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Alemanha celebra os 35 anos da queda do Muro de Berlim

Milhares participaram de eventos na capital alemã para marcar o aniversário da queda de símbolo da Guerra Fria

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Foto colorida do muro de Berlim na Alemanha - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do muro de Berlim na Alemanha - Metrópoles - Foto: Patrick PIEL/Gamma-Rapho via Getty Images

Milhares de pessoas celebraram neste sábado (9/11) na capital alemã o 35º aniversário da queda do Muro de Berlim, que abriu a porta para a reunificação da Alemanha. As celebrações incluíram eventos oficiais, exposições de arte e concertos.

Centenas de pessoas depositaram flores em um pedaço remanescente da estrutura no memorial do Muro de Berlim, na Bernauer Straße, incluindo o presidente federal Frank-Walter Steinmeier. O ministro da Economia e vice-chanceler, Robert Habeck, também participou das comemorações.

O Muro de Berlim dividiu a capital alemã por 28 anos, 2 meses e 26 dias e contava com 155 quilômetros de barreiras vigiadas por guardas armados. Ele começou a ser construído pelas autoridades da antiga Alemanha Oriental comunista em 13 de agosto de 1961, para impedir a fuga de seus cidadãos para a parte ocidental. Pelo menos 140 pessoas foram mortas tentando atravessar para o outro lado.

Em novembro de 1989, em meio a uma onda de protestos, fuga em massa de cidadãos por outros países do antigo bloco comunista, a ditadura da Alemanha Oriental, acabou cedendo e abriu os postos de controle da barreira, permitindo que seus cidadãos atravessassem livremente para o outro lado. As imagens da população celebrando na Berlim subitamente unida rodaram o mundo.

De uma maneira comovente, essas imagens marcaram o fim de fato da divisão da Alemanha em Ocidental e Oriental. Pouco mais de um ano depois, em 3 de outubro de 1990, o país politicamente dividido desde o fim da Segunda Guerra Mundial comemorava sua reunificação.

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Arte, música e discursos

As celebrações deste sábado incluíram ainda uma instalação artística com mais de 5.000 cartazes que se estendem por cerca de 4 quilômetros – feitos por crianças e adultos sob um lema que se traduz aproximadamente como “nós mantemos a liberdade erguida”. A instalação foi colocada em cima de parte do antigo caminho da estrutura que um dia dividiu a capital da Alemanha.

Os cartazes combinaram antigas demandas dos manifestantes da Alemanha Oriental contra as autoridades comunistas no outono de 1989, como liberdade de expressão, liberdade de imprensa e liberdade de viajar, com anseios atuais e foram criados como parte de workshops em escolas, paróquias, grupos de arte locais e projetos culturais.

Os cartazes incluíam mensagens como “um muro deve proteger, não dividir”, “liberdade de expressão sem ódio” e “a liberdade não é um presente”.

Uma série de concertos também foi planejada para oferecer o que os organizadores chamaram de “Trilha sonora da liberdade”, envolvendo desde rock da antiga Alemanha Oriental até David Bowie, que ficou famoso por passar uma temporada na Berlim dividida. No domingo, as celebrações devem incluir ainda uma apresentação da banda de protesto russa “Pussy Riot”, famosa por sua oposição ao regime de Vladimir Putin.

Scholz diz que reunificação foi “uma vitória para toda a Europa”

O chanceler federal Olaf Scholz, que no momento lida com a turbulência causada pelo súbito colapso de sua coalizão de governo, publicou uma mensagem em vídeo neste sábado para celebrar o aniversário.

Fazendo alusão aos movimentos e protestos pró-democracia em grande parte da Europa Oriental que precederam a queda do muro, Scholz disse que “a vitória da liberdade no outono de 1989 foi uma vitória para toda a Europa”.

“A queda do Muro de Berlim, há 35 anos, foi o feliz clímax de um movimento que abrangeu toda a Europa”, disse ele, chamando o dia 9 de novembro de “um dia de alegria, pelo qual nós, alemães, somos gratos até hoje”.

Ele também disse que a “revolução da liberdade” em 1989 tinha uma mensagem central que permanece atual: “Coragem, confiança e solidariedade valem a pena. Não conseguimos nada uns contra os outros, só somos fortes juntos”.

O prefeito de Berlim, Kai Wegner, por sua vez, discursou no Memorial do Muro de Berlim, assim como o presidente Steinmeier no sábado.

“Mantenha a liberdade no alto, pois sem liberdade nada mais importa”, disse Wegner, ecoando o lema da exposição. “Liberdade e democracia nunca foram questões óbvias”.

Wegner também fez alusão aos vários aniversários importantes da história alemã do século 20 que ocorreram em 9 de novembro, dizendo que a data é um dia fatídico” para a Alemanha, tanto em um sentido positivo quanto negativo.

O 9 de novembro alemão

A queda do Muro de Berlim não foi o único acontecimento que marcou a história alemã em 9 de novembro.

O calendário histórico alemão aponta ainda outros acontecimentos de suma importância para a história do país no 9 de novembro: em 1918, o social-democrata Philipp Scheidemann proclamou de uma varanda do Reichstag (Parlamento alemão), em Berlim, a primeira república do país, oficializando a queda da monarquia na esteira da derrota na Primeira Guerra Mundial.

O 9 de novembro também é o aniversário do início dos Pogroms de Novembro de 1938, também conhecidos como Noite dos Cristais, quando o regime nazista de Adolf Hitler promoveu a destruição sistemática de lojas, sinagogas e propriedades de judeus alemães.

Mais de 1.400 edifícios foram destruídos e cerca de 30.000 judeus foram levados para campos de concentração.

A repressão violenta é vista como um passo decisivo da perseguição dos judeus na Alemanha nazista que culminaria no Holocausto e a morte de cerca de 6 milhões de judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial.

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