Mastite não é motivo para interromper amamentação
A doença é um dos obstáculos para as mães, mas especialista esclarece que esvaziamento da mama feito pelo bebê é essencial para o tratamento
atualizado
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Na semana passada, esta coluna trouxe a história da Aline, uma servidora pública que teve quatro mastites seguidas até que o problema se transformou em uma infecção generalizada grave, que quase tirou a vida dela.
O caso de Aline levou muitas mães a se alarmarem com a ocorrência da mastite, uma inflamação nas glândulas mamárias que acomete cerca de 10% das mulheres em algum momento da amamentação.
Embora a doença inspire cuidados, especialistas garantem que ela não é motivo para a interrupção do aleitamento materno, pelo contrário. “O esvaziamento frequente da mama é essencial para o sucesso do tratamento”, diz a mastologista Fernanda Barbosa, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Leia a entrevista com a especialista sobre o assunto:O que é a mastite?
A mastite puerperal, ou mastite da amamentação, é uma inflamação das glândulas mamárias relativamente frequente, podendo acometer até 10% das mulheres durante o período de amamentação.
Quais os principais sintomas? Quando a mulher deve procurar o pronto-socorro?
A mastite apresenta como principais sinais e sintomas o endurecimento da mama (leite empedrado), vermelhidão local, dor, cansaço, calafrios e febre, geralmente acima de 38ºC. Ao toque, a área acometida costuma estar endurecida, com aumento de temperatura e dolorosa. O diagnóstico é clínico. Se houver sinais de inflamação da mama, procure o mastologista ou o pediatra do seu filho para que o tratamento adequado possa ser iniciado precocemente.
Quando a doença costuma ser mais frequente?
Na maioria dos casos, a mastite ocorre nos três primeiros meses de aleitamento, mas também pode ocorrer em fases posteriores. O melhor modo de prevenir a doença é através da correta técnica de amamentação, com adequada pega do bebê, visando um eficaz esvaziamento do seio em cada mamada e evitando a ocorrência de lesões nos mamilos, que servem de porta de entrada para bactérias.
Uma boa orientação sobre amamentação durante o pré-natal e no pós-parto é o primeiro passo para o sucesso do aleitamento materno.
O surgimento da mastite está relacionado à baixa imunidade da mãe?
O principal fator de risco para a mastite é a estase láctea, ou seja, a permanência de leite represado em um dos ductos mamários por prolongado tempo. A estase do leite pode ocorrer por alguma obstrução de um dos ductos ou por um incompleto esvaziamento dos seios pelo bebê durante a amamentação.
Outro importante fator de risco são as fissuras no mamilo, que favorecem a invasão de bactérias da pele para dentro do tecido mamário. Se não tratada corretamente, a doença pode evoluir, com a formação de abscessos, tornando-se um quadro mais grave, com risco de sepse (infecção generalizada) e necessidade de internação hospitalar.
Como é o tratamento?
Em situações mais brandas, apenas o esvaziamento correto da mama pode ser suficiente para o controle da mastite. Porém, quando há febre alta, mal-estar ou prostração, o uso de antibióticos costuma ser necessário.
Se, após 48-72 horas de antibióticos não houver sinais de melhora, indica-se a realização de uma ultrassonografia da mama para descartar a presença de um abscesso. Após a resolução do quadro, é preciso rever as técnicas de aleitamento para minimizar as chances de um novo episódio de mastite.
Quando há recomendação para parar de amamentar?
Devido ao desconforto, à prostração e à dor, e também por acreditarem que o leite da mama inflamada está contaminado e fará mal ao bebê, muitas mulheres suspendem precocemente o aleitamento materno. Este procedimento está errado.
A suspensão do aleitamento favorece ainda mais o ingurgitamento da mama e a proliferação das bactérias.
O esvaziamento frequente da mama é essencial para o sucesso do tratamento. Dar de mamar durante a doença não só é permitido, como é plenamente indicado. Entretanto, casos mais graves, com presença de abscesso ou necessidade de internação hospitalar, devem ser avaliados individualmente, pelo médico.