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Cartilha procura desmentir fake news sobre saúde infantil

Certas fontes podem ser repositórios de informações imprecisas e até perigosas, que podem colocar as crianças em risco

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Que atire a primeira pedra a mãe (pai também, embora certamente menos) que nunca recorreu ao Google, Facebook e WhatsApp – não necessariamente nessa ordem – para tirar alguma dúvida sobre a saúde dos filhos. O que fazer em caso de queda, como reagir diante de uma febre muito alta, quais sintomas são preocupantes… a lista de dúvidas é infinita, especialmente na primeira infância, quando os pequenos mudam muito e ainda não sabem verbalizar completamente seus incômodos.

O problema é que essas fontes, por vezes, se transformam em um repositório de notícias imprecisas e até perigosas, que podem colocar as crianças em risco. “A internet ocupou um espaço vazio, mas, infelizmente, o pediatra deixou de ser o protagonista na troca de informações”, diz o presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri.

Nesta semana, a SBP lançou uma cartilha para o combate às fake news sobre saúde de meninos e meninas. O material traz informações sobre vacinas, nutrição e rotina da criança de uma forma leve, simulando conversa em um grupo de WhatsApp – inclusive, com provocações por parte de membros supostamente bem informados.

 

“Eu tive sarampo quando mais novo e hoje estou aqui, superbem!”, conta um dos personagens, batizado de Palpitinho. “Percebemos a necessidade de adaptar a linguagem às necessidades dessa nova geração de mães e pais que se informa muito por esses canais”, comenta Kfouri. A cartilha faz parte da campanha Mais que um Palpite, vigente há dois anos em redes sociais.

É na parte de imunização que moram os principais riscos, avalia o pediatra. “É muito comum a disseminação da ideia de que vacinas fazem mal ou de que é melhor ficar doente para ficar imunizado”, diz. “Lamentavelmente, esse tipo de coisa acaba levando as famílias a recusarem a vacinação, deixando os filhos desprotegidos.”

 

Em março, o Brasil perdeu o selo de país livre do sarampo, concedido pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). Em um ano, foram mais de 10 mil casos da doença. O próprio Ministério da Saúde admitiu que o problema decorre de falha na cobertura vacinal.

Além das vacinas, outras questões polêmicas dizem respeito à alimentação e à rotina das crianças. “Existem muitos mitos, do tipo ‘ficar descalço dá gripe’, mas também crenças de que hábitos antigos, hoje já considerados prejudiciais, não façam mal, como é o caso do consumo de açúcar por menores de 2 anos”, ilustra o pediatra da SBP.

Kfouri acredita que a disseminação de informações corretas pela internet seja uma forma eficiente de enfrentar boatos. “Mas é muito importante que a família confie no pediatra, a principal fonte para o esclarecimento de dúvidas”, defende.

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