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Como evitar queimaduras em crianças

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esse tipo de acidente representa a quarta principal causa de mortes de crianças no Brasil

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Young Girl Risking Accident With Pan In Kitchen
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Quando eu tinha 8 anos, sofri uma queimadura grave na perna esquerda. Morava no interior do Rio Grande do Sul, era inverno, e minha família usava uma enorme estufa a gás para aquecer a casa. O aparelho deixava o ar muito ressecado, de modo que era costume colocar uma leiteira com água em cima, para o vapor dali surgido amenizar a secura do ambiente.

Pensando hoje, aquilo era, obviamente, extremamente perigoso. Mas, na época, anos 1990, parecia razoável.

Aconteceu, porém, de um dia eu esbarrar na grade onde a leiteira ficava apoiada, e a água fervendo caiu na minha perna. Lembro de gritar, da cara de pavor da minha mãe e da gagueira dela ao telefone, pedindo ao meu pai que viesse correndo para casa.

Para minha sorte, em um ato instintivo, minha mãe arrancou a minha calça, a pele veio junto, e eu me livrei de um tormento ainda maior. Tive uma lesão de segundo grau (as queimaduras podem ser de primeiro, segundo e terceiro graus) – e lembro-me, até hoje, do sofrimento que era refazer o curativo todos os dias.

Penso que as pessoas não mais deixam leiteiras com água fervendo no meio da sala, mas, mesmo assim, as queimaduras envolvendo os pequenos ainda são muito frequentes. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esse tipo de acidente representa a quarta principal causa de mortes de crianças no Brasil.

Em meninos e meninas com menos de 6 anos, a maioria das queimaduras ocorre justamente por escaldadura, ou seja, pelo contato com líquidos quentes. “É comum, porque muitas mães cozinham com os filhos no colo ou rondando pela cozinha”, observa a pediatra Andréa Kasmim, membro da SBP. Dar mamadeira ou alimentos sem checar a temperatura da comida também são fatores de risco.

Outra situação perigosa ocorre quando a criança puxa a toalha da mesa e acaba se ferindo com chá, café ou feijão, por exemplo. “Em todos os casos, a primeira coisa a se fazer é resfriar o local com água corrente, em temperatura ambiente, ou com uma toalha molhada, e levar o acidentado para avaliação médica”, recomenda Andréa.

A pediatra destaca que o uso de qualquer tipo de solução caseira para amenizar o ardor não é indicado. “Pasta de dente, alho, molho de tomate, nada disso é eficaz – e ainda podem aumentar o risco de infecção”, alerta.


Ela lista algumas medidas que ajudam a evitar as queimaduras em casa:

»Não deixe as crianças sozinhas na cozinha e, preferencialmente, isole a área do acesso de meninos e meninas;

»Sempre deixe os cabos das panelas virados para a parte de trás do fogão. Dê preferência às bocas traseiras;

»Não forre a mesa com toalhas de pontas compridas, que possam ser puxadas;

»Teste a temperatura dos alimentos antes de oferecer aos pequenos;

»Procure conscientizá-los sobre os perigos das queimaduras, ensinando-lhes atitudes de prevenção.

“O mais importante é que os pais ou cuidadores fiquem próximos às crianças. Nesta época de férias escolares, elas ficam mais tempo em casa, curiosas, e o risco de acidentes aumenta”, reforça Andréa.

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