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Na despedida desta coluna, uma reflexão sobre a finitude das coisas

Nesses três anos e meio, falei dos mais variados assuntos. Obrigada a quem leu e viveu um pouco disso tudo comigo

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1 de 1 eu-e-meninos - Foto: Foto: Arquivo pessoal

Se tem uma coisa que meus filhos me ensinaram foi a reconhecer a força implacável do tempo. Não que houvesse dúvida sobre a redução do colágeno, o surgimento de fios brancos, os muitos benefícios da maturidade. Nada disso. Ocorre que as crianças jogam na nossa cara o não domínio dos minutos, das horas, da vida, enfim.

Quando são pequeninos e acordam aos berros, sem se importar se é dia ou noite, roubam o nosso tempo, antes tão nosso, tão adulto. Depois, vão crescendo, nos devolvem o tempo em sorrisos, sílabas, primeiros passos. Perdem os dentes de leite e só pensamos: “Nossa, mas já?” Vão para a faculdade e concluímos: “Passou tão rápido!” (não aconteceu comigo ainda, mas tenho certeza que é assim).

Filhos nos mostram, por fim, que tudo acaba, inclusive a gente. Lidar com isso, porém, nem sempre é fácil – para nós e para eles, suponho.

Há uma semana, estive com a minha avó, que – vítima de um AVC isquêmico – passou a viver com minha mãe. Três gerações em uma casa, confidências, risadas, conflitos provavelmente insolúveis. Eu, a filha da filha, a olhar duas mulheres e suas sombras, principalmente aquela senhorinha que não mais vai voltar a ser o que era. E algum de nós volta?

Nada volta. Mudam as células, os sonhos, as prioridades. Crescem os meninos, nos desafiam, nos ultrapassam. Envelhecemos, como deve ser.

É sentindo a finitude das coisas que me despeço hoje desta coluna. Aqui, há pouco mais de três anos e meio, venho contando minhas histórias e as de outras pessoas, que tanto confiaram em mim. Falei do meu parto a jato, assim que este espaço surgiu, de maternidade e política, de como a minha família nasceu e como vem se transformando.

Falei de como ser mãe me fez uma mulher forte e de como essa mulher forte não é definida por sua identidade de mãe. Porque além de perecíveis, somos muitos em um.

Obrigada a quem leu e viveu um pouco disso tudo comigo. E vamos em frente, rumo às coisas novas que virão.

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