William Cardoso
10/06/2020 12:33, atualizado 10/06/2020 13:15
Maior cidade do hemisfério sul, com quase 12 milhões de habitantes, e a mais rica do país, São Paulo escolhe neste domingo (27/10) quem vai governá-la pelos próximos quatro anos. Depois de uma campanha eleitoral acirrada e agressiva, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), chega ao dia da votação do segundo turno como favorito para vencer a disputa contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSol). Ambos duelam pela cadeira — e a caneta — que controla um orçamento anual superior a R$ 120 bilhões, equiparável aos gastos de todo o estado do Rio de Janeiro.
O tamanho do caixa da Prefeitura paulistana é fruto da riqueza de uma cidade que é o centro financeiro do país, referência de oportunidades para milhares de migrantes, lugar de vida cultural intensa e de um dinamismo que atrai pessoas de todo o Brasil e estrangeiros. O poder econômico, contudo, não tem sido suficiente para equacionar problemas crônicos e típicos de grandes aglomerações urbanas, como falta de segurança e de moradia, deficiências no transporte público, infraestrutura precária nas periferias, filas em equipamentos de saúde, entre tantos outros.
Nos últimos meses, o Metrópoles percorreu mais da metade dos 96 distritos da capital paulista para observar de perto as mazelas da cidade e ouvir os anseios dos moradores que irão às urnas neste domingo eleger o próximo prefeito. De Marsilac e Parelheiros, no extremo sul, a Perus e Tremembé, na ponta norte, e do Itaim Paulista e Cidade Tiradentes, no fundão da zona leste, até o Jaguaré e a Raposo Tavares, no canto oeste, São Paulo abriga diferentes cidades dentro dos seus 1,5 mil km² de território, com diferentes realidades e os mais diversos problemas.
Para organizar a apuração de campo, a reportagem usou como base as oito regiões definidas no Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa São Paulo. Além de centro e zona oeste, a reportagem foi às zonas sul, leste e norte — essas três últimas foram subdivididas para facilitar a compreensão dos problemas e virtudes de cada local. Dados robustos produzidos pela entidade, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Fundação Seade serviram para fundamentar, em números, aquilo que se vê nas ruas da capital paulista.
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Desse emaranhado surgem informações que mostram contrastes como a idade média ao morrer de 59 anos no distrito pobre de Anhanguera, na região noroeste, ante os 82 anos de Itaim Bibi e Jardim Paulista, bairros nobres da zona oeste paulistana. Em uma cidade que se vangloria de seu gigantismo, os cenários também são os mais diversos possíveis. Quem olha para a região central vê farta oferta de transporte público e toda a infraestrutura urbana disponível para seus habitantes, que, por sua vez, padecem pela falta de segurança, embora vivam no lugar mais policiado da capital paulista.
Já nos extremos estão bairros como a Chácara Três Meninas, na região do Jardim Helena, na zona leste, onde barracos se amontoam à margem direita do Rio Tietê e expõem outro grande drama da cidade de São Paulo, que é a falta de moradia digna. Esse problema também aflige quem mora no Jardim Corisco, no Tremembé, zona norte. Há pessoas vivendo penduradas em encostas à beira do Trecho Norte do Rodoanel, rodovia ainda em construção que poderia ajudar a desafogar, principalmente, o trânsito de caminhões que passam pela Marginal Tietê.
Também há locais onde o transporte público é insuficiente, como na região do Jardim Ângela, na zona sul, ou na Cidade Tiradentes, do outro lado da capital paulista, no extremo leste. São bairros que aguardam a chegada de linhas de alta capacidade, como trem e metrô, que seriam ideais para transportar seus moradores de forma decente até o chamado centro expandido, onde se concentram as ofertas de emprego. A falta de trabalho em bairros periféricos obriga uma gigantesca massa humana a se deslocar diariamente até regiões centrais onde fica grande parte das empresas.