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Por que as crianças se comportam “pior” na frente dos pais?

Especialistas afirmam que o comportamento está relacionado ao instinto de sobrevivência

atualizado

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garotinho dando ataque
1 de 1 garotinho dando ataque - Foto: iStock

Proibida. Maravilhosa. Deusa. Podia ser uma cantada, mas é como a família me chama ao observar a reação dos meus filhos ao me ver. Não é exagero: quando chegam perto da mamãe, eles se grudam, querem colo, empurram um ao outro, choram. “Ih, olha a manha! Eles estavam ótimos até você aparecer!”.

Me sinto mal, meio culpada por chegar, literalmente, causando. Lembro da minha mãe se queixando mais ou menos da mesma coisa. “Vocês não gostam de mim, só pode!”, ela dizia, quando eu e minha irmã nos engalfinhávamos, justamente na hora em que ela colocava os pés em casa.

Afinal, por que as crianças ficam “malcriadas” na frente dos pais?

Especialistas afirmam que o comportamento diferenciado não tem nada a ver com birra ou manha. É, na verdade, uma reação biológica, relacionada ao instinto de sobrevivência. “Quando a criança está em um ambiente mais ‘inóspito’, inconscientemente, sente que sua vida está em ‘risco’ e tende a se comportar de forma mais contida”, explica a pediatra Fabiana Araújo Mendes.

“Mas, ao chegar perto da mãe, ela extravasa. Pode colocar para fora a raiva e as frustrações acumuladas ao longo do dia”, acrescenta a especialista, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Fabiana diz que é justamente sobre as mães que o fenômeno tem mais força. Isso porque, até os dois anos, o menino ou a menina enxerga na figura materna (ou na do cuidador mais próximo) um porto seguro.

Dá para respirar aliviada com isso – ufa, não estou criando monstros mimados –, Fabiana lembra que essa posição também exige uma grande responsabilidade. “Os pais são os receptáculos dos sentimentos dos filhos. Precisam ter em mente que cabe a eles a tarefa de orientar para que as crianças tenham uma infância e uma vida adulta saudável”, diz.

A melhor forma de fazer isso, afirma a pediatra, é acolhendo a frustração. Ao perceber a “manha”, a recomendação é se abaixar, olhar nos olhos da criança e procurar entender o que lhe causou tristeza. Isso pode ser feito por meio de brincadeiras, criando situações que reproduzam o dia a dia. “Se não for possível identificar o problema, o colo – e uma dose extra de paciência – são sempre bem-vindos”, acrescenta Fabiana. Outra dica preciosa é mudar o foco da atenção.

E como lidar com as “acusações” de que estamos alimentando a birra?

Além da cara de alface e da resposta atravessada, é possível incorporar o papel “didático”. “A primeira coisa que os pais devem fazer é ter conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e estarem convencidos de qual a melhor forma de agir”, recomenda a pediatra. Depois disso, é só esclarecer quem está dando opinião sobre o comportamento da criança.

A especialista ressalta que o apoio, o amor e a paciência são essenciais para a formação de um ser humano resiliente. “Educar é respirar fundo e repetir as coisas inúmeras vezes”, diz. O retorno, ela garante, compensa. “Um adulto resiliente se dá bem em qualquer aspecto da vida, profissional, amoroso, familiar”, lembra.

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