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Por que crianças estão sempre doentes?

Entrevistamos um pediatra para entender como funciona o sistema imunológico dos pequenos

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Fotografia colorida de criança doente
1 de 1 Fotografia colorida de criança doente - Foto: iStock

Conjuntivite, diarreia, vômito, resfriado, tosse, febre, coriza, nariz entupido, ouvido inflamado, conjuntivite de novo, ouvido inflamado de novo; podia ser um resumo do plantão médico, mas é a minha vida familiar nos últimos seis meses. Não passa mais de três semanas sem que eu ligue desesperada para o pediatra, tentando um encaixe. Também já estou pensando em abrir uma farmácia, porque, olha, cada visita ao estabelecimento, é um rombo a mais na conta.

Por que raios esses meninos ficam tão doentes?
Porque é assim mesmo. “O desenvolvimento do sistema imunológico (que combate as doenças) é mais ou menos como o dos músculos e do esqueleto”, compara o pediatra Eduardo Alberto de Morais. “A criança não sai andando logo de cara; primeiro ela firma a cabeça, depois se senta, depois engatinha e, só então, dá os primeiros passos. Com o sistema imunológico também é assim. No começo, as defesas ocorrem de forma bem precária”, detalha ele, que é alergista e imunologista.

Eduardo explica que os bebês já nascem com algum tipo de proteção imunológica, herdada da mãe pela placenta. Esse sistema se fortalece durante os seis primeiros meses de vida, período no qual deve ocorrer o aleitamento materno exclusivo, segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde.

Com a introdução alimentar, o organismo do bebê começa a perceber que precisará “se virar sozinho” e inicia a longa batalha pelo seu fortalecimento. “É geralmente nessa fase que as crianças se tornam mais expostas às infecções, porque vão à creche, ao parquinho”, enumera o pediatra.

A Sociedade Brasileira de Imunologia considera comum a ocorrência de seis a oito infecções por ano em crianças pequenas. Essas doenças podem ser causadas por vírus ou bactérias, sendo os primeiros responsáveis por cerca de 80% dos casos. Por isso é tão comum ouvir que as crianças pegaram uma “virose” e que não há muito a ser feito, além de tratar os sintomas e torcer para que o quadro não dure muito tempo.

Cada doença tem, em média, um ciclo de sete a 10 dias. A situação pode ser mais grave porque em alguns meninos e meninas fica uma tosse ou uma coriza residual após o fim da crise. “Esses sintomas podem ser agravados também pelas alergias respiratórias, que são bastante frequentes em locais como Brasília”, lembra a pediatra Fabiana Araújo Mendes, da Sociedade Brasileira de Pediatria.

E tem hora para acabar?
Especialistas e pais de crianças mais velhas garantem que sim. “Por volta dos seis anos de idade, o sistema imunológico adquire maturidade”, diz Eduardo. Ainda assim, as famílias precisam ficar atentas a sinais que devem ser mais profundamente investigados.

Meninos e meninas que passaram por quadros graves (como uma meningite), que tiveram mais de oito infecções anuais (diagnosticadas por médico) ou que apresentem dificuldade para o ganho de peso, por exemplo, devem passar por uma avaliação mais criteriosa. “Os episódios podem ser sinal de alergia ou doença autoimune, portanto, merecem atenção”, recomenda Eduardo.

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