Como lidar com crianças que batem e mordem?
O comportamento agressivo pode ser uma necessidade de chamar a atenção, explicam especialistas
atualizado
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Acontece na casa de todo mundo que tem uma criança na faixa dos 2 anos de idade: eles estão lá, fofos e graciosos, brincando (sozinhos ou com o irmão ou amiguinho) até algo sair diferente do esperado. Ou uma peça do brinquedo que não está à vista, ou uma disputa pelo carrinho mais legal, ou sabe-se-lá-qual-é-a-crise e pronto. O botão capiroto é acionado.
Aquele serzinho amado, que fala coisas doces e te abraça com mãozinhas cheias de ternura, é tomado pela raiva, pela rebeldia, se hay gobierno, soy contra, e começa a bater e ou morder qualquer um – até você.
Dois pensamentos ocorrem em sequência. Onde está meu filho fofo? O que estou fazendo de errado?
Esta coluna já falou sobre os “chiliques” típicos na faixa dos 2 anos – conhecidos como os terrible two –, porém, sempre que há agressividade envolvida, a preocupação é maior. Mas calma, amiga mãe, amigo pai. Você não está sozinho.
“Os tapas vêm de uma necessidade da criança de chamar a atenção. Se passa por alguma dificuldade, se se frustrou e não sabe como resolver isso, usa os tapas e as mordidas para colocar a raiva para fora”, explica a pediatra Fabiana Araújo, que mantém uma página no Facebook com informações e dicas sobre saúde e desenvolvimento infantil.Há, ainda, outro tipo de mordida comum nessa fase, diz Fabiana. “Às vezes, o gesto parte de um impulso no sentido de querer conhecer mais o outro. A criança pequena ainda está experimentando o mundo pela boca”, detalha a médica, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). É por isso que, com frequência, o alvo das mordidas são pessoas de quem ela gosta muito, como um amiguinho mais próximo ou mesmo o pai e a mãe.
E como lidar com esse tipo de situação? Como fazer a criança entender que as agressões são erradas? Como ser afetuoso e firme, sem ser permissivo?
Para Fabiana, o caminho é o diálogo contínuo. Explicar, quantas vezes forem necessárias, que tal comportamento não é aceito. “Sim, os pais terão de falar mil vezes que bater, morder, jogar coisas no chão e quebrar brinquedos não é legal”, afirma a especialista. Ela também recomenda às famílias e aos cuidadores auxiliarem na construção da empatia, explicando: se o menino ou menina bate no colega, o amiguinho vai se chatear e procurar outra criança para brincar.
Abaixo, seis dicas para lidar com os momentos de agressividade:
1. Acalme-se. Mesmo nos momentos em que os tapas e mordidas parecem um desafio à autoridade, respire fundo e lembre-se quem é o adulto da relação.
2. Nada de olho por olho. “Seu cérebro é maduro, o do seu filho ainda não. Se você grita ou bate, está igualmente agindo por impulso, reforçando o comportamento da criança”, diz Fabiana.
3. Use as brincadeiras. Ao sentar para interagir com a criança, traga situações em que um dos personagens bate ou morde os outros para ilustrar o problema desse tipo de comportamento.
4. Informe-se. Converse com o pediatra, outros pais, e busque conhecimento sobre desenvolvimento infantil. Isso ajuda a não nos sentirmos isolados e a pensar estratégias.
5. Atue preventivamente. Sempre que a criança está com muito sono ou muita fome, tende a ter ataques de raiva. Procure evitar tais situações seguindo uma rotina.
6. Faça a criança gastar energia. Correr, pular, brincar no parquinho, andar de bicicleta são atividades que ajudarão seu filho a liberar energia. Com ele mais calmo, os episódios de agressividade tendem a ocorrer com menos frequência.