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Bolívia, Venezuela e Milei x Lula: América Latina vive tensão política

Incerteza sobre eleições e tentativa de golpe deixam a democracia em alguns países da América Latina sob risco

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Manifestante arremessa gás lacrimogêneo em frente ao palácio presidencial na Plaza Murillo - metrópoles
1 de 1 Manifestante arremessa gás lacrimogêneo em frente ao palácio presidencial na Plaza Murillo - metrópoles - Foto: Radoslaw Czajkowski/picture alliance via Getty Images

A política da América Latina vive momentos de tensão, com episódios e incertezas sobre o futuro que põem em xeque a manutenção da democracia em alguns países da região.

Na Venezuela, a medida em que as eleições presidenciais se aproximam, a apreensão sobre o resultado do pleito e o futuro do país também cresce. Apesar de todas as dificuldades da oposição em indicar um candidato, as últimas pesquisas divulgadas apontam que Nicolás Maduro pode sair do poder após mais de dez anos como presidente.

Apesar do cenário desfavorável, o líder chavista declarou que está pronto para reconhecer o resultado das eleições, e se dispôs a assinar um acordo proposto pela Assembleia Nacional da Venezuela.

“Estou pronto para assinar um acordo perante o Poder Eleitoral para que todos os candidatos reconheçam o boletim que a CNE lerá no dia das eleições”, declarou Maduro no início de junho.

Ainda que Maduro tenha demonstrado respeito ao processo eleitoral venezuelano, a oposição têm criticado a postura da administração chavista muito antes do início da campanha.

O atual candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD), Edmundo González, foi escolhido como candidato da coalizão de oposição após os dois nomes iniciais enfrentarem problemas para definir um candidato para as eleições deste ano.

Na época, Maduro chegou a debochar da situação, e disse não ter culpa na indefinição da oposição para escolher seu adversário.

A indefinição começou após a ex-deputada María Corina Machado ser impedida de participar do pleito ao ser impedida de ocupar cargos públicos por 15 anos, em uma decisão de julho de 2023. Além dela, outros opositores de Maduro também foram alvos da sanção da Controladoria-Geral da Venezuela, que alegou irregularidades administrativas.

Corina Yoris foi indicada como substituta de María Corina Machado. No entanto, Yoris enfrentou problemas na hora de registrar sua candidatura na plataforma eleitoral do país.

Além disso, a oposição acusou o governo Nicolás Maduro de perseguir e prender membros da campanha de González e outros ativistas políticos contrários à atual administração venezuelana.

A incerteza que cerca a eleição é uma preocupação da comunidade internacional, que tentam enviar observadores para o pleito marcado para o próximo dia 28 de julho. A posição foi defendida pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante conversa telefônica com Maduro no início deste mês. 

Dia de caos na Bolívia

Na última quarta-feira (26/6), a Bolívia também viu a democracia no país ser ameaçada após uma tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-comandante do Exército, general  Juan José Zúñiga.

Depois de algumas horas, a tomada de poder pelos militares foi impedida por manobras do presidente boliviano, Luis Arce. Além de convocar a população a resistir contra a tentativa de golpe, o chefe do Executivo mudou todo o comando das Forças Armadas da Bolívia.

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Manifestante arremessa gás lacrimogêneo em frente ao palácio presidencial na Plaza Murillo
Militares montam guarda com um caminhão blindado do lado de fora do palácio do governo na Plaza Murillo
Apoiadores do presidente boliviano Arce manifestam-se em apoio à democracia perto do palácio do governo durante uma tentativa de golpe
Polícia Militar caminha em meio a gás lacrimogêneo em frente ao palácio presidencial na Plaza Murillo
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Apoiadores do presidente boliviano Arce manifestam-se em apoio à democracia perto do palácio do governo durante uma tentativa de golpe

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Oficiais militares reagem ao gás lacrimogêneo disparado do lado de fora do palácio presidencial na Plaza Murillo em 26 de junho de 2024 em La Paz, Bolívia

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Idosa empurra barricada ao redor do palácio do governo em apoio ao presidente Arce, em meio a uma tentativa de golpe

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Bolívia teve duas tentantivas de golpe de estado em 5 anos

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Apoiadores do presidente boliviano Arce buscam cobertura contra gás lacrimogêneo perto do palácio do governo durante uma tentativa de golpe

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Militares montam guarda com um caminhão blindado do lado de fora do palácio do governo na Plaza Murillo

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A decisão culminou na retirada das tropas lideradas por Zúñiga das proximidades do Palacio Quemado, sede do governo boliviano. O general que liderou o motim acabou preso e acusou Arce de orquestrar o episódio com o objetivo de aumentar a popularidade de seu governo. 

A tentativa de mudar à força os rumos políticos da Bolívia ainda teve como pano de fundo um momento de divisão política na ala progressista do país envolvendo Evo Morales e Luis Arce.

Nas eleições de 2020, o ex-presidente da Bolívia por três mandatos consecutivos chegou a apoiar Arce, mas divergências políticas afastaram os dois, culminando na expulsão do atual líder boliviano do Movimento ao Socialismo (MAS), partido liderado por Morales. 

Apesar do episódio, analistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam que as divergências políticas entre a esquerda ficaram para trás em favor da democracia.

“Mesmo que a conjuntura boliviana seja de conflito entre as principais lideranças do MAS, episódios como este mostram que os movimentos sociais e a sociedade civil se mobilizam contra forças conservadoras que intentam contra a democracia. O MAS, enquanto partido e força política, continua sendo fundamental e, apesar da crise interna, mobiliza e aglutina setores essenciais da sociedade boliviana, os quais foram responsáveis por mobilizações históricas no país”, explica a analista de política internacional Ana Lúcia Lacerda, do Laboratório de Estudos sobre Regionalismo e Política Externa da UERJ.

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