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Qual a idade ideal para as crianças começarem a usar tecnologia?

Sociedade de Pediatria divulgou recomendações para a exposição a telas digitais, mas seguir à risca nem sempre é possível

atualizado

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Giovana Bembom
Carolina Vicentin e Miguel
1 de 1 Carolina Vicentin e Miguel - Foto: Giovana Bembom

“Mãe, eu queio o auPad, puquê ele tá lá em cima, e agoua ele tá com tapaía. Eu queio o auPad lá no meu quarto”, me diz Miguel, usando fortes recursos argumentativos, do alto de seus quase 3 anos. Eu me remexo na cadeira, digo que agora não é hora – acabamos de acordar! – e me pergunto de onde vem tamanha fixação.

A resposta está na minha mão esquerda, em uma telinha brilhante, por onde deslizo as pontas dos dedos. Meu filho aprendeu comigo e com o pai dele que a tecnologia é maravilhosa, afinal, só uma coisa realmente incrível para nos manter tanto tempo ligados, com os olhos brilhando.

Não importa que eu esteja ali para responder e-mails ou mandar mensagens de trabalho. Aos olhos de Miguel, e, provavelmente, de Solano já também, nossos computadores, tablets e celulares são mágicos (e não são?). Como eu poderia querer que eles não acabassem encantados assim como nós, os adultos?

Mais que mágicos, esses aparelhinhos são também uma mão na roda. São a solução mais fácil para quando precisamos escrever um relatório urgente, fazer uma ligação, colocar o mais novo para dormir sem ter que lidar com choro, reclamações e outras “artes”. Conheço gente que só consegue buscar e levar o filho na escola ou fazer uma refeição com a ajuda de um smartphone.

Limites
Esta semana, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou uma cartilha com recomendações para a exposição de crianças e adolescentes à tecnologia. Segundo a entidade, os pais devem “desencorajar, evitar e até proibir a exposição passiva em frente às telas digitais (…) para crianças com menos de 2 anos”. De 2 a 5 anos, a orientação é limitar o uso a uma hora por dia.

A SBP ressalta como a tecnologia tem modificado hábitos desde a infância, causando “prejuízos e danos à saúde” – prejuízos que podem ir desde a dificuldade de socialização e de aprendizado até problemas mentais graves.

Preciso admitir que, aqui em casa, frequentemente passamos do limite recomendado pela SBP. Não tanto com celular ou tablet, mas sim com a televisão e essa maravilha do mundo moderno que é a Netflix. Escolhemos desenhos adequados para crianças, não tem propaganda e eu quase que não me sinto culpada por deixar Miguel, às vezes horas, ligado.

Quase. Porque percebo que o excesso de TV – ou de celular ou de tablet – o deixa ansioso e com muita energia acumulada. Quando conseguimos sair, brincar bastante tempo na rua, correr, ele dorme melhor e mais rápido. Mais que isso: percebo como ele fica feliz em passar aquele tempo comigo, brincando de qualquer coisa. É o ideal, nem sempre é possível, mas vale o esforço. E é tão, tão gratificante!

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