O caminhoneiro é, por força da profissão, um solitário. Ele (ou ela) vive na estrada longe de casa, acompanhado apenas de música, dos pensamentos ou do silêncio durante os milhares de quilômetros rodados por aí. Perde aniversários, comemorações da família, o convívio do dia a dia e até a oportunidade de estar presente em momentos complicados da vida de pessoas queridas.
O que o mundo viveu na pandemia de covid-19, que obrigou a população a se isolar dentro de casa, se comunicando com familiares e amigos apenas pelas redes sociais, perdendo diariamente a oportunidade de passar presencialmente por experiências comuns e rotineiras da vida, é basicamente mais um dia normal na rotina do caminhoneiro.
O assunto da saúde mental se popularizou nos últimos anos por conta da pandemia estima-se que os atendimentos psicológicos aumentaram até 60% no período, quando a população passou a discutir a necessidade de acompanhamento profissional para lidar, justamente, com a solidão e com o peso da insegurança trazida pelo coronavírus. Mas, ainda assim, o tema continua sendo pouco discutido entre as populações mais vulneráveis a desenvolver doenças para além da pandemia.