Angela Merkel sobre pandemia: “Ainda temos um longo caminho a percorrer”
Chanceler federal pede que alemães mantenham a perseverança e adverte contra relaxamento apressado de medidas para conter pandemia
atualizado
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, pediu que os alemães mantenham a perseverança, apesar do cansaço com o lockdown e as dificuldades na distribuição de vacinas.
“Se perseverarmos por mais algum tempo, as coisas vão melhorar”, disse Merkel, em entrevista televisiva à emissora ARD. Por outro lado, ela não precisou quando as restrições podem ser relaxadas. “Ainda temos um longo caminho a percorrer, e o trecho mais difícil é neste inverno.”
A chanceler afirmou que as medidas em curso estão tendo efeito, e que agora há uma taxa de incidência abaixo de 100 infecções por 100 mil habitantes nos últimos sete dias. Em contraste, a marca estava em 180 na metade de dezembro, quando o lockdown em curso passou a valer.
“Essa é uma boa conquista, mas ainda não colocamos o vírus sob controle”, declarou. Ela ainda advertiu contra um relaxamento apressado de medidas de restrição para conter a pandemia. “Uma abertura de 14 dias, durante os quais depois voltamos ao crescimento exponencial (…), não seria uma solução”.
A chanceler também defendeu a estratégia de vacinação da Alemanha, dizendo que o país precisava ser dinâmico e se adaptar à realidade apresentadas pelos fabricantes. Nos últimos dias, o governo alemão tem sido criticado pelo ritmo vagaroso na aplicação de vacinas.
Na entrevista à ARD, Merkel disse novamente que, embora Estados Unidos, Israel e Grã-Bretanha estejam mais adiantados em suas campanhas de vacinação, a Alemanha está certa em optar pelo que chamou de abordagem mais cautelosa.
“Não podemos fazer um plano de vacinação rígido”, disse Merkel. Por outro lado, ela reiterou sua promessa de oferecer uma vacina a todos os alemães até o final do verão europeu, em setembro.
Ela ainda disse que 10 milhões de pessoas devem ser vacinadas até o final do primeiro trimestre. No momento, cerca de 2,5 milhões de doses foram aplicadas no país, que tem 83 milhões de habitantes.
Ela também disse que os cidadãos podem esperar uma flexibilização das medidas antes que todos sejam vacinados, mas pediu a todos que mantivessem o distanciamento e as regras de higiene.
Sputnik V
Merkel também apontou que está aberta para que a Alemanha eventualmente adote a vacina Sputnik V, após resultados preliminares do imunizante da fase final de fase 3 terem indicado eficácia de 91,6%.
Ela disse que todas as vacinas são bem-vindas na União Europeia, mas que a vacina russa só deve ser aprovada se submeter os dados necessários às autoridades regulatórias do bloco.
Merkel afirmou que qualquer laboratório que tente obter aprovação com o dados necessários será “calorosamente bem-vindo” na UE, acrescentando que ela “conversou com o presidente russo Vladimir Putinû sobre o tema.
“Hoje lemos bons dados, incluindo sobre a vacina russa”, disse Merkel, referindo-se aos resultados publicados nesta terça-feira na revista científica The Lancet.
A entrevista de terça-feira foi (2/2) bastante incomum para a chefe de governo. Angela Merkel é uma política que raramente se dirige aos cidadãos num diálogo direto, evitando fazer pronunciamentos televisivos ou aparecer em programas de TV, preferindo demonstrar suas posições em questionamentos no Parlamento ou limitando aparições em discursos de Natal previamente gravados.
Mas a crise sanitária tem levado a chanceler a quebrar essa tradição. Em março do ano passado, durante o primeiro lockdown na Alemanha, ela fez um discurso na televisão para se dirigir à população sobre os riscos do vírus.
“É sério, leve a sério”, disse ela na época. Nos meses que se seguiram, ela também participou de várias coletivas de imprensa na Chancelaria após reuniões com os governadores dos estados federados.