metropoles.com

Que tal um terceiro filho?

Quando nasce um bebê, a gente se rompe e precisa renascer, em um processo mais demorado que os meses de licença-maternidade

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Istock
Three children in car safety seat
1 de 1 Three children in car safety seat - Foto: Istock

Não faz muito tempo, uma amiga recém-mãe me ligou para saber qual destino dar para as roupas de grávida que eu emprestara. Enquanto ela falava sobre as possibilidades – distribuir entre outras gestantes ou guardar consigo até que nos encontrássemos –, eu fiquei pensando sobre o significado daquilo em mim. Desfazer-me de calças e shorts com o cós elástico representava, lá no fundinho, assumir: não terei mais filhos.

A mesma sensação surgiu recentemente, em meio à tradicional organização dos armários no fim do ano. Chupetas, conchas e sutiãs de amamentação foram achados nas gavetas, e eu fiquei num misto de alívio, por não mais precisar desses recursos, e nostalgia. É isso mesmo? Acabaram os nenéns?

Depois de dois, em escadinha, parece não apenas óbvio, mas também sensato. Na sociedade em que a família ideal é a da propaganda de margarina, ter duas crianças já está de bom tamanho. Você não é a mãe do filho único, a egoísta que “vai deixar o pobre coitado crescer sozinho e mimado”, tampouco a “doida desvairada” que vai partir para o terceiro, quarto, com as mensalidades escolares pela hora da morte.

Confesso, porém, que já houve momentos de dúvida. Há alguns meses, Miguel estava encasquetado com a ideia de ter uma irmã. Volta e meia, fazia o pedido com a vozinha arrastada, e a menina já tinha até nome: Clara. Lá pelas tantas, eu lhe disse: “Tudo bem. Mas você sabe que, se a mamãe engravidar de novo, pode vir outro menino, né? Que nem o Solano”. Ele fez uma careta e desistiu da ideia. Ufa!

Por causa dessas mesmas questões, minha mãe conta ter sofrido muito depois do segundo parto. Ficou triste e chorosa, pois sabia ser minha irmã o último bebê. Comigo foi justamente o contrário. Se, com Miguel, eu me senti meio deprimida devido a todas as mudanças, com Solano me sentia forte, potente, uma supermulher – mesmo dormindo pouquíssimas horas por noite. Será que isso significa uma terceira criança no futuro?

A Carol de hoje tem certeza que não. Sinto saudade dos meus meninos pequenos, é claro, mas tenho achado tão mais legal a fase de agora, quando podemos conversar sobre o mundo, estabelecer combinados. Bebê é uma delícia, mais ainda quando a gente pode beijar, abraçar, devolver para a mãe e ter uma noite inteira de sono.

Mas, mais do que o cansaço físico, o que pega mesmo é a doação emocional. Quando nasce um bebê, a gente se rompe, quebra em pedaços e precisa renascer, em um processo muito mais demorado do que os meses de licença-maternidade.

Eu vou querer passar por toda essa bagunça de novo, logo agora, quando estou em um trabalho legal, animada para fazer um mestrado?

Não, obrigada.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?