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Bauhaus 100 anos: uma viagem pela escola de arquitetura alemã

Em 2019, Alemanha contará com uma série de festivais e exposições como parte das celebrações

atualizado 26/06/2019 17:07

Há 99 anos, em Weimar, na Alemanha, abriam-se as portas de uma das escolas de design e arquitetura mais importantes da história. A Bauhaus, em seus curtos 14 anos de existência, mudou paradigmas e espalhou seus ideais modernistas de funcionalidade e beleza descomplicada por todo o mundo. Influência que reverbera até hoje.

Em 2019, a Alemanha se organiza para comemorar os 100 anos da escola. O país europeu contará com uma série de festivais, exposições e até a inauguração de um novo museu como parte das celebrações. As três principais cidades da Bauhaus – Weimar, Dessau e Berlim – concentrarão a maior parte das festividades, porém o centenário é uma boa oportunidade de se conhecer as construções da nação germânica tombadas como patrimônio da humanidade pela Unesco.

Criada por Walter Gropius em abril de 1919, a Bauhaus propunha uma postura iconoclasta disposta a subverter os preceitos dos movimentos artísticos mais influentes do pós-guerra. Arrasada pelas sangrentas batalhas que deixaram 10 milhões de soldados mortos, a Europa vivia um período de escassez e austeridade – um contraste gritante com a art déco, estilo cheio de ornamentos excessivos, em alta na época. Os enfeites eram considerados um desperdício pela nova escola, defensora da economia de meios e materiais.

“Queria-se que o design fosse mais acessível à população: era uma estética ligada à funcionalidade, mas a estrutura também deveria ser bela. Muitas vezes, o ornamento mascara defeitos de projeto e composição”, explica a arquiteta e professora Carolina Borges, da Universidade Católica de Brasília (UCB). Entre os produtos, o objetivo era elevar o trivial (chaleiras, cinzeiros, luminárias) ao nível de arte, trazendo beleza ao dia a dia. Um ponto importante: os projetos deviam ser sempre reproduzíveis.

As mudanças também ocorreram no nível pedagógico. A Bauhaus oferecia uma estrutura de ensino diferente de qualquer escola de arte, design e arquitetura no mundo. O estudante precisava passar por um curso preparatório inicial, não importando qual fosse a especialidade escolhida.

Nessa espécie de batismo, o aluno aprendia sobre proporção, escala, ritmo, luz, sombra e cor, além de experimentar diversos materiais e instrumentos. A metodologia pretendia, segundo Gropius explica no livro Bauhaus: Novarquitetura, “desdobrar e amadurecer a inteligência, o sentimento e a fantasia, desenvolver o ‘homem inteiro’, que, a partir de seu centro biológico, pudesse encarar todas as coisas da vida com segurança instintiva e estar à altura do ímpeto e do caos da nossa ‘Era Técnica’”.

Depois dos primeiros seis meses, o aprendiz seguia para uma oficina de sua própria escolha. Lá, absorvia o conhecimento de profissionais de artesanato e design ao mesmo tempo, sempre em busca de um olhar fantasioso e solucionador de problemas. Os objetos feitos nessa etapa deviam ser factíveis em escala industrial, seguindo o princípio Bauhaus de levar arte a todas as pessoas.

“Oponho-me à ideia errônea de que a capacidade artística dos estudantes possa, de algum modo, sofrer se lhes aguçarmos o senso de economia, tempo, dinheiro e gasto de materiais”, escreve Gropius.

Depois de três anos na escola, o estudante prestava um exame perante os mestres da Bauhaus para conseguir seu diploma. Concluída essa etapa, a próxima fase consistia em aprender sobre construção: os alunos deviam fazer estágios em canteiros de obras, conhecer novos materiais, fazer cursos de desenho técnico e engenharia. Ao fim, alcançavam o título de mestre da Bauhaus.

“O fim último de toda a atividade plástica é a construção. Adorná-la era, outrora, a tarefa mais nobre das artes plásticas, componentes inseparáveis da magna arquitetura. Hoje, elas se encontram numa situação de autossuficiência singular, da qual só se libertarão através da consciente atuação conjunta e coordenada de todos os profissionais. Arquitetos, pintores e escultores devem novamente chegar a conhecer e compreender a estrutura multiforme da construção em seu todo e em suas partes; só então suas obras estarão outra vez plenas do espírito arquitetônico que se perdeu na arte de salão.

As antigas escolas de arte foram incapazes de criar essa unidade, e como poderiam, visto ser a arte coisa que não se ensina? Elas devem voltar a ser oficinas. Esse mundo de desenhistas e artistas deve, por fim, tornar a orientar-se para a construção. Quando o jovem que sente amor pela atividade plástica começar como antigamente, pela aprendizagem de um ofício, o ‘artista’ improdutivo não ficará condenado futuramente ao incompleto exercício da arte, uma vez que sua habilidade fica conservada para a atividade artesanal, onde pode prestar excelentes serviços.

Arquitetos, escultores, pintores, todos devemos retornar ao artesanato, pois não existe ‘arte por profissão’. Não há nenhuma diferença essencial entre artista e artesão, o artista é uma elevação do artesão, a graça divina, em raros momentos de luz que estão além de sua vontade, faz florescer inconscientemente obras de arte, entretanto, a base do ‘saber fazer’ é indispensável para todo artista. Aí se encontra a fonte de criação artística.

Formemos, portanto, uma nova corporação de artesãos, sem a arrogância exclusivista que criava um muro de orgulho entre artesãos e artistas. Desejemos, inventemos, criemos juntos a nova construção do futuro, que enfeixará tudo numa única forma: arquitetura, escultura e pintura que, feita por milhões de mãos de artesãos, se alçará um dia aos céus, como símbolo cristalino de uma nova fé vindoura.”

Walter Gropius
Weimar, abril de 1919


Em 1925, por causa de diferenças políticas com o governo de Weimar, a escola se mudou para Dessau, onde viveu seu auge. A Bauhaus passou a ser perseguida pelos nazistas sete anos depois, acusada de espalhar ideais esquerdistas. Para fugir, o então diretor, Mies van der Rohe, a instalou em Berlim. A experiência durou cerca de um ano. O regime nazista fechou de vez as portas da Bauhaus, em 1933, forçando muitos professores e alunos a fugir da Alemanha.

Essa diáspora artística fez o movimento ganhar o planeta. Hoje, há exemplos de construções no estilo Bauhaus espalhadas pelo mundo inteiro, e o método de ensino desenvolvido pelos mestres da escola tornou-se famoso – apesar de nunca ter sido fielmente reproduzido.

“Durante os poucos anos de sua existência, a Bauhaus abraçou toda a gama de artes visuais: arquitetura, planejamento, pintura, escultura, design industrial e trabalho de palco. O objetivo era encontrar uma inédita e poderosa correlação de trabalho entre todos os processos de criação artística para culminar, finalmente, em um novo equilíbrio cultural de nosso ambiente visual. […] Uma das máximas fundamentais da escola pregava a exigência de que a abordagem do professor nunca fosse imposta ao aluno; ao contrário, qualquer tentativa de imitação por parte do estudante seria reprimida impiedosamente. A estimulação recebida do mestre servia apenas como uma ajuda na busca de seus próprios rolamentos”, escreve Walter Gropius, na introdução do livro The Theater of the Bauhaus, de 1924.

Frederico Flósculo, professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), explica que a Bauhaus foi a primeira escola de arquitetura realmente moderna de toda a história, pois incorporou radicalmente as premissas da tecnologia de uma indústria (ainda na etapa mecânica) e promoveu uma impressionante associação entre todas as artes.

“Eles ensinavam a construir, mas também a dançar, costurar, pintar, soldar, esculpir. Todas as artes eram questionadas com relação ao novo século industrial que começava. Desenvolveram um modelo de ensino altamente experimental, voltado ao uso humanista das tecnologias. Inspirador”, enfatiza.

Para Flósculo, basicamente todas as escolas de arquitetura do mundo tentaram imitar o currículo da Bauhaus, inclusive a Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro (sob a tutela de um jovem Lucio Costa) e a própria UnB – projeto abortado pelo golpe militar de 1964. “Mas a intervenção do Exército e uma série de acontecimentos nos anos 1970 e 1980 contribuíram para o desmantelamento da universidade, e esse modelo se perdeu completamente”, lamenta.

(Se você estiver no celular, dê um zoom para ler os detalhes na imagem abaixo)

Por toda a Alemanha, berço da emblemática escola, há construções erguidas durante a época de atuação da Bauhaus e outros edifícios inspirados nos preceitos trazidos pelo movimento. As três cidades que abrigaram a instituição – Weimar, Dessau e Berlim – têm o acervo arquitetônico mais relevante para quem pretende conhecer in loco a história da Bauhaus. De carro, é possível fazer a viagem e passar pelos locais em cerca de três horas.

A cidade, tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade, tem cerca de 65 mil habitantes e abrigou nomes como os poetas Goethe e Schiller. Além disso, serviu de palco para a proclamação da República de Weimar (ao final da Primeira Guerra, a Alemanha deixou de ser império, com a abdicação do kaiser Guilherme II) e, claro, destaca-se também por ter acolhido a primeira fase da escola Bauhaus.

Weimar teve papel importante como centro cultural em dois períodos muito distintos da história alemã: no final do século 18, com os romancistas clássicos, e no começo do século 20, com a implementação da Bauhaus. Na cidade, o turista pode conhecer um pouco dos dois mundos e ir da Biblioteca Herzogin Anna Amalia ao Museu Bauhaus, que conta com cerca de 300 objetos expostos.

Outros pontos turísticos essenciais para quem deseja conhecer os primórdios do movimento artístico são o prédio da Universidade Bauhaus – renomeada em 1996 e reaberta após várias reformulações –, as casas Haus Am Horn, Haus Hohe Pappeln (ambas individualmente tombadas pela Unesco) e a Haus Neufert.

Ao fechar as portas em Weimar, a Bauhaus seguiu rumo à industrial Dessau. Em 1925, a pequena cidade viveu seu apogeu: vários artistas e professores famosos se mudaram para dar aulas na recém-chegada escola. Durante a Segunda Guerra, a localidade foi quase toda destruída por ataques aéreos. As construções ganharam restaurações nos anos seguintes.

As casas criadas por Gropius para abrigar os professores são um ponto turístico importante da cidade, além do clássico prédio Bauhaus – onde, atualmente, funciona um museu com 26 mil peças no acervo. A Fundação Bauhaus Dessau recebe artistas internacionais em intercâmbios culturais e de trabalho na casa de Oskar Schlemmer, um dos pintores mais importantes do movimento. As residências de Gropius e Moholy-Nagy, destruídas durante a guerra, foram reconstruídas em 2014.

Outra experiência interessante é se hospedar no Prellerhaus, o prédio que abrigava os dormitórios dos alunos (apenas um quarto é mobiliado com objetos originais da época).

A cidade conta ainda com diversos edifícios idealizados pelos professores da Bauhaus. Além das casas dos professores, Walter Gropius é responsável pelo interessante Dassau-Törten Housing Estate (uma experiência de 314 casas populares) e pelo prédio Konsum. Há também construções feitas por Hannes Meyer, Carl Fieger, Friedrich Karl Engemann e Mies van der Rohe.

A capital alemã respira arquitetura e, entre as principais edificações, há algumas inspiradas pela Bauhaus. Apesar de a escola ter se instalado em Berlim por pouco tempo – antes do fechamento definitivo –, a cidade continua sendo um marco importante do movimento. O museu mais importante da Bauhaus, que abriga a maior coleção do mundo ligada a ela e conta com alguns objetos originais da época, encontra-se em Berlim – mas está fechado. O Bauhaus-Archiv deve receber, em 2021, um adendo à sua estrutura como parte das comemorações do centenário.

Pela cidade é fácil encontrar outros exemplos da arquitetura Bauhaus e modernista: em Kantstraße, o edifício Garagenpalast; a Haus Lemke, última casa projetada por Mies van der Rohe antes de se mudar para os Estados Unidos; e os assentamentos Siemensstadt e Hufeisensiedlung, criados por vários arquitetos para abrigar a crescente população de Berlim.

(Passe o mouse ou o dedo em cima das cidades)

“Brasília é neta da Bauhaus”, atesta o professor Flósculo. O próprio modelo de urbanismo idealizado por Lucio Costa é, em grande parte, inspirado pela escola. O movimento alemão pregava algo parecido com as quadras residenciais da capital brasileira, espaços de mais ou menos 1 quilômetro que oferecessem local de trabalho, recreação e residência, além de comércio (até as unidades de vizinhança são citadas por Gropius em Bauhaus: Novarquitetura).

“Brasília é a cidade dos pré-fabricados, das construções altamente racionalizadas, do compasso e da régua, da geometria. É patrimônio da humanidade porque, na época, conseguiu sintetizar o que havia de melhor no planeta em termos de tecnologia e arte”, explica o professor.

E, apesar de não ser um fã declarado da Bauhaus, muitas das construções de Oscar Niemeyer são inspiradas nos preceitos da escola alemã. Os prédios idênticos da Esplanada dos Ministérios, com suas janelas em fita, ângulos simples e sem ornamentos, são um exemplo clássico da arquitetura reprodutível pregada pelo movimento. Os edifícios residenciais também – tanto que é fácil encontrar edificações semelhantes reproduzidas em diferentes quadras da cidade.

6 imagens
Fachadas cheias de janelas em fita
Geometrização das formas, principalmente os retângulos
Paredes lisas e brancas para realçar a estrutura
Prédios simples em ornamentos, limpeza nos traços
Prédios todos iguais, a chamada arquitetura reprodutível
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Teto reto e proporções claras

Giovanna Bembom/Metrópoles
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Fachadas cheias de janelas em fita

Giovanna Bembom/Metrópoles
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Geometrização das formas, principalmente os retângulos

Giovanna Bembom/Metrópoles
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Paredes lisas e brancas para realçar a estrutura

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Prédios simples em ornamentos, limpeza nos traços

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Prédios todos iguais, a chamada arquitetura reprodutível

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Desde 2003, a chamada Cidade Branca de Tel Aviv, em Israel, é tombada pela Unesco como patrimônio mundial da humanidade. A região tem o maior conjunto de edifícios que seguem o estilo Bauhaus – são mais de 4 mil construções, das quais 1,5 mil com proteção pelo tombamento. Durante o regime nazista, muitos arquitetos judeus deixaram a Alemanha e se instalaram na cidade. Dentro da bagagem, levaram as características principais da escola.

As edificações arejadas, sem ornamentos, erguidas sobre pilotis e, muitas vezes, brancas, funcionaram muito bem no clima mediterrâneo da cidade israelense. Tentando se adaptar ao calor, foi criada uma espécie de Bauhaus de Tel Aviv: os telhados se tornaram terraços coletivos e alguns imigrantes conseguiram trazer azulejos para enfeitar suas novas residências. Os conjuntos de prédios também oferecem uma variedade de serviços aos moradores (assim como Brasília e as comerciais entre superquadras).

Apesar de fazerem parte do tombamento da Unesco, os prédios Bauhaus de Tel Aviv sofrem com a falta de manutenção e o descaso em relação à preservação do conjunto arquitetônico. Para reverter a degradação, em 2015, o governo alemão decidiu fazer uma doação de 2,8 milhões de euros com intuito de cuidar da região.

Divulgação

 

Dois dos principais nomes da Bauhaus na Alemanha acabaram se instalando em Chicago ao fugir do nazismo. Mies van der Rohe se mudou para lá no final dos anos 1930 e assumiu a diretoria da escola de arquitetura do Instituto de Tecnologia de Illinois (ITT). Nesse período, desenhou o campus do ITT e alguns dos prédios mais icônicos da cidade, como o Chicago Federal Plaza, a Casa Farnsworth e os edifícios de apartamentos Promontory, Lake Shore e Esplanade.

Indicado por Walter Gropius, László Moholy-Nagy chegou a Chicago em 1937 para chefiar uma nova escola de design e arquitetura idealizada pela Associação de Artes e Indústrias da cidade. O colégio foi chamado de Nova Bauhaus e pretendia reviver a mítica escola alemã com um toque de modernidade. No ano seguinte, o empreendimento mudou de nome e funciona até hoje como o Institute of Design do ITT.

Divulgação

“A Bauhaus foi expulsa pelos nazistas, que conquistaram suas vitórias eleitorais com sua oposição. Ela era, para eles, um expoente da ‘arte degenerada’, a ‘chocadeira do bolchevismo cultural’. Entrementes, transcorreu um meio século, e a arte, condenada naquela época, comprovou uma força assimilatória tão forte como a tiveram outrora os estilos históricos. Ela conquistou o mundo, e mesmo ditaduras orientais não conseguiram escapar por muito tempo à sua influência. A humanidade cresceu no modernismo. Hoje, não se compreende como se podia ver uma demonstração política revolucionária nesta objetividade”, escreve o historiador de arte alemão Ludwig Grote no livro Bauhaus, Obra Condensada do Catálogo Publicado na Exposição 50 Jahre Bauhaus (1968).

Tão limitada foi também sua existência, hoje ela vale como acontecimento singular, épico, histórico-cultural, envolvido por uma aura lendária

Ludwig Grote

A professora Carolina Borges conta que a arquitetura feita atualmente tende ao minimalismo, sem muitos ornamentos no sentido de elemento decorativo. “Daqui a 300 anos, vamos precisar dar um nome para este movimento que vivemos, no qual tudo se torna referência”, propõe.

Para Flósculo, a Bauhaus é sempre relevante. “Essa união entre tecnologia e arte é uma temática que vai ser trabalhada durante séculos. Vivemos uma espécie de Idade Média da arquitetura, mas o ideal da Bauhaus continua vivo e acredito que, cedo ou tarde, teremos um novo impulso de beleza e inspiração”.

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