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E se deixássemos nossos filhos escolherem a qual gênero pertencem?

Mica, de 2 anos, é criado “sem gênero”. Ele vai escolher com o que se identifica quando crescer

atualizado

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Foto: Michele Pampanin
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1 de 1 mica - Foto: Foto: Michele Pampanin

“É menino ou menina?” é, provavelmente, a coisa que as mulheres mais ouvem quando estão grávidas. Desde antes de sair da barriga, há uma urgência em definir o que aquele bebê será na vida. Criamos expectativas ao redor disso.

Eu mesma, à espera do meu primeiro filho, queria logo descobrir o sexo para comprar roupinhas mais “adequadas”. Com o segundo, me vi esperançosa de ser uma menina, e lá fui eu atrás de um conjuntinho cor-de-rosa, cheio de bolinhas.

Mas será que dá para fazer diferente? Muitos casais optam por não saber o sexo do bebê antes do nascimento. A educadora Mariana Vieira Carvalho, 29 anos, e o psicólogo Raul Almeida Carvalho, 31 anos, foram além disso. Eles são pais de Mica, uma criança de 2 anos cujo sexo biológico permanece um mistério para amigos e familiares.

Não é que Mica não saiba o que tem entre as pernas, mas, como a grande maioria das crianças de 2 anos, ainda não se sentiu curiosa para perguntar: “ei, o que é isso?”. Mica também vive em um ambiente onde as coisas não são divididas entre “de menino” e “de menina”. Às vezes, usa bermuda e camiseta, às vezes, vestido com babados.

Mariana e Raul praticam o chamado gender neutral parenting, expressão em inglês para a criação dos filhos que busca fugir dos estereótipos de gênero. A proposta é deixar que a criança descubra por si mesma o gênero com o qual se identifica – que, por vezes, não é o mesmo do sexo biológico.

A primeira coisa foi pensar em um nome que fosse neutro. Também não revelamos o sexo para ninguém, para evitar que ganhássemos exclusivamente roupas de determinadas cores

Mariana

Além disso, Mariana e Raul fizeram um trabalho de adequação da linguagem. Em duas semanas de “treinamento”, diz a educadora, conseguiram omitir os artigos “o” e “a”. No lugar dos pronomes “ele” e “ela”, usam apenas “Mica” ou “criança”.

Mariana e Raul também não se identificam como mãe e pai, e sim como cuidadores. “Isso é para não reforçar os estereótipos associados a essas figuras. Como o do pai divertido que trabalha e o da mãe doce que cuida das crianças e do lar”, explica a educadora. Mica os chama de Maricota e Raul.

E será que a criança não fica confusa? “Eu acho essa ideia de confusão muito bizarra, justamente porque oferecemos as possibilidades para Mica, que pode ser o que quiser”, defende Mariana. “É claro que não vamos deixar nossa criança no escuro ou criar uma bolha. Assim que ela tiver entendimento, vamos explicar as coisas.”

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