39 corpos encontrados em caminhão eram de chineses, diz polícia
Motorista segue preso sob suspeita de assassinato. Segundo a polícia, 31 vítimas eram homens e 8, mulheres
atualizado
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As 39 pessoas encontradas mortas, na madrugada dessa quarta-feira (23/10/2019), dentro de um contêiner refrigerado, eram de nacionalidade chinesa, segundo informações da polícia britânica. Do total, 31 eram homens e 8, mulheres. Os corpos estavam em um caminhão no Parque Industrial Waterglade, em Grays, no condado de Essex, sudeste do Reino Unido. O motorista Mo Robinson, 25 anos, segue preso por ao menos mais 24 horas, sob acusação de assassinato.
As autoridades realizaram ainda na noite de quarta (23/10/2019) buscas em três propriedades em Co Armagh, na Irlanda do Norte, que podem estar relacionadas ao suspeito. Ele mora na cidade norte-irlandesa de Portadown. A polícia explica que o caminhão veio da Bélgica, mas está registrado na Bulgária. Os investigadores belgas disseram, entretanto, que ainda não é claro quando as vítimas foram colocadas no veículo e se isso aconteceu em território belga.
A rota que o caminhão percorreu ainda está sendo determinada. De acordo com a polícia britânica, o reboque do veículo teria chegado aproximadamente às 23h30 (horário local) de segunda-feira (21/10/2019) a Purfleet, porto do Tâmisa, procedente de Zeebrugge, Bélgica, enquanto a cabine partiu da Irlanda do Norte. O Ministério Público Federal da Bélgica informou que o contêiner do caminhão passou por Zeebrugge nessa terça-feira (22/10/2019).
Os policiais afirmam que foram acionados por socorristas do leste da Inglaterra para uma ocorrência no Parque Industrial Waterglade, na Eastern Avenue, com o relato de que as 39 pessoas foram encontradas mortas no interior do caminhão. Acreditava-se que se tratava de 38 adultos e um adolescente, no entanto, foi confirmado depois que a vítima era uma mulher adulta jovem.
O caminhão foi removido nessa quarta (23/10/2019) do local para uma área segura nas docas de Tilbury, para que a próxima etapa, de identificação das vítimas, seja conduzida de forma a respeitar a dignidade delas. “Cada uma das 39 pessoas deve passar por processo de identificação completo para estabelecer a causa de morte, antes de tentarmos identificar cada indivíduo. Esta será uma operação substancial e, neste estágio, não podemos estimar quanto tempo os procedimentos levarão”, disse a polícia.
A área próxima ao parque industrial ficou isolada com faixas, cercas e tendas forenses durante todo o dia, o que deixou o trânsito muito complicado. Até a manhã desta quinta-feira (24/10/2019), flores e outras homenagens começavam a ser colocadas em frente ao local, em respeito aos 39 mortos.
Investigação
Segundo o jornal The Sun, o motorista Mo Robinson, 25, está prestes a ser pai. Ele é motorista de caminhão há mais de cinco anos e, de acordo com a investigação da polícia em Londres, não é dono do caminhão usado para transportar as vítimas chinesas. O veículo foi registrado em Varna, na Bulgária, em 2017. Segundo a polícia, o veículo não havia voltado à Bulgária desde então. Além de identificar as vítimas, autoridades da Agência Nacional do Crime buscam indícios da atuação de uma quadrilha internacional que pode estar envolvida com a entrada ilegal de imigrantes.
A Bulgária é porta de entrada popular na Europa para migrantes que fogem de conflitos civis em países como Síria, Afeganistão e Iraque. No ano passado, 12 búlgaros foram condenados pelas mortes de 71 pessoas, que morreram sufocadas em um caminhão selado na Áustria. O local era tão apertado, que as vítimas nem sequer conseguiam sentar. Os corpos foram encontrados em decomposição.
Em 2000, 58 imigrantes perderam a vida em um caminhão que viajava de balsa da Bélgica para a Grã-Bretanha. Eles provavelmente morreram de asfixia, por terem ficado presos no veículo por mais de 18 horas.