A enchente em 3D

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Veja como aconteceu a inacreditável inundação de Porto Alegre

Veja como aconteceu a inacreditável inundação de Porto Alegre

Giovanna Estrela
08/05/2024 02:40, atualizado 08/05/2024 08:52

Os últimos dias de abril foram alegres no apartamento térreo do prédio 220, na Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre (RS). Juliana Dias, de 46 anos, recebia a mãe de 70 anos que estava de visita por uns dias. As duas curtiam as manhãs frias, tomando chimarrão e conversando na companhia do Figueroa, um yorkshire de seis meses.

O clima da casa mudou radicalmente em 2 de maio. O céu foi tomado por nuvens pesadas e um temporal sem precedentes desabou sobre a capital gaúcha. Em um dia, choveu 108,4 mm e o Guaíba atingiu 3m43 — quase a marca histórica de 4 metros registrada na enchente de 1941. A Defesa Civil pediu para a população evacuar alguns bairros próximos ao centro da cidade.

Moradora do Menino Deus, Juliana resolveu se antecipar e pediu abrigo na casa de uma amiga. Antes de sair, a empresária guardou no alto tudo o que pôde, com o intuito de salvar o maior número de objetos possíveis. “Queria proteger principalmente as fotos porque se a água as destruíssem, eu não teria como recuperar essas lembranças”.

Juliana saiu de casa na sexta-feira, 3 de maio, e pegou o essencial: um notebook, que usava para trabalhar, o cachorrinho e uma muda de roupa. Acompanhada da mãe, a mulher abandonou o apartamento acreditando que voltaria em poucos dias. “Fiz uma oração e bati a porta de casa”, conta.

Ramiro Sanchez/Getty Images
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Imagem aérea do Centro de Porto Alegre, completamente inundado, em 6 de maio

Poucas horas depois, as mensagens no grupo do condomínio confirmaram seus piores medos: a água havia invadido o prédio. Quando soube que a lama dentro de seu apartamento atingia a altura do peito de um vizinho que media 1m84, ela teve certeza de que havia perdido tudo. Com 1m57, ela mesmo ficaria submersa se estivesse lá.

Matheus Piccini/Getty Images
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Ela voltou para casa 15 dias depois de ter abandonado o apartamento térreo. Abriu a porta de seu lar e ficou devastada ao ver tudo destruído. No meio aos destroços, uma pequena vitória: suas fotografias estavam intactas. Aquilo lhe deu um sopro de esperança. “Acho que Deus gosta muito de mim”, pensou.

Leonardo Laipelt/Planet Labs

Antes
Depois
Antes
Depois

Imagens de satélite de Porto Alegre, registradas em 20 de abril e em 6 de maio

Em meio a tanto caos e destruição, ela também encontrou solidariedade. Abraços, mensagens de apoio e doações foram um alento. A história de Juliana poderia ter sido única, mas as chuvas de maio atingiram mais de 157 mil pessoas em Porto Alegre. Não é difícil encontrar relatos arrasadores de destruição. A capital gaúcha se tornou símbolo da tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul em maio de 2024.

A chuva forte começou a cair no Vale do Rio Pardo, na região central do Rio Grande do Sul, em 27 de abril. Dois dias depois, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu o primeiro alerta vermelho sobre o risco de enchentes.

Mauricio Tonetto/Secom-RS
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A água intensa na Serra Gaúcha encheu os rios Jacuí, Caí, Antas e Pardo. A chuva se acumulou, desceu as montanhas e destruiu dezenas de cidades ribeirinhas.

Em 2 de maio, a água da enchente chega ao Lago Guaíba, em Porto Alegre. Localizada em uma planície, a capital gaúcha é o ponto final de escoamento da chuva que vem da região montanhosa no norte do estado.

2 de maio

Nível da água:
2,63 metros

A Defesa Civil solta um alerta pela manhã sobre o risco de transbordamento do Guaíba. A prefeitura fecha as comportas de contenção do sistema de proteção contra enchentes.

2 de maio

Nível da água:
3,14 metros

O governo municipal orienta moradores e comerciantes das áreas próximas ao Guaíba, especialmente na zona sul, no Centro Histórico e no 4º Distrito de Porto Alegre, a deixarem as áreas de risco e procurarem abrigos seguros.

2 de maio

Nível da água:
3,43 metros

A água avança rapidamente, submergindo a Avenida Sertório, os trilhos do Trensurb e os paralelepípedos no Cais Mauá.

2 de maio

Nível da água:
3,43 metros

Sacos de areia são usados para proteger os prédios.

2 de maio

Nível da água:
3,43 metros

Na Orla, a partir da Usina do Gasômetro, arbustos, passarelas e equipamentos de lazer ficam submersos.

3 de maio

Nível da água:
3,68 metros

As águas do Guaíba invadem o centro da cidade e alagam prédios históricos e principais avenidas. O Mercado Público, a Casa de Cultura Mario Quintana, o Museu de Artes do Rio Grande do Sul, o Farol Santander, os arredores da prefeitura e a Estação Rodoviária são inundados e paralisam suas operações.

3 de maio

Nível da água:
3,68 metros

A Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps), próxima à comporta 3, transborda, o que intensifica a inundação.

3 de maio

Nível da água:
3,68 metros

A comporta 14 na zona norte se rompe parcialmente, permitindo que as águas se espalhem pela Rua Voluntários da Pátria.

3 de maio

Nível da água:
3,68 metros

A Arena do Grêmio é inundada e o gramado fica completamente tomado de água. Alguns dias depois, o estádio acolheu mais de 500 desabrigados dos bairros Farrapos e Humaitá, na Zona Norte.

3 de maio

Nível da água:
3,68 metros

O Estádio Beira-Rio do Internacional que fica perto dos bairros Praia de Belas e Menino Deus também é invadido pela lama. O CT Parque Gigante também foi completamente tomado pela água.

3 de maio

Nível da água:
4,77 metros

O Aeroporto Internacional Salgado Filho é fechado e suspende pousos e decolagens indefinidamente, devido ao elevado volume de chuvas.

3 de maio

Nível da água:
4,77 metros

A Estação Rodoviária de Porto Alegre também é invadida pela água, sem previsão de retorno das viagens.

3 de maio

Nível da água:
4,80 metros

A situação se agrava com a interrupção do fornecimento de energia elétrica, que deixa cerca de 4 mil unidades sem luz. A região também fica sem água após o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) cortar o abastecimento em 20 bairros.

4 de maio

Nível da água:
5,19 metros

Porto Alegre fica praticamente isolada. A força da água causa o desmoronamento de parte do asfalto na Avenida Castelo Branco, um dos principais acessos à capital. As BR-290 e BR-116 também são fechadas devido à enchente.

4 de maio

Nível da água:
5,19 metros

A RS-040, que leva ao Litoral Norte, é a única rota de entrada e saída da cidade.

O volume da inundação variou ao longo do mês de maio, conforme a intensidade das chuvas. O Guaíba chegou ao pico de 5,3 m acima do Cais Mauá em 5 de maio e reduziu a 3 metros em 1º de junho; dois dias depois, porém, o nível de água voltou a ultrapassar a cota de inundação.


Igo Estrela/Metrópoles

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A estação de telemetria do Guaíba era o Cais Mauá até 29 de maio. Devido ao avanço das águas, uma nova régua precisou ser instalada no Gasômetro, porque a estrutura antiga foi destruída durante a inundação.

A nova régua foi construída sob um padrão diferente da antiga. Por isso, o nível de alerta mudou de 2,55 m para 3,15 m, e o de inundação, de 3 m para 3,6 m.

O atual parâmetro para o nível de inundação é equivalente ao tamanho de um ônibus urbano escolar.

O pico do Guaíba chegou a 5,3 m. Para fins de comparação, uma casa de dois andares tem aproximadamente 6 metros de altura.

O SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA CHEIAS
O SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA CHEIAS

Em 1941, Porto Alegre viveu a pior enchente até aquele momento. As águas inundaram quase todo o Centro Histórico e os bairros da zona norte e da zona sul da capital. Para evitar novos alagamentos, um plano precisou ser colocado em prática. Na década de 1960, a prefeitura inaugurou o Sistema de Proteção Contra Cheias, que incluía a construção de 68 quilômetros de diques, 14 comportas e 23 casas de bombas.

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O SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA CHEIAS
O ESTADO TODO

Apesar de Porto Alegre ser o epicentro da tragédia, as enchentes devastadoras atingiram o Rio Grande do Sul inteiro: mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas. As chuvas no estado desalojaram mais de 500 mil pessoas e deixaram mais de 180 mortos. De acordo com o levantamento do governo, 478 dos 497 municípios gaúchos foram atingidos.

Desde a histórica enchente de 1941 em Porto Alegre, que durou 22 dias e deixou mais de 70 mil desabrigados, até o ciclone de setembro de 2023, que ceifou a vida de mais de 50 pessoas, o Rio Grande do Sul tem sido palco de tragédias ambientais recorrentes.

O relatório “Brasil 2040: cenários e alternativas de adaptação à mudança do clima”, solicitado pelo governo federal em 2015, apresentou projeções alarmantes sobre o aumento das chuvas no Sul, entre outros fenômenos climáticos extremos. No entanto, as informações encontradas no documento não inspiraram ações preventivas dos governantes.

Ramiro Sanchez/Getty Images
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Dados do Portal da Transparência revelam que a gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) não investiu um real sequer no setor “Melhoria no sistema contra cheias”, embora o Departamento Municipal de Águas e Esgoto (Dmae), responsável pela área, tivesse R$ 428,9 milhões para gastar.

Antes de zerar os investimentos em 2023, o número foi caindo drasticamente nos anos anteriores. Em 2021, foram gastos R$ 1.788.882,48 na prevenção de enchentes e, em 2022, R$ 141.921,72. Em contrapartida, a prefeitura da capital gaúcha estima que sejam necessários de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões para reconstruir Porto Alegre.

Antonio Valiente/Anadolu via Getty Images
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A água deixou um rastro de destruição em Roca Sales, no interior do Rio Grande do Sul
Igo Estrela/Metrópoles
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Moradores de Canoas retornam às suas residências para retirar os pertences após a água baixar
Igo Estrela/Metrópoles
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Vítimas das enchentes em Canoas se ajudam no transporte dos bens remanescentes da inundação
Mauricio Tonetto/Secom-RS
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As estradas do Rio Grande do Sul ficaram destruídas, ilhando cidades inteiras
Igo Estrela/Metrópoles
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Os moradores usaram os transportes disponíveis para resgatar pessoas e bens
Igo Estrela/Metrópoles
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Pessoas do mundo inteiro enviaram doações para as famílias afetadas pelas enchentes
Igo Estrela/Metrópoles
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O setor industrial do município de Esteio foi invadido pelas águas das enchentes
Gustavo Mansur/Palácio Piratini
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Trabalho de limpeza em Sinimbu, na região central do Rio Grande do Sul
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A chuva não deu trégua no estado durante um mês e, assim, voltava a alagar áreas que já estavam secas
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As vítimas se viram como podem: a pé, de barco ou até mesmo nadando na água
Igo Estrela/Metrópoles
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Animais domésticos precisaram ser resgatados; em meio ao desespero de seus tutores, muitos pets foram abandonados
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Quase 10 mil animais são resgatados durante enchentes; voluntários se articulam para providenciar abrigos e cuidados
Igo Estrela/Metrópoles
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Pessoas no viaduto que virou ponto de apoio para as embarcações utilizadas nos resgates
Mateus Bonomi/Anadolu via Getty Images
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Policiais faziam a ronda com jet ski nas áreas inundadas para evitar roubos em Porto Alegre
Carlos Macedo/picture alliance via Getty Images
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O Sistema de Proteção Contra Cheias de Porto Alegre não foi suficiente para reter a água

As bombas e as comportas já haviam falhado anteriormente. No ciclone do ano passado, por exemplo, os portões precisaram ser fechados com uma retroescavadeira, e o trilho foi soldado na hora da enchente. O serviço foi realizado manualmente, segundo o Dmae, porque ladrões roubaram os motores e outros itens da estrutura.

Rodrigo H. Castilhos/Prefeitura de Porto Alegre
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A Usina do Gasômetro vista do Guaíba

Alarmada com a situação precária do Sistema de Proteção Contra Cheias, a área técnica do Dmae elaborou um relatório, no ano passado, apontando todos os pontos que precisavam de manutenção. Segundo documento divulgado pelo deputado estadual Matheus Gomes (PSol-RS), os engenheiros alertaram, após uma sequência de chuvas em novembro de 2023 que elevaram o nível do Guaíba a mais de 3,4 metros, sobre a necessidade urgente de reparos em quatro casas de bombas (13, 17, 18 e 20).

Mateus Bonomi/Anadolu via Getty Images
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A Arena do Grêmio também foi atingida pela inundação e ficou interditada

O documento de mais de 100 páginas indica que o processo de solicitação de reparos estava em tramitação desde 2018. “Os engenheiros fizeram o seu papel, mas quem autoriza as ações negligenciou. Prova disso é que, em 23 de abril de 2024, ainda não havia sequer um cronograma para fazer os reparos”, afirmou Gomes nas redes sociais.

Sistema contra inundações POA

  • Bomba
  • Bomba com falha
  • Comporta
  • Comporta com falha
  • Muro da Mauá
  • Diques

Além dos problemas estruturais no sistema de proteção, a urbanização descontrolada, sem considerar impactos ambientais e características naturais do terreno, agrava ainda mais a situação. Muitas áreas afetadas são notoriamente vulneráveis às cheias.

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Especialistas consideram que a resposta das autoridades à enchente foi inadequada e descoordenada, o que reflete uma ausência de planejamento e preparação. “Muitos gestores utilizam o discurso de mudanças climáticas para se eximir da culpa pelos desastres. Não podemos culpar somente a natureza. Para acabar com as inundações urbanas, é necessário mais investimento público em infraestrutura, prevenção e ações de resposta”, avalia Saulo Vital, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Jefferson Bernardes/Getty Images
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Técnicos não acreditavam que o muro construído décadas atrás seria suficiente para proteger a cidade de uma enchente atual. Segundo cálculos recentes, dependendo da quantidade de chuva, a água poderia passar por cima do dique e inundar a cidade. O muro, então, dificultaria o escoamento da água de volta para o lago. Por isso, especialistas indicavam que o sistema de proteção deveria ser derrubado. Alguns políticos manifestaram-se contra essa medida, porque, sem a proteção, reformas na região ribeirinha deveriam ser feitas com mais frequência.

Igo Estrela/Metrópoles
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Estradas de todo o estado foram destruídas, deixando municípios praticamente ilhados

Mainardi, porém, questiona se os custos eventuais de manutenção na área ao redor do lago não seriam menores do que o montante necessário para reconstruir Canoas. “Isso é um dos motivos que nos faz pensar: será que vale realmente a gente tomar essa medida estrutural, ao construir um dique, sendo que um dia ele pode ser superado e causar um dano enorme?”, pondera.

Leonardo Laipelt/Planet Labs

Antes
Depois
Antes
Depois

Antes e depois do bairro Mathias Velho, em Canoas; a primeira imagem foi registrada em 20 de abril e a segunda, em 6 de maio

Juliana e milhares de gaúchos buscam, agora, recomeçar e encontrar um novo lar. “Tudo o que consegui salvar, cabe em dois sacos de lixo”, conta com tristeza. Apesar disso, a empresária autônoma afirma que a vida em Porto Alegre será difícil, mas desistir não é uma opção.

Antonio Valiente/Picture Alliance via Getty Images
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“Sei que a economia do Rio Grande do Sul, em geral, vai ficar muito difícil, mas a gente gosta daqui. Gostaria muito de ficar na capital. A gente não pode desistir. Agora, é enxugar as lágrimas, arregaçar as mangas e seguir.”


Gustavo Mansur/Palácio Piratini

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