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Educadoras apostam em revista digital para crianças

Cibele Carvalho e Livia Arnaut fundaram a publicação Manga de Vento em agosto, para meninos e meninas de 7 a 13 anos

atualizado

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Livia Arnaut
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1 de 1 356 - Foto: Livia Arnaut

“Mãe, o Bolsonaro é mau?”, Miguel me perguntou há algumas semanas, em meio a tanto #EleNão e #EleSim nas ruas. Minha vontade era sair dizendo exatamente o que penso sobre o agora presidente eleito, mas dar apenas uma opinião talvez não fosse suficiente para explicar a ele o que estava em jogo no processo eleitoral.

Como falar sobre essa e outras questões complexas com crianças?

Foi pensando nisso que as educadoras mineiras Cibele Carvalho e Livia Arnaut fundaram, em agosto, a revista digital Manga de Vento, para meninos e meninas de 7 a 13 anos. “Queríamos uma publicação para explicar às crianças assuntos que estão reverberando socialmente e que chegam a elas por meio da televisão, dos colegas da escola e das famílias”, conta a professora de filosofia Cibele.

Inverso Fotografia
Cibele e Livia

 

O planejamento para o projeto sair do papel levou quase um ano. As duas idealizadoras buscavam uma forma de garantir autonomia na produção de conteúdos. O objetivo também inspirou a escolha do nome da revista: manga de vento quer dizer biruta em português de Portugal e indica um objeto que “torna as direções visíveis, mas não aprisiona”, diz Cibele.

Depois de se decidirem pelo formato digital com edições quinzenais, as educadoras fizeram um levantamento sobre temas potenciais, com base em eventos previstos para o segundo semestre do ano. “Sabíamos que assuntos como eleições e a polarização entre esquerda e direita ganhariam espaço, mas outras questões acabaram sendo uma surpresa. O primeiro número, por exemplo, foi sobre fake news, e nós não tínhamos ideia de que se tornaria algo da ordem do dia”, comenta Livia, ilustradora e professora de artes.

Livia Arnaut

Revistas com foco no público infantojuvenil não são uma novidade, entretanto as opções existentes no mercado brasileiro estão focadas em conteúdos de ciência e história. “Não há uma preocupação com atualidades, com os assuntos que meninos e meninas acabam ouvindo sem um tratamento que considere as suas especificidades cognitivas”, comenta Cibele.

Ela explica que a decisão de investir em um produto com textos e ilustrações foi fundamentada. “Sabemos que no YouTube há um grande volume de informações, mas o texto de qualidade é um componente pedagógico muito forte e precisa ser trabalhado com as crianças”, argumenta. A edição atual da revista traz informações sobre o Sirius, o acelerador de partículas recentemente inaugurado em Campinas. Todo o material foi revisado por técnicos da área.

 

Livia Arnaut

O retorno tem sido positivo, contam as educadoras. “Embora nosso público-alvo sejam as crianças, muitos pais e professores têm elogiado o material, porque os instrumentaliza para conversas com seus filhos e alunos”, afirma Livia.

Para 2019, as educadoras pretendem ampliar a base de assinantes da revista (apenas alguns conteúdos estão liberados para não assinantes) e ganhar ritmo com as edições – mantendo a independência. “A Manga de Vento não tem publicidade e nunca terá. É um princípio nosso”, diz Cibele.

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