“Agora sei que vou para a prisão”, diz Battisti ao chegar à Itália
Battisti ficará num presídio na periferia de Roma, com forte esquema de segurança
atualizado
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Cesare Battisti desembarcou na Itália aparentando tranquilidade e como se não estivesse sendo levado para a prisão depois de 40 anos como fugitivo, de acordo com a imprensa do país. O La Repubblica reproduziu as primeiras palavras de Battisti em solo italiano: “Agora sei que vou para a prisão”. Ele foi preso no sábado, na Bolívia, e desembarcou em Roma nesta segunda (14/1).
De acordo com o jornal italiano, Battisti também aparentou serenidade durante o voo, “sem sinais de desespero, apesar de esperar pela prisão perpétua”. Falou sobre a vida e também sobre a fuga do Brasil para a Bolívia depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux suspendeu a liminar que impedia a prisão de Battisti no país. Battisti dormiu durante muito tempo no voo até a Itália.
O italiano ficará num presídio na periferia de Roma, com forte esquema de segurança, de acordo com o ministro da Justiça Alfonso Bonafede. O jornal Corriere della Serra informou que ele deverá ficar sozinho na cela, em uma área de segurança reservada para terroristas, e passará por seis meses de isolamento diurno.
Após a prisão, o governo brasileiro deslocou um avião da Polícia Federal à Bolívia para trazer Battisti ao Brasil e, em seguida, extraditá-lo para a Itália, conforme promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O governo italiano, no entanto, já havia decidido levar Battisti diretamente ao país. Em uma nota conjunta divulgada no início da noite de ontem, os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça brasileiros afirmaram que o importante era que o italiano respondesse por seus crimes.
Battisti deixou seu país depois de ser condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979. Na Itália, foi primeiramente condenado a 12 anos e 10 meses de prisão, em 1981, por participação em bando armado e ocultação de armas. Mais de uma década depois, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão, em razão de quatro homicídios hediondos: contra um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro.
Após idas e vindas por França e México entre 1981 e 2004, chegou ao Brasil e foi preso em 2007. No último dia de seu segundo mandato, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo político para o italiano e impediu sua extradição.