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Não, “mãe de pet” não é igual a mãe de gente

A polêmica tomou conta das redes sociais. É certo apropriar-se da palavra mãe nesse caso?

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Eu pensei muito, mas muito mesmo, se valia a pena escrever este texto. Debates que colocam mulheres em posições antagonistas nunca me parecem uma boa coisa, não se o clima for belicoso – caso do famigerado “mãe de pet”, que bombou nas redes sociais ao longo da última semana. Mas conversando com uma amiga – ela com um “filho” de quatro patas e defensora da apropriação da palavra mãe para essa relação – senti necessidade de falar sobre.

Pessoalmente, não me incomodo que mulheres se intitulem mães de seus bichinhos. O que me causa espanto é a comparação do trabalho e da responsabilidade envolvida na criação de um ser humano com a de um pet. Porque, gente, não tem nenhuma comparação.

Você pode amar muito o seu bichinho, muito mesmo. Amor é subjetivo e acho que não me cabe classificar o sentimento alheio. Você pode até achar que a vida do seu pet vale mais que a de um humano, ou de alguns humanos (até eu acho isso, em alguns casos). Você pode comemorar os aniversários dele, ficar preocupadíssima quando ele adoece ou resolve sumir.

Entretanto, não dá para comparar o exercício da maternidade de gente com a “maternidade” de um bichinho. Não tem nada mais assustador do que os primeiros dias do bebê, porque é quando a gente olha e se dá conta de que é para sempre. Que a gente não pode tirar férias, deixar para lá quando nos cansarmos.

“Ah, mas abandono animal também é crime.” Verdade. Mas se você, por qualquer motivo, não chegar em casa e seu pet ficar sem água e comida por uma noite, ele até vai ficar chateado, mas vai sobreviver.

 

Se você, eventualmente, tiver que deixá-lo com outra pessoa ou em outra casa (porque vai se mudar, porque não pode mais cuidar dele), não será vista como uma monstra. As mães, senhoras e senhores, não têm essa prerrogativa.

Um pet não vai te contrariar, questionar as suas decisões, se tornar um sujeito de direitos. Um pet não vai te surpreender com problemas novos e cada vez mais complexos – não dorme, não come, não mama, faz xixi na cama, não sabe matemática, não quer fazer faculdade, está desempregado.

Finalmente, um bichinho não carimba na sua testa o adesivo de mãe e todo o seu significado na nossa sociedade. Você, mãe de pet, não será julgada e condenada como uma mãe de gente. Se o seu cachorro sai derrubando tudo no supermercado, as pessoas podem até querer que você arque com o prejuízo, mas ninguém vai dizer “olha lá, mimado pela mãe esse cachorro”.

Se uma criança dá “birra” na fila do caixa, os olhares de reprovação para a mãe são instantâneos. Então, pessoal, sejam mães de quem quiserem, mas, por favor, respeitem as mães de gente.

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