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A primeira mulher a sangrar pelas mãos do marido no DF, em 2019
A vida e a morte da moradora do Gama se passaram em raio de 4,2 km no Setor Oeste
Na madrugada do primeiro sábado de 2019, Vanilma e Tiago estiveram juntos pela última vez. Dentro do Vectra branco da família, cumpriram o percurso de 3,2 km que separa a casa deles da emergência do Hospital Regional do Gama (HRG). No trajeto de oito minutos, duas despedidas: a da própria vida e a do homem com quem dividiu planos por 10 anos. No carro, Vanilma agonizava justamente ao lado de seu assassino, marido e pai de seu único filho.
Para evitar a prisão em flagrante, Tiago largou a mulher sozinha às 3h30 na emergência do HRG. Vanilma chegou consciente, mas sangrava muito. Tinha um talho profundo no lado esquerdo do peito. Não contou a ninguém quem a havia atacado. Estava preocupada com o filho, de 3 anos. Ele tinha ficado sozinho em casa. A mulher implorou ajuda aos policiais, para que fossem em socorro de Enzo.
Ao ser questionada pela polícia sobre os detalhes do crime, mentiu. Não quis denunciar o companheiro. Disse ter sido esfaqueada por um desconhecido. Antes mesmo de ter certeza de que o filho estava protegido, adormeceu. Primeiro pelo efeito dos sedativos. Horas depois, porque seu coração parou de bater. A fúria do marido perfurou o pulmão de Vanilma e, apesar de os médicos terem realizado duas cirurgias, foi impossível salvá-la.
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Após se casar, as visitas de Vanilma à família de criação começaram a rarear, apenas três ou quatro vezes por ano
Um crime de feminicídio começa bem antes de o agressor aplicar o golpe fatal. O roteiro da tragédia se forma a partir de discussões, desentendimentos, mágoas, desrespeito e violências até o desfecho, quando ele faz sua vontade prevalecer por meio da força e aniquila a vítima.
É vago apontar quando uma história de amor se transforma em capítulos de uma narrativa violenta. No caso do relacionamento de Tiago Joaquim, 33 anos, e Vanilma Martins dos Santos, 30, foi em algum momento entre o fim de 2008, quando se conheceram, e a madrugada de 5 de janeiro de 2019, quando ele a matou. O enredo onde tudo se passou, entretanto, está restrito a um raio de apenas 4,2 km, entre a casa dos dois, no Setor Oeste do Gama, e o Nosso Bar, um galpão de piso de ardósia e paredes caiadas às margens da DF-180. Lá se conheceram.
Aos 20 anos, Vaninha, como sua família adotiva a tratava, era uma moça que chamava atenção pela beleza. Magra, tinha os cabelos escuros e compridos. Embora tímida, era vaidosa. Na época, fazia curso técnico de enfermagem em Taguatinga e, vez ou outra, ajudava a servir os clientes do Nosso Bar. Seus familiares mantinham o ponto comercial e moravam no mesmo endereço. Tiago, aos 23 anos, havia parado de estudar na 6ª série do ensino fundamental e frequentava o lugar para beber e jogar sinuca com amigos.
Onde morava e trabalhava Vanilma
Vanilma e Tiago começaram a namorar e, dois ou três meses depois, decidiram morar juntos, nos fundos da casa dos avós paternos dele. As melhores amigas de Vanilma à época eram a prima Polliane Martins de Oliveira, hoje com 25 anos, e a vizinha Sheila Ferreira da Silva, 29. As duas tinham namorados e, segundo elas, Vanilma também desejava encontrar um par e sonhava em formar uma família.
Tiago, no início, parecia perfeito, levava Vaninha para passear no Lago Corumbá, dava buquês de flores, era romântico. “Ela se encantou”, diz a prima e confidente Polliane. A paixão fulminante desagradou Dionice dos Santos, 49, a mãe de criação.
“Eu nunca gostei dele. A primeira impressão não foi boa”Dionice dos Santos, mãe de criação de Vanilma
Dionice, que criava Vanilma desde os 4 anos, não sabe precisar o que a desagradou no genro. A irmã dela, Geralda Martins dos Santos, 43, lembra de uma briga violenta de Tiago com um rapaz no bar da família. “Ele quebrou uns tacos de sinuca, espancou o outro, que foi hospitalizado”, relata Geralda. A rixa foi puxada pelo adversário, ele alimentava um amor platônico por Vanilma.
Pouco tempo depois, Vaninha, já vivendo com Tiago, abandonou o curso técnico de enfermagem. As visitas dela à família de criação começaram a rarear, apenas três ou quatro vezes por ano, como se os 13 minutos de carro que separam o galpão de chão de ardósia do novo endereço fossem dias de distância. “Ele não gostava da presença dela aqui, dizia que bar não era ambiente para ela”, conta Dionice.
Rafaela Felicciano/Metrópoles
“Tiago não gostava da presença dela no meu trabalho, dizia que bar não era ambiente para ela”, conta Dionice dos Santos, mãe de criação de Vanilma
Um relacionamento abusivo se estabelece de maneira quase imperceptível, com um dos parceiros fazendo restrições à liberdade do outro. Geralmente, argumentando ciúmes ou proteção, o homem passa a controlar a vida da mulher, decidindo aonde ela pode ir, como precisa se vestir e com quem pode se relacionar. Para evitar brigas, a vítima cede. As restrições se intensificam e, quando ela percebe, perdeu autoestima, autonomia e individualidade.
Desde o casamento, Vanilma se afastou da família de criação e das amigas. Também não fez novos vínculos no bairro onde foi viver. As pessoas que a conheceram dizem que ela era quieta, discreta e não se queixava. No Setor Oeste, os vizinhos a consideram uma “mulher de dentro de casa”, que saía pouco, quase não conversava e não abria a intimidade.
As famílias dos dois nunca foram próximas. Uma das poucas ocasiões na qual estiveram juntas foi no aniversário de 15 anos de Alessandra, filha biológica de Dionice. A mãe de Tiago, Ilma de Souza, 51, trabalha com eventos e organizou a festa, realizada em julho de 2017 no galpão.
Arquivo Pessoal
Enzo, Tiago e Vanilma se arrumaram para a festa de 15 anos de Alessandra: “Foi a última vez que a vi feliz”, relata a irmã de criação
Em uma das fotos com a aniversariante (imagem acima), Vanilma está com o marido, que carrega o filho, Enzo, no braço. Ela usa um vestido curto e justo, com maquiagem no rosto. “Estava linda, radiante. Há tempos não se arrumava. Foi a última vez que a vi feliz”, relata Alessandra, a irmã de criação. Enzo está de terno alugado e Tiago aparece com um meio sorriso.
O desleixo de Vaninha depois do casamento era motivo de comentários daqueles que a viram crescer. “Ela, sempre vaidosa, começou a se vestir igual a uma velha”, relata Polliane. A mudança aconteceu ainda no início, quando Vaninha abandonou o figurino usual – shorts e blusinhas – para usar apenas “roupas de casa”. No entanto, ela própria nunca afirmou aos familiares que essa era uma imposição do marido.
Enzo, filho de Vanilma e Tiago, nasceu em agosto de 2015. Os dois tinham seis anos de convivência quando o menino chegou. Muito desejado pelo casal – Vanilma teve dificuldades para engravidar –, o garoto logo passou a ser o centro da vida dela.
A família de Vanilma afirma que Tiago não a deixava trabalhar. Mas, segundo a sogra, Ilma, isso nunca existiu. As condições financeiras do casal não eram estáveis, Tiago vivia de bicos como serralheiro ou pedreiro. Desde que Enzo nasceu, Vanilma cuidava exclusivamente do filho e da casa.
O lugar onde moravam é uma construção nos fundos do endereço dos avós paternos dele. A cozinha da residência principal fica virada para um dos quartos da casa do jovem casal. Na parede, há uma janela que era usada por Vanilma, vez ou outra, para pedir uma xícara de café ou um pouco de açúcar para a família do marido. “Ela era maravilhosa. A convivência deles era boa, se tratavam por ‘Amor’”, garante Maria de Fátima da Silva, 65, avó de Tiago.
“’Amor, pega minha toalha’ e ‘Amor, busca a minha sandália’ era o que a gente ouvia daqui”Patrícia de Farias, tia de Tiago
Na madrugada violenta que teve como desfecho a morte de Vanilma, a família de Tiago afirma não ter escutado nenhum barulho vindo do terreno dos fundos. Uma intervenção poderia ter evitado o pior. “Fomos acordados no meio da noite pela polícia, perguntando se ele estava escondido aqui em casa”, afirma a avó Maria de Fátima.
No momento do crime, além do filho da vítima, Enzo, estava na casa de trás Paulo Henrique, 16, sobrinho de Tiago. Mas, de acordo com a polícia, o adolescente não teria escutado a discussão, pois jogava videogame em outro quarto, com fone de ouvido. “Meu tio me pediu ajuda para socorrê-la, disse que alguém veio da rua e a esfaqueou”, afirmou Paulo Henrique, na delegacia, quando foi ouvido. Por sorte, o filho do casal não presenciou a cena, estava dormindo.
Apesar da fuga de Tiago, não foi difícil para a polícia descobrir como o assassinato aconteceu. Ao chegar ao endereço indicado por Vanilma, os PMs encontraram a sala da casa ainda suja de sangue e informaram o fato à Polícia Civil, que foi até o local. Imediatamente, o marido passou a ser o principal suspeito do feminicídio e, em diligências, os agentes acharam a faca utilizada no crime em cima do telhado da casa dos dois.
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Alessandra viu, mais de uma vez, manchas roxas no corpo da irmã, Vanilma
Os órgãos de segurança pública enfrentam uma dificuldade crucial para evitar feminicídios: é praticamente impossível saber quando e onde ocorrerá a próxima tragédia domiciliar entre um casal que está vivendo às turras. A intimidade dos lares chega ao conhecimento do Estado apenas quando a vítima denuncia o agressor e ele está em cumprimento de medida protetiva com monitoramento constante.
Mas, independentemente de quem são os protagonistas, a trama que leva ao assassinato de uma mulher por seu companheiro segue uma história padrão, conhecida como ciclo da violência. Inicia com proibições feitas pelo agressor à vítima, passa para ataques pessoais, xingamentos, e culmina na violência física, com empurrões, chutes, socos e pontapés. O nível máximo se dá quando começam os espancamentos e as ameaças de morte.
As vítimas devem reconhecer e interromper o ciclo de violência já nas primeiras investidas, comunicando os fatos à polícia para que o agressor seja enquadrado na Lei Maria da Penha e devidamente responsabilizado. A partir daí, a situação mais segura depende de uma decisão delas: é preciso abandonar o relacionamento e evitar contato com o acusado. Mas, muitas vezes, elas não têm o apoio necessário para tomar tais atitudes. Ou não se sentem seguras.
Arquivo Pessoal
Vanilma teve dificuldades para engravidar. Seu filho, Enzo, nasceu em agosto de 2015, após seis anos de casamento com Tiago
Arquivo Pessoal
Segundo os vizinhos, a dona de casa saía pouco e não conversava com quase ninguém
Arquivo Pessoal
A vítima era de Riachinho (MG) e foi criada por Dionice desde os 4 anos
Arquivo Pessoal
Filha de um lar que nunca existiu, Vaninha nasceu de um relacionamento eventual da mãe biológica e conheceu o pai já adulta
No início de 2017, Vaninha chegou com Enzo e uma sacola de roupas à casa de Geralda, sua tia de criação, no Setor Leste do Gama. Pediu para passar um tempo porque estava se desentendendo com o marido. Segundo contou, Tiago a deixava com o filho para ir beber com os amigos. Vanilma ficou quatro dias lá, mas voltou a conviver com o companheiro quando ele foi buscá-la.
Após alguns meses, a situação se repetiu, só que, dessa vez, ela trouxe mais roupas e apareceu com uma marca roxa na perna. A tia desconfiou: “Ele está batendo em você?”. Vaninha negou, disse que tinha caído da cama. Uma semana depois, os pais dele foram buscar a nora e o neto.
De acordo com Geralda, em uma das vezes que Tiago visitou a mulher e o filho durante esses breves períodos de separação, ele se irritou porque Vanilma estava de batom. “Ele ficou bravo, achando que ela tinha saído para encontrar alguém”, conta. Vaninha havia apenas provado a maquiagem oferecida por um vendedor de cosméticos.
Em abril de 2017, Vaninha e Enzo foram ao Jardim Ingá visitar a amiga de infância Sheila, que havia acabado de dar à luz uma menina, porém já estava separada do pai da criança porque, durante a gravidez, descobriu uma traição. Vaninha, que tinha ido apenas para um encontro rápido, ficou dois dias e também revelou uma dor de amor. Disse que Tiago a traiu, mas, ainda assim, decidiu perdoá-lo. “Ela amava o Tiago, sempre amou. Ter uma família era o grande objetivo de vida dela”, afirma Sheila.
A última vez que Vaninha e o filho estiveram na casa de Dionice foi em 28 de outubro do ano passado, data do segundo turno das eleições. O marido da mãe de criação foi buscá-los no Setor Oeste antes do almoço. Os dois ficaram no Cantinho Mineiro – novo bar da família, localizado na DF-290 – até por volta das 21h, quando Tiago retornou de uma pescaria e passou para pegá-los.
Na ocasião, a irmã, Alessandra, reparou em duas manchas roxas feias no lado direito do corpo de Vaninha: uma na parte interna do braço e outra na coxa.
“Perguntei o que era, ela disse que tinha caído brincando com o filho”Alessandra, irmã de criação
Durante aquela tarde, Enzo pediu para a tia um dos pacotes de biscoitos que estavam à venda no balcão do bar. Quando ela entregou, o menino disse: “Tia, fui no mercado comprar um salgadinho desses com a mamãe. Quando voltei, o papai bateu nela”. Alessandra não duvidou da criança e insistiu com a irmã de criação para saber os detalhes, mais uma vez, Vaninha desconversou.
A relação abusiva que resultou na morte de Vanilma se desenrolou sem alardes. Ela nunca detalhou à Dionice e às amigas o que sofria no casamento, tampouco falou sobre os episódios de violência doméstica com a família dele e, muito menos, comunicou à polícia sobre esses fatos.
Rafaela Felicciano/Metrópoles
A família de Tiago não ouviu nenhum barulho na noite em que Vanilma foi assassinada, o jovem casal morava atrás da casa dos avós dele
Na sexta-feira (4/1), Tiago saiu por volta das 15h30, para ir ao Lago Corumbá com dois amigos. Deixou a mulher, o filho e o sobrinho Paulo Henrique em casa. Retornou 10 horas depois, na madrugada de sábado (5), embriagado. Encontrou Vanilma ainda acordada, deitada na cama do casal, ao lado de Enzo.
Por volta de 1h40, os dois começaram a discutir. Vanilma reclamava do horário e do estado no qual o marido havia chegado. Brigas semelhantes, por esses mesmos motivos, já tinham acontecido, mas, dessa vez, o desfecho seria o pior possível. Tiago pegou uma faca de cortar carne que estava em cima de um balcão entre a sala e a cozinha e deu um golpe na companheira.
Segundo contou à polícia quando se entregou, ele teria apenas simulado que arremessaria a faca na direção da mulher, mas a lâmina teria “escapulido” da bainha e atingido o corpo de Vanilma, do lado esquerdo, na altura do peito.
Mesmo antes de o laudo ficar pronto, o delegado Vander Braga, da 20ª DP (Gama), considerou a história inverossímil. “É uma versão que ele está criando para si mesmo. Uma faca daquele modelo não tem bainha, não escapole nem mata sozinha uma pessoa”, afirmou. A experiência deu razão ao policial: o laudo do Instituto Médico Legal (IML) indica que o corte não é compatível com um arremesso, e sim como uma punhalada.
O corpo de Vanilma foi enterrado na segunda-feira (7) em Riachinho (MG), terra natal dela, a 340 km do DF. Filha de um lar que nunca existiu – nasceu de um relacionamento eventual da mãe biológica e conheceu o pai já adulta –, Vaninha foi assassinada justamente pelo homem no qual depositou o desejo de construir uma família.
Tiago foi preso no domingo, em 6 de janeiro, e continua na cadeia. Apesar de ter escapado do flagrante, a Polícia Civil conseguiu um mandado de prisão preventiva contra ele ao convencer a Justiça que o feminicida planejava fugir do DF. O filho, Enzo, está com os avós paternos desde a madrugada do crime. Da mãe, o menino guardará apenas fragmentos de lembranças construídos pelos parentes do assassino.
Érica Montenegro
Formada pelo UniCeub, é pós-graduada em jornalismo social pela PUC-SP. Trabalhou no Correio Braziliense, jornal Metro, revista Darcy e Jornal de Brasília. Também atuou como chefe nas assessorias de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e das Cidades (DF). Publicou reportagens nas revistas Superinteressante, Aventuras na História e Carta Capital. Foi bolsista no programa Balboa para Jovens Periodistas, em Madri. Teve trabalhos selecionados para os prêmios Tim Lopes, Gabriel Garcia Marquez, Ayrton Senna e Embratel.
Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.
- Diretora-Executiva
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