A dor dos parentes dos tripulantes ao saber da explosão no submarino
Familiares se desesperaram e ficaram revoltados com a informação de que houve uma explosão depois de mensagem enviada pelo ARA San Juan
atualizado
Compartilhar notícia
“Eu cheguei pela primeira vez à base (naval) e acabei de descobrir que eu sou viúva”, disse Jessica Gopar, em lágrimas. Ela é esposa de Fernando Santilli, eletricista no ARA San Juan, o submarino que está desaparecido há oito dias na Argentina. Jessica caiu em prantos depois de a Marinha do país ter informado sobre possível explosão no submarino, nesta quinta-feira (23/11).
A Marinha argentina anunciou o registro de um som violento e repentino, compatível com uma explosão no Atlântico, horas depois do último contato do ARA San Juan com a base, em 15 de novembro. Quase cem familiares de tripulantes aguardavam por notícias dentro da base naval de Mar del Plata, cujo perímetro nos últimos dias foi preenchido com mensagens de encorajamento, imagens religiosas e bandeiras argentinas.“Foi meu grande amor, nós tínhamos sete anos de namoro, seis de casados e temos um filho, Stefano, que Deus nos enviou”, disse ela, às portas da base naval de Mar do Plata, a 400km a sul de Buenos Aires, onde familiares receberam a notícia. “Uma placa que diga ‘aos heróis de San Juan’ não me servirá”, disse Jessica.
Nas instalações da base naval alguns parentes se abraçaram, outros gritaram desconsoladamente sentados no chão. A Marinha deu a notícia aos parentes que estavam na base, minutos antes de divulgá-la oficialmente, em uma conferência de imprensa na capital do país.
“Eu me sinto enganada, como assim, dizem que descobriram agora? Eles são perversos, eles nos manipularam”, disse Itatí Leguizamón, advogada e esposa de German Suarez, responsável pelo sonar do San Juan. “Eles não nos disseram que estão mortos, mas dizem que o submarino está a 3.000 metros de profundidade; o que podemos entender?”, disse ela, em meio a uma crise de choro.
Casada com German há dois anos, Itatí era uma das mais indignadas. “Fizeram uma busca para parecer que se esforçaram, mas enviaram uma m… para navegar, que já havia tido problemas em 2014, quando não conseguiu emergir”, afirmou. “Ele estava preparado para a morte, ele sempre confessou isso, e estava em paz, estava pronto”, continuou Itatí.
“Força para as famílias dos 44”, escreveu em uma bandeira de plástico que acabara de comprar Julián Colihuinca, de 19 anos, que estava perto da cerca da base. “Eu sou filho de um mergulhador tático. A tragédia é muito próxima de mim, eu conheço os tripulantes de rosto, muitos da tripulação já cumprimentei”, disse o jovem à AFP, enquanto amarrava a bandeira na cerca da base naval.