metropoles.com

Alemanha: eleição deixa sucessão de Angela Merkel em aberto

O Partido Social-Democrata e a União Democrata Cristã terminaram o pleito deste domingo numa disputa acirrada, sem vencedor definido

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução
Armin Laschet e Angela Merkel
1 de 1 Armin Laschet e Angela Merkel - Foto: Reprodução

Na eleição federal mais pulverizada da Alemanha do pós-guerra, os tradicionais Partido Social-Democrata (SPD) e União Democrata Cristã (CDU) terminaram o pleito deste domingo (26/09) numa disputa acirrada, com leve vantagem para a centro-esquerda, mas sem um vencedor inconteste.

O cenário, com menos de dois pontos percentuais separando ambos os partidos (cerca de 26% a 24%), deixa a sucessão da chanceler federal Angela Merkel em aberto e dependendo de um processo de costura de alianças que pode se arrastar por meses.

O SPD tem como candidato o atual vice-chanceler e ministro das Finanças Olaf Scholz. Já a CDU, o partido de Merkel, é representada por Armin Laschet, atual presidente da legenda e governador do estado da Renânia do Norte-Vestfália. A depender de como vão ser as negociações para a formação de coalizões, um dos dois vai comandar a Alemanha.

O processo deve adiar a aposentadoria de Merkel, que pretende deixar o poder após 16 anos de governo. No pós-eleição de 2017, o processo para a costura de coalizões se estendeu por quatro meses e foi marcado por reviravoltas, resultando em mais uma aliança entre a CDU e o SPD, que não estava nas previsões iniciais de analistas e observadores políticos, que apostavam num governo com conservadores, verdes e liberais.

Costura de alianças

Para conseguir liderar um governo estável, um pretendente a chanceler precisa garantir mais de 50% dos votos no Parlamento Federal (Bundestag). Como nenhum partido obteve essa marca sozinho, são necessárias a costura de alianças. Nesse pleito pulverizado, tais coalizões muito provavelmente vão ter que incluir três partidos, algo que não ocorre na Alemanha desde o final dos anos 1950.

Na Alemanha, os eleitores não votam diretamente nos candidatos a chanceler, mas em seus partidos. Normalmente, cabe a legenda que conquistar mais cadeiras no Parlamento Federal (Bundestag) e/ou que tem mais chances de liderar a costura de uma coalizão com mais de 50% das cadeiras liderar um governo – e consequentemente escolher o chanceler federal.

Mas também não é inédito que um candidato conquiste a chancelaria sem que seu partido tenha terminado em primeiro lugar nas eleições e que isso aconteça graças a uma costura de alianças. Isso já ocorreu nos pleitos de 1969, 1972, 1976 e 1980. Por isso, Laschet, mesmo em desvantagem em relação a Scholz ainda está no páreo.

Partidos cortejados

Agora, com a fase de negociações, partidos que aparecem na terceira e quarta posições, como os Verdes e Liberais, devem ser cortejados pelos conservadores e social-democratas. É certo que qualquer que seja o próximo chanceler, o novo governo alemão deve ser plural, sem qualquer costura completamente à esquerda ou à direita.

Os ultradireitistas da Alternativa para a Alemanha (AfD), que obtiveram 11% dos votos, são irrelevantes nesse processo de costura de coalizões, já que tanto a CDU e o SPD descartaram qualquer aliança com a legenda radical.

Nem Laschet nem Scholz demonstraram que estão dispostos a desistir de conquistar a chancelaria após o anúncio dos primeiros resultados.

“Faremos de tudo para formar um grupo conservador governo, porque a Alemanha precisa de uma coalizão voltada para o futuro que modernize nosso país”, reagiu Laschet.

“É certo que muitos marcaram o SPD nas cédulas porque querem que o próximo chanceler da Alemanha seja Olaf Scholz”, afirmou seu rival social-democrata.

Panorama partidário-eleitoral

Essa foi a eleição alemã mais acirrada desde 2002, quando a CDU e SPD ficaram tecnicamente empatados.

Os primeiros resultados deste domingo também mostram uma mudança no panorama partidário-eleitoral, com nenhuma legenda conquistando uma posição de dominância inconteste. É a primeira vez desde 1949 que nenhum partido conquistou mais de 30% dos votos. Esse cenário de pulverização também deve resultar num inchaço no número de deputados no Parlamento por causa de peculiaridades do sistema eleitoral alemão.

Esta também foi a primeira eleição desde 1949 que não contou com um chanceler no poder em busca da reeleição. Merkel é a primeira chanceler alemã do pós-guerra que vai deixar o poder por vontade própria.

A campanha ainda foi marcada por um sobe e desce, com três candidatos se alternando na liderança nos últimos meses.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?