Análise: uma reação inédita de Síria e Rússia a um ataque preciso
Militares russos permaneceram nas três bases que o país mantém na Síria durante os ataques
atualizado
Compartilhar notícia
O ataque na Síria contra os centros de pesquisa, produção e armazenamento de armas químicas chegou tarde — mas foi preciso e destruidor. A ofensiva das forças dos Estados Unidos, França e Reino Unido foi “combinada com os russos”, cientes da operação.
O fogo veio do céu, como era previsto, na forma de mísseis de cruzeiro de alta precisão da classe Tomahawk. Também é possível que tenham feito uso de bombas inteligentes de diversos tipos.
Modernos sistemas de defesa antiaérea fornecidos ao governo sírio por negociação direta entre Assad e o presidente Vladimir Putin conseguiram interceptar ao menos 13 mísseis – uma façanha. Isso jamais havia acontecido anteriormente.
Os alvos visados tem a ver com o complexo estratégico sob controle do Centro de Estudos e Pesquisa Científica da Síria. Nos termos do acordo fixado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2013, a instituição deveria ter sido desativada — a rigor, funcionava apenas para abastecer o Comando Aeroestratégico criado por Hafez Assad, pai de Bashar, como recurso de dissuasão, dotado de imensos estoques de armas químicas. No entanto, foi preservado sob o argumento de que seu trabalho era fundamental para o ensino universitário.
As principais instalações do centro estavam em Al-Safira, onde eram montados os mísseis Hwasong-6, de médio alcance, fornecidos pela Coreia do Norte; Hama, sede da linha de conversão para receber gases das ogivas dos Scud-C, entregues pela Rússia nos anos 90; Latakia e Palmira, cidades que abrigavam laboratórios. Houve significativo manejo dessas estruturas ao longo da guerra civil de sete anos.
A capital, Damasco, mais protegida das operações dos grupos de oposição, passou a abrigar as unidades de pesquisa e, segundo agências de inteligência de França e Reino Unido, três bancos de estocagem de cargas químicas e biológicas de uso em combate. Laboratórios, linhas de fabricação e depósitos teriam sido distribuídos por Dumayr, Sharmat, Khan Abu e Furqlus, perto do deserto.
No total, foram liberadas “centenas de toneladas”, na análise do secretário da Defesa americano, James Mattis, de gases Sarin, VX e sulfúrico.