente”, disse Josias, que há 19 anos mudou-se para o país com seu pai. Hoje, eles são sócios em ao menos três empreendimentos.
Simpatizantes de Trump, eles não tem a mesma disposição de fazer a divulgação gratuita. “Dels somos contratados”, relata Josias, que mostra fotos de recepções que já fizeram ao líder norte-americano. Eles dizem que são “subcontratados” de empresas ligadas à administração dos EUA.
Evangélicos
Morador de Boca Raton, três horas ao norte de Miami, Arno é pastor da Igreja Assembleia de Deus.
Ele conta que foi chamado pelo consulado para desfilar com o carro durante a visita de Bolsonaro – convite que diz ter aceito com sorriso no rosto. Ele já fazia essas incursões espontaneamente – registrado nas redes sociais desde as eleições.
Ele diz ser amigo de um dos figurões que frequenta o clube Mar-a-lago, propriedade de Donald Trump, onde o presidente foi recebido em jantar de gala no sábado. Teria recebido um convite para esse jantar também – mas perdeu o prazo estabelecido pelo serviço secreto para chegar no local.
O mesmo erro, garante, não irá ocorrer neste domingo, quando Bolsonaro recebe lideranças religiosas e de negócios em uma churrascaria de Miami. O encontro não estava na agenda.
“O almoço é reservado, recebi um convite só, nem meu filho poderá ir”, conta Arno, gaúcho de fala suave e com erres puxados. Sua terra, em suas palavras, é o Rio Grande – com som de “ri”, não de “rri”.
Junto a ele, estarão outros pastores de outras denominações. Ele não sabe precisar quais, mas diz que haverá empresários também.
O almoço não é aberto para a imprensa. A agenda, neste domingo, termina antes do almoço. Fontes ligadas ao Itamaraty, porém, confirmam a reunião.